Ana Leal lança acusações a Carlos Cruz: «Ele ia lá intimidar-me»

Ana Leal foi uma das jornalistas que acompanhou o caso Casa Pia. Mais de uma década depois, o rosto da informação da TVI afirma que Carlos Cruz, um dos condenados no caso, a tentou intimidar.

24 Fev 2020 | 14:40
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Ana Leal acusa Carlos Cruz de a ter intimidado. Em entrevista ao semanário Sol, e depois de ter afirmado que o atual primeiro-ministro, António Costa, fez um alegado telefonema que tinha por objetivo o seu despedimento, a jornalista da TVI acusa aquele apresentador de a ter intimidado. Marta, filha de Carlos Cruz, vem a público defender o pai e chamar a repórter de mentirosa.

Ana Leal refere que o caso ter-se-á passado durante o processo Casa Pia (2002-2010). «Uma pessoa que já tinha sido condenada em primeira instância – que é Carlos Cruz – por azar tinha a filha no mesmo colégio que o meu filho. Um colégio católico em que de manhã se reza e se faz oração com os filhos», conta. «E ele ia lá, não vejo outra forma de o dizer, intimidar-me, porque estava ao meu lado e a uma curta distância do meu filho. Isto incomoda-me muito mais do que qualquer ameaça física», acusa a repórter.

De lembrar que Carlos Cruz foi detido preventivamente em fevereiro de 2003 por suspeita da prática de abuso sexual de menores. Em maio do ano seguinte, passou ao regime de prisão domiciliária e, em setembro de 2010, foi considerado culpado, na primeira instância, de três crimes de abuso sexual de menores, tendo sido condenado a sete anos de prisão efetiva. Saiu em liberdade condicional em julho de 2016. Ao longo de todo o processo (e ainda hoje), o ex-apresentador negou sempre as acusações.

Além de Carlos Cruz, foram também condenados Carlos Silvino (18 anos de prisão efectiva), Manuel Abrantes (5 anos e 9 meses de prisão), Jorge Ritto (6 anos e 8 meses), Ferreira Diniz (7 anos) e Hugo Marçal (6 anos e 2 meses).

«Esta senhora continua a mentir»

 

Marta Cruz, filha do comunicador com Marluce Revoredo Silva, recorreu às redes sociais para defender o pai e relatar a sua versão dos factos. A ex-manequim, com 34 anos, afirma que Ana Leal «continua a mentir» e recorda o dia em questão: «O meu pai foi com a Raquel [Rocheta, com que Carlos esteve casado durante 11 anos, até 2011] assistir a uma atividade escolar da minha irmã Mariana, onde estavam presentes inúmeros outros pais», começa por situar a empresária.

De acordo com Marta, a jornalista «foi queixar-se à directora contra a presença» de Carlos Cruz, que terá dito «à diretora que iria à escola ver» a filha mais nova «sempre que lhe apetecesse».

 

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Esta senhora continua a mentir! O meu pai foi com a Raquel assistir a uma actividade escolar da minha irmã Mariana onde estavam presentes inúmeros outros pais. Esta senhora foi queixar-se à directora contra a presença do meu pai. Este disse à directora que iria à escola ver a minha irmã sempre que lhe apetecesse. Posteriormente, na Pastelaria Garret, nessa mesma manhã, esta mesma senhora dirigiu-se ao meu pai e foi ela quem o ameaçou dizendo que da próxima vez que ele fosse à escola, ela chamaria a polícia. As pessoas que estavam na mesa com o meu pai ficaram estupefactas. O meu pai não lhe respondeu! Soube posteriormente que os pais dos outros alunos fizeram um abaixo-assinado contra esta senhora, que deve constar dos arquivos do colégio, opondo-se a qualquer limitação das idas do meu pai aos Salesianos. P.S.- A mentira dá cabo da beleza!!! (Notícia publicada pelo blog @dioguinhoblog)

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O caso terá passado as barreiras da instituição escolar no Estoril. «Posteriormente, na Pastelaria Garrett, nessa mesma manhã, esta mesma senhora dirigiu-se ao meu pai e foi ela quem o ameaçou dizendo que, da próxima vez que ele fosse à escola, ela chamaria a polícia. As pessoas que estavam na mesa com o meu pai ficaram estupefactas. O meu pai não lhe respondeu! Soube posteriormente que os pais dos outros alunos fizeram um abaixo-assinado contra esta senhora, que deve constar dos arquivos do colégio, opondo-se a qualquer limitação das idas do meu pai aos Salesianos», termina Marta.

A versão de Carlos Cruz

Em novembro de 2015, Carlos Cruz concedia uma entrevista à TV 7 Dias em que recordava este episódio relatado por Ana Leal. «Na escola, a Mariana teve essa felicidade de os colegas nunca se meterem com ela. Eu fui às festas da Mariana na escola, tive grande ajuda da psicóloga da escola. Houve apenas um episódio de uma colega vossa, da TVI, a Ana Leal, que quando me viu lá numa festa qualquer foi fazer queixa à diretora de turma sobre como era possível estar ali um pedófilo e a diretora de turma mandou-me chamar», começou por explicar.

«Explicou-me a situação e eu disse-lhe para parar por ali, porque já sabia quem era, que era a Ana Leal, porque era a única pessoa com carácter para fazer aquilo, e disse-lhe que não havia nada nem ninguém no mundo que me impedisse de estar com a minha filha. Depois falei com o diretor da escola, que são os Salesianos, no Estoril, e disse-lhe: ‘Olhe, veja lá quem tem cá a trabalhar porque eu não admito que seja posta em dúvida a minha presença aqui.’», recordou Carlos Cruz.

«O diretor sossegou-me, mas nesse mesmo dia, estava a tomar o pequeno-almoço, a Ana Leal passou pela minha mesa e disse-me. ‘Da próxima vez quem chama a polícia sou eu’. No dia seguinte saiu a notícia no Correio da Manha a dizer que os pais dos outros alunos tinham ficado incomodados com a minha presença. Resultado, foi feito um abaixo-assinado por todos os pais a desmentir o Correio da Manhã, a criticar a Ana Leal e a dar-me apoio. Foi o único incidente lamentável de uma pessoa que está a pagar pelo que é.», explicou na altura Carlos Cruz.

Texto: Ana Filipe Silveira e Tânia Pereira Dias; Fotos: Reprodução e Arquivo Impala

 

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