EXCLUSIVO! Ana Varela sobre Pedro Lima: «A perda do Pedro Lima foi muito dura»

Numa entrevista sincera a atriz conta como o elenco superou as mortes e doenças que afetaram o projeto e adianta que já conheceu Cristina Ferreira.

19 Set 2020 | 14:35
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TV 7 Dias – Amar Demais está prestes a estrear. Como pensa que será a reação do público?

Ana Varela – Estou muito positiva! Amar Demais é uma história muito bonita, com todos os ingredientes para cativar os espetadores: um elenco incansável, motivado e unido por detrás de uma direção de atores brilhante, uma forte equipa técnica, paisagens lindíssimas que mostram uma das nossas ilhas mais bonitas. Além do mais, é uma história de amor e de afetos, numa altura em que tanto precisamos deles. Só posso acreditar que o público premiará o nosso trabalho e empenho, seguindo-nos ansiosamente episódio atrás de episódio.

Já sabe onde e com quem vai ver o primeiro episódio?

Com todo o elenco, claro! É um projeto muito especial para todos nós e queremos estar juntos quando ele chegar ao ecrã.

Esta é a sua primeira protagonista. Sente o peso da responsabilidade?

Tentei superar todo o peso da responsabilidade com muito, muito trabalho: muito trabalho na construção de personagem, muito trabalho no plateau e muito trabalho de casa todos os dias. A Ema foi a personagem à qual mais me entreguei e aquela que também mais me desafiou até hoje.

Como foi a sua reação quando a TVI lhe fez este convite?

Quando a TVI me convidou para o casting da Ema, num número tão restrito de atrizes, senti-me, como é óbvio, muito feliz! Foi muito bom sentir o meu trabalho reconhecido naquele convite tão importante. Mas a verdade é que, quando li o perfil de personagem e o texto do casting, senti medo. Era um casting muito difícil, numa personagem muito complexa e eu tive dúvidas. Felizmente tive a coragem suficiente para me enfrentar a mim mesma e fui surpreendida por reações muito boas ao meu casting. Rapidamente soube que o papel era meu. No entanto, também sabia que ganhar aquele casting tinha sido a etapa mais simples do processo. Tinha a plena noção do trabalho que iria envolver construir e dar vida à Ema, numa incidência tão grande na história e com uma carga emocional tão pesada.

Na novela, interpreta o papel de Ema, uma mulher que perdeu o seu grande amor e que o reencontra muitos anos depois. Que mais nos pode dizer sobre ela?

A Ema é uma mulher marcada, não só pelo desencontro com grande amor da sua vida, mas também pela perda de toda a sua família, incluindo uma filha bebé, no grande terramoto que abalou a ilha do Faial. É uma mulher que cresceu sozinha a partir dos 16 anos e portanto de uma densidade, de uma força e de uma solidão enormes. Volta a encontrar Zeca, anos mais tarde, mas está presa a um casamento e a uma família que também ama e é aqui que começa o seu grande dilema pelo amor. É uma personagem complexa, demasiado íntegra para tomar decisões de ânimo leve, mas que vai ser posta à prova por vários e duros desafios ao longo desta história da Maria João Costa. A pergunta que esta trama coloca a Ema é a mesma que todos os espetadores vão sentir: até onde estamos dispostos a ir por amor?

O mote desta novela é mesmo esse: “O que faria por amor?”. E a Ana, o que faria?

Tudo!

 

À semelhança de outros projetos televisivos, Amar Demais foi afetado pela pandemia da COVID-19 e as gravações chegaram a ser interrompidas. Foi difícil viver esta fase?

Foi difícil parar um projeto tão importante a meio, mas tentei usar a paragem para recarregar baterias para o recomeço. Aproveitei os meses em casa para rever o percurso da Ema, continuei a falar com a direção de atores e até tive a oportunidade de ver algumas das cenas gravadas, o que me entusiasmou muito.

Que tipos de cuidados têm agora durante as gravações?

Atualmente, usamos máscaras em todos os décors, sejam interiores ou exteriores, desinfetamos regularmente as mãos e fazemos testes semanalmente e antes de qualquer cena de contacto. Toda a história foi também adaptada de forma a minimizar o toque entre atores para nossa própria segurança.

Infelizmente, tiveram colegas, como é o caso da Madalena Brandão, que testaram positivo ao novo coronavírus. De que forma é que isto mexeu com a estado emocional do elenco?

Todos os protocolos foram acionados, os cuidados redobrados, os isolamentos respeitados e já temos a equipa a 100 por cento novamente. Infelizmente, esta é a nossa nova realidade e sabemos que qualquer um de nós, por muito cuidadoso que seja, pode vir a testar positivo.

Além dos problemas decorrentes da pandemia, esta novela sofreu ainda duas grandes perdas: Pedro Lima e Fernanda Lapa. Ou seja, foi mais um grande embate para todos. Sente que todos estes problemas tornaram o grupo mais forte?

A perda do Pedro foi muito dura para o grupo. Era um colega muito querido para todos. Para mim, um grande exemplo de empenho e profissionalismo e sinto muito a falta dele. A sua despedida imprevisível chocou-nos a todos e despertou em nós uma enorme necessidade em olhar mais uns pelos outros. A Fernanda era uma referência de força, estava incrível na sua interpretação e voltou a ser muito triste para o grupo perder mais um elemento. Voltámos a sentir a necessidade de nos ampararmos e assim tem sido, embate após embate.

