Francisco Martins apresentou- se no programa da SIC Quem Quer Namorar com o Agricultor? como o «Chico das Aventuras» e disse que gosta de ser chamado de Chiquinho, mas na aldeia do concelho de Ponte de Lima os vizinhos apenas o conhecem como Chico Covinhas, alcunha herdada do pai que faleceu há cinco anos.
Dos vários habitantes com quem a TV 7 Dias falou nenhum deles consegue encontrar uma razão para o apelido. Já a mãe do agricultor, Dona Maria, 73 anos, tenta dar a sua explicação. «Ele é o Chico das Aventuras, mas não é por ter muitas aventuras amorosas, porque na verdade teve poucas. Ele é Chico das Aventuras porque faz brincadeiras. Gosta de brincar com toda a gente, andou na capoeira.»
A vida amorosa de Francisco Martins não tem, aos 37 anos, muitos capítulos. «Já teve algumas namoradas, mas nenhuma delas lhe agradou e ele já está há muito tempo solteiro por opção. Até agora não queria saber de namoradas. Quem o quer ver feliz é andar descalço aí nas terras que cultiva e pela estrada fora. Ele tem o sonho de um dia se casar, mas não andava à procura de namorada. Quem o inscreveu foi uma das minhas netas e eu, porque ele tem o sonho de se casar», comenta a progenitora, acrescentando:
«Ele não tem vícios. Ele não é de cafés, nem discotecas. É só de lavoura. Neste momento planta batatas, milho, tremoços, tomates, enfim, muitas coisas.»
O trabalho de campo foi algo que começou muito cedo na vida do agricultor de Navió. «O meu irmão só estudou até ao sexto ano de escolaridade que era na altura a escolaridade obrigatória. Depois começou a trabalhar no campo por influência do nosso pai», revela a irmã mais nova, Sónia, de 35 anos, que tem uma sociedade com a cunhada Carla na exploração de um salão de cabeleireiro num lugar que faz fronteira
com a aldeia de Navió.
«Ninguém conseguiu ir muito longe nos estudos porque não havia possibilidades financeiras. Éramos muitos irmãos. Nunca ninguém passou fome, mas não havia dinheiro para grandes coisas», recorda Sónia.
Dona Maria revela ainda o trabalho de Francisco na construção civil. «Ele trabalhou no campo e depois ainda foi para as obras para ganhar dinheiro. Ainda conseguiu juntar dinheiro e, aos 20 anos, comprou uma casa em Piães (um lugar nas redondezas)», revela.
Família marcada pela dor
Francisco Martins cresceu no meio de mais nove irmãos. Podiam ter sido 13. E todos eles resultantes de um amor que era olhado de lado na época. A mãe, Dona Maria, casou-se com um homem 18 anos mais velho. «Casei-me com 26 anos com um homem que era muito mais velho do que eu. Ele tinha 44 anos. E tivemos dez filhos. Podiam ter sido 11. Um deles morreu com um mês de idade. Aliás podiam ter sido 14, porque pelo meio sofri três abortos. Tenho agora dez filhos e 16 netos. E só o meu Francisco é que está solteiro»,conta.
«Tive seis filhas e quatro filhos. A mais velha tem 45 anos e está emigrada em França e a mais nova
tem 32 anos”, acrescenta. A morte de um recém-nascido marcou fortemente a história desta família. Era o terceiro rebento da família Martins. «A minha filha mais velha tem 45 anos, depois tive um filho que tem 44 anos e o bebé que morreu era o meu terceiro. Se fosse vivo tinha agora 42 anos», revela. «Este
bebé chegou a ser batizado e tudo, mas morreu com um mês de vida, no hospital com a cólera, uma doença que afetou muitos bebés naquela altura», recorda.
A diferença de idade entre a filha mais velha e a filha mais nova é de 13 anos. Durante pouco mais de uma
década, Dona Maria esteve grávida durante todos os anos. «Olhe, calhou ter estes filhos todos. Na altura não havia televisão. Quer dizer havia, e eu ainda sou do tempo do doutor Pinóquio, mas aconteceu», comenta com um sorriso nos lábios.
Há cinco anos a família sofreu um outro revés com a morte do patriarca da família, João Gonçalo Martins. «Morreu aos 85 anos. Ele não tinha nenhuma doença diagnosticada, mas esteve acamado durante os cinco anteriores à sua morte”, revela Sónia, a irmã mais nova do agricultor de Navió. Apesar de toda a família já esperar este desfecho, foi um momento de sofrimento, principalmente de Francisco Martins, o único dos filhos que fez questão de seguir os passos dos pais no trabalho da lavoura.
Dar a volta por cima
O dinheiro foi sempre escasso durante a infância e juventude do Chico de Navió. O pai sempre se dedicou à lavoura e a mãe foi caseira de uma família rica daquela aldeia. E se o agricultor do reality show da SIC começou a trabalhar em tenra idade, alguns dos restantes irmãos tiveram que se fazer à vida fora da aldeia. «A mais velha emigrou para França. Depois há outros que foram viver no Porto e em Lisboa», conta Dona Maria.
Agora todos vivem confortavelmente. A vida na lavoura permitiu que Francisco Martins tenha agora pequenos luxos. «Ele ficou com todos os terrenos do pai há cinco anos e tomou conta de tudo. Foi nessa altura que comprou a mansão amarela em Navió. Eu fui caseira desta casa durante muitos anos, entretanto o Francisco comprou esta casa aos meus antigos patrões, e fez algumas obras. Desde a morte do meu marido que passei a viver com ele. Podia estar a viver com qualquer um dos meus filhos, mas ele é o único solteiro e por isso vivo com ele», afirma a mãe do concorrente do programa Quem Quer Namorar com o Agricultor?.
Esta moradia tem ainda um terreno generoso nas traseiras. Vale mais de 150 mil euros, comenta-se na aldeia. Mas a habitação não é o único luxo do agricultor da SIC. Francisco Martins jogou todos os trunfos para impressionar as concorrentes. Na garagem tem um carro desportivo descapotável que “enche o olho”, e que foi usado durante as gravações do programa da SIC.
Rita “Cenoura” é a favorita
A mãe de Francisco Martins não tem nenhuma “nora” favorita. «A que ele escolher para mim está bem. Gosto delas todas!», comenta à TV 7 Dias. Mas a verdade é que desde o início a concorrente Rita Ferreira, mais conhecida por Rita “Cenoura” por causa da sua cor de cabelo e tom de pele, ganhou vantagem sobre todas as restantes concorrentes – Letícia Máximo e Elisabete Santos.
E a química é por demais evidente. A TV 7 Dias esteve em Navió e assistiu a uma parte das gravações, em
que o Chico das Aventuras ofereceu um passeio pela aldeia a bordo do seu descapotável desportivo. O casalinho esteve sempre alegre e cúmplice.
Texto: Emanuel Costa Rodrigues
(reportagem publicada na Tv 7 Dias 1683)