Depois de a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, ter dito, esta quinta-feira, 7 de maio, no Parlamento, que «as ideias racistas» de André Ventura sobre o confinamento de ciganos «hão de ir parar ao caixote de lixo de onde nunca deviam ter saído», o deputado único do Chega iniciou a sua intervenção perguntado a António Costa se «temos ou não um problema com a comunidade cigana».
O primeiro-ministro começou por responder que não: «Não temos um problema com a comunidade cigana, mas sim com as pessoas que cumprem ou não as normas sanitárias, independentemente da etnia, local de vida, raça ou religião. A lei é para cumprir e deve tratar todos por igual.»
No entanto, André Ventura não se deu por vencido e ‘voltou à carga’. «Concorda ou não que há um problema com a comunidade cigana?», insistiu. «Não, não há um problema com a comunidade cigana em Portugal, o senhor deputado é que tem um problema e já foi de trivela», disse António Costa, fazendo uma ironia com a resposta de Ricardo Quaresma, nas redes sociais, na qual criticou a questão do confinamento da comunidade cigana levantada pelo deputado do Chega.
E o primeiro-ministro adiantou: «O senhor deputado resolveu criar um caso para uma parte importante dos portugueses, a comunidade cigana, como se fossem estrangeiros, sabendo que há séculos que são tão portugueses como nós. O que teve foi uma grande resposta de um campeão nacional e de um grande jogador da nossa seleção».
Por fim, António Costa rematou: «De facto, é ter muito mau perder que depois de levar um baile do Quaresma a única resposta que teve foi de que sendo jogador da Seleção Nacional só tinha de estar calado. O direito à palavra é uma liberdade de todos».
Como nasceu a polémica
No passado sábado, a população da praia da Leirosa, Figueira da Foz, realizou um protesto contra a inação das autoridades locais. De acordo com os manifestantes, têm acontecido desacatos e assaltos levados a cabo, alegadamente, por uma família de etnia cigana.
No seguimento desse protesto, André Ventura manifestou a intenção de apresentar na Assembleia da República uma proposta de «plano de confinamento específico para a comunidade cigana que não aceita, maioritariamente, as regras sanitárias e de autoridade pública para a generalidade dos cidadãos».
Na sequência desta intenção, em entrevista ao site do jornal I, a ativista Olga Mariano afirmou que Ventura «coloca tudo no mesmo saco» e está «a fazer um jogo que só no tempo do Hitler é que se fazia».
E foi esta sequência de acontecimentos que fez com que Ricardo Quaresma tenha decidido manifestar-se publicamente, afirmando que «o populismo racista do André Ventura apenas serve para virar homens contra homens em nome de uma ambição pelo poder que a história já provou ser um caminho de perdição para a humanidade.»
O líder do Chega logo reagiu, afirmando ser «lamentável que um jogador da Seleção Nacional se envolva em política», e o futebolista voltou ao ataque. «Por acaso vi a resposta do senhor André Ventura. Sinceramente, não percebi. Por ele dizer que os jogadores não devem meter-se na política. Ele não pode esquecer que ficou conhecido por defender o clube dele, ficou conhecido por falar de futebol», afirmou o futebolista, num direto no Facebook conduzido pela jornalista da TVI Patrícia Matos. Recorde-se que Ventura ganhou mediatismo ao tornar-se comentador na CMTV.
Ao lado da mulher, Daphne, o craque afirmou que não quer «dar mais canal ao senhor André Ventura». «Eu pago impostos em Portugal, por isso sou um cidadão que também tem direito a dar opinião. Esse tema está fechado, quero e que acabe essa parte dos racismos. Para mim é difícil ouvir esses comentários. Tenho um pai que é cigano, uma mãe que é africana. Não vou alimentar mais esta situação», concluiu sobre o tema.
André Ventura reagiu, entretanto, a estas novas declarações. No Twitter, o líder do Chega escreveu: «Se o Ricardo Quaresma, em vez de me atacar, sensibilizasse a comunidade cigana a cumprir as mesmas regras a que todos os restantes cidadãos estão obrigados, talvez a generalidade dos portugueses o compreendesse muito melhor.»
Texto: Carla S. Rodrigues e Raquel Costa; Fotografias: Arquivo Impala e reprodução redes sociais
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