Depois de um longo período afastado do pequeno ecrã, Ângelo Rodrigues está de regresso às novelas. O ator integra o elenco da nova aposta de ficção da SIC, Papel Principal, e garante que foi uma decisão muito ponderada. “Pensei muito em aceitar porque hoje em dia fazer um projeto que me tire mais do que três quatro meses, precisa de ser ponderado”, começou por afirmar. “Ter um projeto que ocupe um ano da minha vida, eu tenho de pensar nele porque esse vai ser um ano da minha vida em que eu não vou sair de Portugal. Eu não fazia um projeto assim a longo prazo, novela mesmo, do início ao fim, desde 2015, desde aí que eu tinha adotado um lifestyle de fazer projetos de três, quatro meses, nunca ultrapassar isso. E pronto, agora abracei este projeto de nove meses”.
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À conversa com os jornalistas, o ator levanta a pontinha do véu relativamente ao novo projeto. “A novela fala de uma realidade próxima de nós atores. Algumas personagens são atores ou ex-atores como a minha personagem, por exemplo, e os temas que nós abordamos são coisas que nos são próximas. As inquietações que nos afligem, os bastidores, o assédio da imprensa, qual é a relação dos atores com a imprensa, portanto isso está me a dar muito gozo”. Ângelo Rodrigues afirma ainda que se identifica bastante com a sua personagem. “Tanto eu como a minha personagem perdemos o pai. A minha personagem, o Fred, vem resolver um problema do pai relacionado com o desporto, o boxe, e o meu pai foi fundador e treinador de uma equipa de basquetebol feminino portanto eu consegui encontrar nas minhas memórias afetivas, coisas que me aproximavam da personagem”.
“Tanto eu como a minha personagem perdemos o pai”
O ator vai voltar a contracenar com Carolina Carvalho e garante que não podia estar mais feliz. “Estou muito feliz por voltar a trabalhar com a Carolina, primeiro porque já sou amigo dela há alguns anos, damo-nos bem, já deu para ver que temos uma boa química… Nós fomos chamados assim à última da hora, tivemos pouquíssimo tempo de ensaios e saber que tinha uma pessoa com quem ia contracenar todos os dias, com quem já tinha alguma intimidade foi meio caminho andado para aceitar este papel e tem sido maravilhoso. Não há nada melhor do que acordar todos os dias, ter um sorriso nos lábios e ir trabalhar com um bom astral. Gosto mesmo do que faço e sou um afortunado e privilegiado por sentir isso”.
Pertences guardados num armazém
Amante de viagens, o ator vive em Airbnb’s, não tendo por isso uma “morada fixa”. Como revelou no início do ano, Ângelo Rodrigues decidiu guardar a maioria dos seus pertences num armazém. “As minhas coisas ainda se mantém lá. Continuo a viver em Airbnb’s e todos os meus pertences continuam guardados num armazém e, por enquanto não tenho vontade de os tirar de lá”, confessa. “Talvez essa vontade de assentar acontecerá um dia, mas por enquanto não”, conta, explicando de seguida o que o fez tomar essa decisão. “Encontrei esta medida temporária de guardar as minhas coisas todas num armazém porque isso também é uma situação benéfica para mim porque quando acabo um trabalho não tenho nada que me prenda como rendas elevadas que se praticam em Lisboa, impostos que tenhamos de pagar e então isso dá-me a liberdade de poder ir para fora e poder praticar um pouco do desapego como eu tenho vivido a minha vida nos últimos anos”.
“Eu gosto de estar sozinho e encontro coisas boas nessa solitude”
Questionado pelos jornalistas sobre um possível amor, o ator de 35 anos, não hesitou em responder. “Estou bem, estou feliz, estou realizado. Não tenho muito tempo com as gravações, não tenho muito tempo para pensar em afazeres emocionais ou nessas inquietações então estou bem calminho na minha. Eu gosto de estar sozinho e encontro coisas boas nessa solitude. Se vier alguém, que seja alguém que venha acrescentar à minha vida. Enquanto isso não acontece não vou estar no desespero à procura”. Para além disso, o ator reconhece que o facto de estar sempre a viajar também dificulta a busca de um amor. “Existem sempre os prós e os contras. O meu estilo de vida não se coaduna com uma relação típica convencional que envolve intimidade, proximidade e eu não estou a viver essa vida portanto, cheguei à conclusão de que não sou um bom partido”.
“Penso sempre no meu futuro”
“Com a idade que tenho e com os amigos que estão à minha volta, está a acontecer um fenómeno bastante interessante que é: Todos os meus amigos estão a casar e a ter filhos e eu estou a deixar de ter pessoas com quem possa fazer programas aos fins de semana e etc. Então esse é um dilema que me preocupa e que a cada viagem que faço vejo que esse fosso está a ser cada vez maior, então eu tenho de trabalhar nesse sentido para encurtar essa distância”. Ainda assim, o ator garante que esse é um assunto que o deixa a pensar. “Penso sempre no meu futuro não é… e o meu futuro não vai ser como um eremita num monte qualquer escondido na Ásia… portanto tem de haver aqui um meio termo entre a vida real e a vida que eu gostaria de ter portanto eu estou em busca desse meio termo”.
Texto: Sofia Pinto e Ana Lúcia Sousa Fotos: Nuno Moreira e Reprodução Instagram
