Um dos momentos da noite dos Globos de Ouro, da SIC, aconteceu quando Cátia Oliveira, que o mundo da música conhece como A Garota Não, subiu ao palco na pele de vencedora do troféu de Melhor Intérprete. Foi nesse momento que a cantora, de 39 anos, surpreendeu com um discurso poema da sua autoria.
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“Eu sou do 2 de Abril, que é um bairro lixado em Setúbal. Espera só um bocadinho até ao final”, começou por dizer, pedindo ao maestro que não a interrompesse até ao final do discurso. “Vivemos o tempo dos Budas, das flores de plástico e das cómodas douradas. E rimos muito alto, por cima da música alta das esplanadas. Vivemos o tempo da kombucha, do coaching, das soft skills e da gratidão. Saibamos agradecer aos bancos os juros que nos cobram na habitação”, realça.
“O mérito mede-se a partir dos dentes, das notas do colégio ou da demagogia?”
“Vivemos o tempo mais corrido de sempre. Das metas, dos objetivos, do ‘nem que me esfarrape’. Não há esforço que não valha a pena, seremos todos Luft, Tap. Vivemos tempo de maioria absoluta, de posso e mando, de meritocracia. O mérito mede-se a partir dos dentes, das notas do colégio ou da demagogia?”, continua. “Obrigada por esta oportunidade, um globo de ouro nas mãos de um ser tão falho. Há quem tenha muita sorte. A sorte, a mim, tem-me dado muito trabalho”, termina.
A Garota Não lançou primeiro álbum em 2019
Foi em 2019 que A Garota Não produziu e lançou o primeiro álbum, a que deu o nome Rua das Marimbas N.º7. Três anos depois editou 2 de abril, considerado álbum do ano de 2022 por diversos órgãos de comunicação social. Temas como Dilúvio, Que Mulher é Essa e Canção Sem Final são amplamente destacados pelos fãs. A artista destaca-se também por já ter escrito para Ana Bacalhau, Cristina Branco, Lura ou Sara Correia.
Texto: Bruno Seruca Fotos: DR e reprodução Instagram