António Raminhos associou-se ao Hard Rock Café do Porto para criar um Comedy Club. Um espaço para nomes consagrados e jovens promessas do humor demonstrarem o que valem e conviverem. A tentativa de criar um clube de comédia não é de agora e, no passado, várias tentativas falharam.
«Há dois problemas; não temos muito a cultura da comédia e não temos muito a cultura de as pessoas pagarem para ver. Isto é um open mic, não vou ganhar praticamente dinheiro aqui, nem eu nem os meus colegas, mas fazemo-lo porque é importante. Mas tem que se pagar alguma coisa!», explica Raminhos na inauguração do Hard Rock Comedy Club, esta quinta-feira, 7 de fevereiro.
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Raminhos reconhece-se no papel de «padrinho» porque é dele a responsabilidade de anfitrião, mas admite que ver a nova geração é inspirador. «Sinto que não sou melhor do que qualquer um deles. Venho aqui experimentar textos e vejo malta com muito menos experiência que têm coisas muito boas. Eu posso ir ali dizer merda e não fazer muito sentido. Sinto-me como padrinho no sentido de estar a receber as pessoas nesta casa», explica.
«Muita gente vê o Raminhos, pouca gente o conhece»
Para fazer as honras de abertura do Hard Rock Comedy Club, António Raminhos convidou dois amigos de longa data, Pedro Miguel Ribeiro e Luís Filipe Borges.
«Fiz questão que eles viessem porque são pessoas com quem comecei e isto faz-me sentir de novo no início de tudo. Isso é giro e é bom!», explica Raminhos.
O «início de tudo», como conta Pedro Miguel Ribeiro, foi uma atuação em Vila Nova de Milfontes, num fim-de-semana que prometia ser de sonho e acabou quase em pesadelo. «A segunda ou terceira atuação do Raminhos foi num bar chamado Bubbles, em 2004. Foi uma coisa muito rocambolesca porque o meu carro avariou. Lembro-me de estar a caminho, de estar escuro, de ter os planos todos trocados porque era suposto ir passar um fim-de-semana romântico com a minha mulher, mas lembro-me também de pensar ‘isto tem de trazer alguma coisa de bom», relembra. E essa coisa acabou por ser o início de uma bela amizade.
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«Lembro-me de chegar lá, ver o Raminhos a atuar e pensar ‘este gajo é muito, muito bom’. Melhor do que isso, depois conviver com ele e com a Catarina. Surgiu logo uma amizade entre nós. Tanto assim é que, hoje em dia, ele é padrinho do meu filho, Afonso e eu sou padrinho da Maria Rita», acrescenta Pedro Miguel Ribeiro.
O facto de António Raminhos partilhar o espaço mediático com colegas de longa data é, para Pedro Miguel Ribeiro, sintoma do que nem toda a gente vê. «É apenas uma prova de que ele é uma pessoa do caraças! Muita gente vê o Raminhos, pouca gente o conhece. E, para quem não o conhece, deixo a dica de verem o último espectáculo dele. Ele é um tipo com uma fé muito bem resolvida, bom amigo, muito bom pai e mesmo muito boa pessoa», afiança o humorista.
Luís Filipe Borges, que foi mestre de cerimónias da noite de estreia do Comedy Club, acrescenta que Raminhos é «o mais parvo». «Saudavelmente parvo!». O veterano do humor considera que o mercado do stand up comedy está a consolidar-se. «A razão para não ter acontecido antes tem a ver com o facto da nossa democracia ser ainda bastante jovem. Portugal está atrasado em algumas coisas mas, depois, quando chega a elas e as agarra, fixa-as muito bem», explica.