Filipa Lemos recordou o irmão, Tony Lemos, numa entrevista emotiva a Júlia Pinheiro, no programa da tarde da SIC. A vocalista dos Santamaria abriu o coração para falar do músico, que se suicidou em 2020, com apenas 48 anos, na sequência de uma depressão que tinha começado cinco anos antes, logo após se ter separado da mulher.
“Acho que a pandemia bloqueou o meu irmão. Ele tinha um defeito, que é o mesmo que eu tenho… Ele pensava demais, preocupava-se demais com os outros”, começou por dizer, acrescentando ainda que o irmão era “a pessoa que não via maldade em ninguém”. “Na pandemia acho que ele achou que era incompetente para com os outros”, sublinhou.
Nesta conversa, Filipa Lemos, formada em psicologia clínica, contou também a Júlia Pinheiro que fala com o irmão em dois locais: “São dois sítios de referência quando tenho dias muito maus: um deles é junto dele, fisicamente, digamos assim, e outro na Foz do Douro, que é um sítio onde eu gosto de assistir ao pôr do sol e de me reencontrar”. Em relação ao que sente com a perda de Tony Lemos, a cantora afirmou: “Existe a fase da aceitação pelo facto de ele não estar. Que dói, dói e muito. Aquele olhar era aquele olhar que dizia tudo. A cumplicidade que nós tínhamos era de tal forma grande que o olhar bastava. Nunca na vida terei cumplicidade com mais ninguém, nem com a minha filha”, acrescentou Filipa Lemos.
“Eu não me culpo e digo isto de uma forma muito frontal. Não me culpo, mas assumo que falhei com ele. Acho que se tivesse ficado cá [estava a viver no México na altura com o marido e a filha] as coisas teriam sido diferentes”, desabafou, por fim, Filipa Lemos.
