Além-fronteiras: “Big Brother” é notícia lá fora… por causa de Goucha e Cláudio Ramos

A nova edição do “Big Brother” mereceu a atenção da imprensa brasileira por ser conduzida por “dois apresentadores declaradamente gays”: Cláudio Ramos e Manuel Luís Goucha. Mas não só.

17 Set 2021 | 21:02
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A nova edição do “Big Brother” está a ser um êxito entre o público português. Contudo, não foi a boa receção do público a captar a atenção da imprensa internacional. Meios de comunicação social brasileiros noticiaram a nova temporada do reality show por esta ser conduzida por “dois apresentadores declaradamente gays”: Cláudio Ramos e Manuel Luís Goucha.

Esta é mesmo a expressão usada pelo conhecido site Terra, que recorda o mistério à volta da escolha de apresentadores do novo “Big Brother”. Também a publicação digital Surgiu chama a atenção dos seus leitores para o facto de o pai de todos os reality shows ter dois anfitriões masculinos. Esta é, recorde-se, a primeira vez que tal acontece na Europa. Até então, só Israel tivera dois homens à frente do programa.

No caso do último site, são destacadas as palavras de Benjamin Cano Planès acerca do assunto. O apresentador conduziu quatro edições da versão francesa do reality show “Les Anges”, a última das quais gravada no Brasil, onde vive há mais de dez anos. Com uma relação de duas décadas com Louis Planès, com quem adotou Vinícius, atualmente com quatro anos, o também empresário aplaude a decisão da TVI.

“Não os conheço, mas só de saber que são apresentadores assumidamente gays já me enche de esperanças. É uma vitória para a comunidade LGBTQIA+ do mundo todo. O Brasil poderia copiar, já que a vaga de apresentador do ‘Big Brother Brasil’ está em aberto, depois de o Tiago Leifert ter saído da estação. Aliás, vários países poderiam fazer igual a Portugal. Precisamos de mais representatividade”, defende Benjamin Cano Planès. Recentemente, foi oficializada a intenção de Tiago Leifert de deixar a Globo. Até agora, a gigante brasileira ainda não comunicou o seu sucessor para a condução da edição de 2022 do “Big Brother”.

 

Lourenço e Bruno também levam “Big Brother” até lá fora

 

A escolha de Cláudio Ramos e Manuel Luís Goucha para conduzir o “Big Brother” não é o único fator a atrair a imprensa brasileira. A nova edição do reality show da TVI é também notícia lá fora por ter Lourenço Barcelos, “um homem trans negro”, no leque de concorrentes do programa.

O site Terra destaca ainda uma das primeiras declarações do participante aquando da sua entrada na casa mais vigiada do País. Na altura, Lourenço Barcelos demonstrou a vontade de “ser inspiração para transexuais” como ele “e toda a comunidade LGBT”. “Quero abrir mentalidades”, frisou ainda.

A mesma publicação faz o paralelismo com a versão brasileira do “Big Brother”. Recorda que, em 21 edições do reality show, com mais de 300 participantes, “houve um único representante dos trans, a modelo Ariadna Arantes, no ‘BBB11’. Rejeitada de cara, ela foi a primeira eliminada e não conseguiu apoio na votação para a repescagem. Na recente edição de ‘No Limite’, sentiu-se novamente alvo de transfobia”, pode ler-se.

Bruno Almeida, descrito pelo mesmo site como “um homem cis gay” e “ativista dos direitos humanos e da comunidade LGBTQIA+”, também é merecedor de destaque. “Essa diversidade sexual no reality da TVI opõe-se ao conservadorismo dos portugueses em relação a direitos primordiais de cidadãos não-heterossexuais”, escreve o Terra.

 

Texto: Dúlio Silva; Fotos: Divulgação TVI, Helena Morais e Nuno Moreira
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