Demorou cerca de 60 anos a deitar cá para fora o que tinha guardado desde os sete. E depois desde os 11. Foi com estas idades que Luísa Castel-Branco, de 68, sofreu de abusos sexuais, ora às mãos de um “amigo da família, de toda a vida”, ora às de “um primo afastado”. A denúncia é feita na segunda parte de uma trilogia autobiográfica iniciada com “Quando Eu Era Pequenina – Pensamentos e Emoções sobre a Infância e a Memória”, de 2020.
O recente “O Amor É uma Invenção dos Pobres – Pensamentos e Emoções sobre o Amor e os Filhos”, da editora Contraponto, já chegou às livrarias e apanhou todos de surpresa. Incluindo os filhos, António, Gonçalo e Inês, e o companheiro, Francisco Colaço. A escritora está, agora, a aprender a lidar com o impacto que a revelação está a ter na sua vida.
Em conversa com a Nova Gente, explicou que nunca quis contar esses episódios da sua vida e que chegou a ponderar desistir de os escrever “várias vezes”. Acabou por concluir que seria impossível falar de si e do seu percurso sem os referir. “Comecei este livro há dois anos e meio, três. Desisti várias vezes a meio do caminho. Pensei sempre em não contar, até chegar à conclusão que, se não o fizesse, não conseguia explicar as minhas características, a minha personalidade, o que foi a minha vida”, diz Luísa Castel-Branco.
Os seus abusadores foram, à época, “um homem muito adulto e um outro que teria uns 20 anos”. A escritora não voltou a ter contacto com eles, mas eles ficaram gravados na sua memória mais profunda.
À Nova Gente, fala de como reagiu o companheiro à revelação e assume estar a pensar em fazer terapia para a ajudar a ultrapassar o que está agora a reviver.
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Texto: Ana Filipe Silveira