Comentadora da TVI regressa aos palcos: «Existe a ideia de que as mulheres não têm piada»

Ana Arrebentinha regressa aos palcos a 6 de fevereiro com o solo de stand up comedy Coisas de Mulher. A repórter do Você na TV! explica porque é que é tão difícil para as mulheres vingarem no humor.

13 Jan 2020 | 12:30
-A +A

É atriz há 9 anos e, em 2017, conquistou os portugueses com o seu humor alentejano no Got Talento Portugal, na RTP1. Ana Arrebentinha (nome profissional de Ana Campaniço) Já foi comentadora da Casa dos Segredos e, agora, assume ao lado de Pedro Crispim, o papel de repórter do Você na TV!, na TVI.

A 6 de fevereiro, a alentejana natural da Amareleja regressa aos palcos com o solo de stand up comedy Coisas de Mulheres. A estreia está marcada para as 21h30 no estúdio Time Out, em Lisboa. Numa conversa exclusiva com a TV 7 Dias, Arrebentinha explica como vingou no humor, uma área do entretenimento dominada por homens e levanta o véu sobre o seu trabalho na TVI.

No cartaz deste espectáculo está com uma imagem muito mais sexy e ‘crescidota’. Achou que estava na altura certa para dar esse ‘salto’?

Sim, acho que estava mais do que na altura dar esse ‘salto’. Ando a preparar este regresso aos palcos desde 2018. Este regresso foi muito pensado desde a foto, à expressão corporal, facial, cores tudo. Houve também um crescimento profissional e pessoal. A minha carreira deu um salto, confesso que bastante positivo, com muitas atuações de norte a sul e quis marcar este crescimento com este espetáculo.

O Pedro Crispim deu uma mãozinha no styling?

Por acaso não ajudou mas a estreia vai ter a criatividade e o profissionalismo que o caracteriza. A estreia vai ter as duas mãos e os dois pés e, principalmente, a paciência do Pedro Crispim.

O seu novo espectáculo é centrado nas mulheres e nos problemas do universo feminino. Numa altura em que há uma hipersensibilidade a tudo o que seja humor e nesta era do politicamente correto, teve especial cuidado ao escolher as piadas?

Não tive qualquer cuidado especial até porque, se o fizesse, era mau sinal, era sinal que estaria a viver uma ditatura. Tive o cuidado como tenho em todos os meus espetáculos de não ofender e de não ridicularizar ninguém. Sou contra ao politicamente correto e a favor do respeito pelo público que está a assistir. Não quero que ninguém saia dos meus espectáculos a sentir que a sua cor, fisionomia, ideologia seja posta em causa.

Quero que as pessoas se divirtam e que saiam com dores nos músculos todos e que percam a noção do seu próprio corpo quando se estão a rir. Até porque este espetáculo é falado na primeira pessoa. As mulheres vão identificar-se e os homens também.

Celebra este mês 9 anos de carreira. Qual era o teu plano quando te estreaste?

O meu plano era trabalhar, trabalhar, trabalhar todos dias para que um dia vivesse o que estou neste momento a viver. Vim para esta profissão para me manter até ao ultimo dia. E principalmente ser feliz em fazer rir os outros. E isso está a acontecer

Passaram-se 9 anos e o número de mulheres a fazer stand up comedy não cresceu. Porque é que acha que isso acontece?

Tenho a sorte de ter esta ‘bengala’ que é o meu sotaque,que me torna diferente e que torna mais fácil conquistar o público. Neste momento existem bastantes mulheres a entrar para o stand up comedy e espero que consigam vingar nesta profissão tão difícil. Ainda existe muito a ideia que a mulheres não têm piada e isso pode influenciar a decisão dessa mesma mulher em dar o passo em frente. Mas eu sei que está e vai mudar.

Sente-se discriminada no meio do humor? 

Penso muitas vezes nesta pergunta quando me a fazem. Fico confusa ao responder. Eu acho que já me senti em teste muitas vezes quando subo ou subia a palco. Ou seja: quando o homem sobe a palco, o público dá quase o espetáculo como tendo piada. Quando a mulher sobe a palco sinto que é do género ‘será que ela vai ter piada?’. Não é bem discriminar mas sim duvidar das capacidade daquela mulher.

 

«A TVI tem sido uma grande escola para mim»

Falemos agora da sua carreira televisiva: era uma área na qual pensava apostar?

Foi uma área na qual pensei no inicio. Depois, como me formei como atriz, queria ir mais para a parte da representação mas a vida e o público levaram-me mais para a parte do entretenimento, o que me agrada bastante. Mas tudo está em aberto e tudo pode acontecer. Quero aprender e crescer como artista e uma artista tem de saber comunicar seja em que área for. Como adoro comunicar estou bem neste momento onde estou. Mas tudo pode acontecer.

Na TVI, já foI comentadora, agora é repórter do Você na TV!. Como é que está a ser essa experiência?

Esta a ser uma experiência maravilhosa, difícil e, ao mesmo tempo, desafiante. Adoro fazer reportagem porque me obriga a criar , a interagir cara a cara com o público. Estou a gostar bastante até porque aprendi algo novo e isso é maravilhoso.

A TVI é a sua ‘casa’ ou estaria disposta a vestir outra camisola, caso a proposta surgisse?

Neste momento a TVI tem sido uma grande escola para mim, tenho crescido e aprendido imenso. Eu sou muito de viver um dia de cada vez. Aprendi com a minha profissão instável a aproveitar o momento. Claro que sou feita de desafios e o meu desafio neste momento é aproveitar e aprender. Se um dia surgir, surgirá e irei ver o que será melhor. Mas neste momento só penso em estar de corpo e alma e trabalhar. E agradecer a confiança que tem depositado na minha estupidez natural.

 

Texto: Raquel Costa | Fotos: Melissa Vieira e Arquivo Impala

 

Veja mais:
Você na TV! reforça equipa de repórteres com humorista!
«Vai haver picardia com o Flávio Furtado»
PUB