O facto de terem ultrapassado tantos obstáculos faz de Amar Demais um projeto especial?

Tem sido uma longa viagem que nenhum de nós vai esquecer. Este grupo vai ficar unido para sempre e não tenho a mínima dúvida que este projeto será um grande exemplo de perseverança na ficção nacional.

De há uns anos para cá, a sua vida tornou-se mais ecológica. Não come carne, evita os plásticos e tem um blogue onde divulga algumas destas práticas. Como surgiu esta mudança na sua vida?

A mudança foi acontecendo gradualmente, à medida que me fui apercebendo de que estamos a deteriorar gravemente o nosso planeta e a esgotar os seus recursos. Comecei pela poupança de água e eletricidade, pela reciclagem, cortei nos alimentos processados e embalados, passei a fazer compras a granel, iniciei-me na compostagem, conduzo um carro elétrico, entre várias outras mudanças, de forma a minimizar a minha pegada ambiental.

Gasta mais ou menos dinheiro que anteriormente?

A partir do momento em que compro apenas o essencial, não me alongando em compras supérfluas, gasto muito menos dinheiro. Poupo muito dinheiro em carne, poupo muito dinheiro em detergentes usando água, vinagre e limão para limpar quase tudo em casa, poupo muito dinheiro em roupa, reutilizando roupas em segunda mão e poupo bastante dinheiro em combustíveis, carregando o meu carro elétrico nos postos de carregamento gratuitos.

Já conseguiu converter alguns dos seus colegas da ficção?

Alguns, sim. A Catarina Rebelo e o Salvador Nery, por exemplo, também já usam um ipad/tablet para trabalhar os textos, poupando muito em papel e impressões.

É fácil incutir este estilo de vida às suas filhas, tendo em conta que a maioria das pessoas, e até os coleguinhas de escola, não tem este tipo de preocupações?

As crianças aprendem o que nós lhes mostramos e além disso acabam a influenciar também os coleguinhas com este modo de pensar. A Dalila, que tem maior consciência que a Alice, tem noção que na casa da mãe existe uma maior preocupação com as questões ambientais e percebe-as. Aqui, as rotinas são diferentes e por vezes até mais simples. Compramos tão poucos produtos embalados que não temos o trabalhão de desembalar produtos e só vamos esvaziar a reciclagem ao contentor uma vez por mês. Acredito que toda e qualquer rotina, quando bem explicada e justificada, é facilmente compreendida pelos mais novos.

Que tipo de mãe é? Mais galinha ou mais descontraída?

Sou uma mãe descontraída, mas exigente na mesma.

E na vida em geral, mais preocupada ou mais descontraída?

Talvez, nem seja uma nem outra. Não me sinto preocupada com tudo, mas também não me sinto a mais descontraída das pessoas. Tento levar a vida no equilíbrio.

Quando olha para o espelho, o que vê?

Uma mulher orgulhosa da vida que tem construído e do seu percurso. Nem tudo foi ou é fácil sempre, mas estou numa fase muito feliz!

Sente-se uma mulher bonita e sexy?

Sinto-me uma mulher bonita sim. Sinto-me bem no meu corpo, sou saudável e isso dá-me confiança.

Sendo uma atriz de sucesso, imagino que receba muitas mensagens nas redes sociais e que algumas delas não falem apenas sobre o seu trabalho. Como lida com o assédio?

Recebo muito poucas mensagens desse género e ainda bem!

Voltando ao trabalho, é uma atriz que se preocupa com as audiências ou nem por isso?

Se são boas, sinto-me feliz como é óbvio, mas sei que as audiências de um produto dependem de inúmeros fatores e decisões que não estão intrinsecamente ligadas ao meu trabalho. A minha entrega ao trabalho é sempre total e só isso me importa.

A SIC e a TVI estão com projetos muito fortes na ficção nacional e o público pode pender para qualquer um dos lados. Ficará aborrecida se Amar Demais não liderar no seu horário?

Durmo todos os dias muito tranquila com o trabalho que está a ser feito em Amar Demais e estou muito confiante em relação ao feedback do público.

Tem contrato de exclusividade com a TVI?

Não tenho.

As últimas semanas têm sido muito “movimentadas” no mercado televisivo. Como vê todas estas transferências?

Julgo que é um movimento normal e saudável do mercado.

Já teve oportunidade de conhecer a nova diretora de Entretenimento e Ficção da TVI. Na sua opinião como atriz do canal, como pensa que será o desempenho de Cristina Ferreira nesta função?

Tive oportunidade de conversar com a Cristina no visionamento do nosso primeiro episódio e percebi que tem uma visão estratégica muito clara para o canal e que está muito motivada. Este é, sem dúvida, o tipo de pessoa com quem gosto de trabalhar.

Algum pedido especial que queira fazer à nova diretora?

Muita ficção nacional – não apenas novelas, mas também séries -, de qualidade. Boas histórias, que emocionem e movam o público, contadas por atores apaixonados.

Texto: Patrícia Correia Branco (patricia.branco@worldimpalanet.com); Fotos: DR e Arquivo Impala

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