Hércules falsos! São vários os famosos que esculpem o corpo com as drogas da moda

Em Portugal descobriu-se que o ator Ângelo Rodrigues usava testosterona devido a complicações com a administração desta substância. Mas nos Estados Unidos o seu uso está generalizado.

15 Set 2019 | 16:10
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Recentemente, as substâncias que aumentam a massa muscular têm andado nas bocas do Mundo devido ao que sucedeu ao ator Ângelo Rodrigues, que desejava ter um corpo perfeito. Conhecidos eram os casos de atletas que se dopam para obter melhores resultados desportivos, mas este controlo não existe no cinema e o flagelo assola a indústria da sétima arte.

Segundo Happy Hill, treinador físico das estrelas de cinema, existe uma cada vez maior pressão para obter resultados e o mais rapidamente possível, e o uso generalizou-se devido ao culto do corpo. Segundo ele, mais de 20 por cento dos atores em Hollywood recorrem a hormonas para esculpir o corpo.

Sem controlos antidoping, é difícil conseguir provar que a condição do seu corpo seja ou não fruto apenas de exercício. Um dos primeiros casos relatados tem quase década e meia. Quando um ator, com 30 e poucos anos, verificou que os seus abdominais tinham um papel relevante num filme, foi ter com o seu preparador físico e explicou-lhe que obteria resultados mais rápidos e satisfatórios tomando algumas drogas específicas, entre as quais testosterona e a hormona humana do crescimento.

Aliás, mesmo após o personal trainer ter-lhe dito que poderia obter os mesmos resultados sem drogas, recusou, afirmando que o uso desta hormona o fazia sentir-se melhor do que alguma vez se sentira na vida. Ou seja, naquela altura já tinha uma grande adição e atualmente, segundo o mesmo, é um dos atores mais bem pagos e apresenta uns músculos impressionantes para a idade.

As drogas de alta performance para deixar os bíceps enormes e esculpir os abdominais banalizaram-se por todo o Mundo. Uma fonte portuguesa disse-nos que muitos dos que frequentam ginásios nacionais, de forma a obter resultados mais rápidos, encurtam caminho e tomam-nas regularmente, sendo uma questão falada abertamente.

Conhecidas igualmente como elixires da juventude, estas drogas eram tomadas por atletas que necessitavam de rendimento
acima da média, como foram os casos da atleta Marion Jones, do ciclista Lance Armstrong ou do nadador Michael Phelps. E, recentemente, a estrela da Liga de Beisebol americana Alex Rodriguez, marido de Jennifer Lopez, confessou o uso de doping e deste tipo de drogas, e perdeu mais de 34 milhões de dólares em salário.

Apesar de serem poucos os que afirmam publicamente usar estas substâncias, alguns acabam por confessar ou por ser apanhados. Um deles foi Charlie Sheen, que confessou à Sports illustrated ter tomado esteroides para o seu papel em Major League (1989). Igualmente Mickey Rourke e Arnold Schwarzenegger admitiram ter usado este tipo de substâncias. Este último usava recorrentemente quando foi Mr. Universo e Mr. Olympia, o que acabou por ajudá-lo a lançar-se como ator.

Já em 2007, Sylvester Stallone foi apanhado na Austrália com 48 doses desta substância. Na música, tanto 50 Cent como Tyler Perry estão no grupo das celebridades investigadas pela sua ligação aos esteroides e que terão pedido a médicos e farmacêuticos que lhes prescrevessem estas drogas.

O problema tem estado tão na ordem do dia que o personal trainer responsável pela físico de Henry Cavill (o intérprete de Super-Homem), Mark Twight, tem dado palestras, propondo exercício livre de drogas e, dando o exemplo daquele ator, explicando que se pode alcançar a excelência 100 por cento natural. Também Mark Wahlberg (48 anos) e Dwayne Johnson (47) são exemplos de como se pode conseguir resultados excecionais sem necessitar de substâncias extras.

Estas drogas começam a ser usadas não só como um modulador muscular, mas como uma medida de anti-envelhecimento, o que tem feito disparar ainda mais a procura, o que está a alarmar a comunidade médica, pois começa a ser tratada como uma substância de bioengenharia de simples aplicação.

Aliás, os estúdios de Hollywood têm sido apontados como os grandes responsáveis por esta ‘moda’, com os seus horários apertados e sessões de treinos de apenas um a dois meses para terem uma aparência de Hércules. Porém, o uso destas substâncias acaba por ter efeitos nefastos para a saúde, principalmente para o fígado, retenção de líquidos, risco de cancro,
diabetes e paragem cardíaca, mas o mais problemático é a adição psicológica que estas drogas provocam.

Quem as usa parece nunca mais ficar contente com o seu aspeto físico, pensando em melhorá-lo constantemente. O mais assustador é que um estudo feito pela Universidade do Minnesota, em 2012, relata que os adolescentes usam esta substância em taxas elevadas: cerca de seis por cento dos rapazes e 4,5 por cento das raparigas. Sendo um mercado em pura expansão, a indústria da testosterona vale mais de dois mil milhões de dólares.

 

Texto: Eduardo César Sobral | Fotografias: Impala e reprodução redes sociais

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1695 da TV 7 Dias)

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