Abusos sexuais e fim do casamento: Luísa Castel-Branco recorda lado íntimo em livro

Numa obra intimista, a apresentadora recua à infância para falar dos abusos sexuais de que foi vítima quando tinha sete e 11 anos. À TV 7 Dias fala do lado mais negro do seu passado.

04 Dez 2022 | 16:50
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Explosivo e cheio de surpresas”. É desta forma que Luísa Castel-Branco carateriza a sua mais recente obra, “O Amor é Uma Invenção dos Pobres”, a segunda de uma trilogia, onde a apresentadora desvenda um dos mais dolorosos segredos da sua vida. “Abordo as tentativas de abuso que me marcaram e o facto de eu não achar que aquilo alguma vez tivesse acontecido. Revivi isso tudo ao escrever este livro, assim como o fim do meu casamento. Foi uma jornada muito difícil. Mas, por outro lado fez-me fazer as pazes com o meu pai e com a minha mãe, e isso foi muito importante”, contou a autora, sublinhando o que a motivou a recordar os abusos sexuais de que foi vítima quando tinha apenas sete e 11 anos. “Se não o fizesse estava a mentir. Finalmente consegui escrever e esta é a minha verdade por mais que tente esconder, e, haverá muita gente da minha geração que tem este tipo de situações. Achei que devia escrever”.

Numa viagem ao mais íntimo do seu passado, Luísa Castel-Branco revela ainda que só partilhou este segredo com a sua família no dia em que lhes passou o manuscrito do livro para as mãos. “Dei à minha filha, em nome dos irmãos, porque falo deles, e de assuntos que lhes diziam respeito.

A minha filha [N.R.: Inês Castel-Branco] ligou-me e disse: está tudo bem. E a mãe escreve muito bem. Assunto terminado. O Francisco, [N.R.: Francisco Colaço, companheiro da comunicadora] com a sua caraterística habitual, ficou silencioso e foi muito meiguinho. Não houve necessidade de mais. Ao fim de 27 anos há coisas que não se precisam dizer, mas para mim foi aquele momento de sentimento de vergonha que me acompanha e sempre acompanhou, que acho que é o que sentem as crianças a quem isto acontece”.

Com este relato, Luísa Castel-Branco espera alcançar a paz interior que sempre desejou. “É preciso coragem para escrever aquilo, que as pessoas vão ler, e é preciso humildade para perceber que se houver uma pessoa que ao ler se reconhecer ali é porque valeu a pena escrever. Eu tinha sete anos e 11, naquele tempo não havia palavras para definir, assim como quando falo da minha separação, naquele tempo as mulheres separadas eram mulheres catalogadas. Eras um perigo uma mancha negra na família. Isto aconteceu há 32 anos”.

Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotos: DR

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