Ator português quebra silêncio sobre agressão: «Em quatro horas enchi um balde de sangue»

Onze meses se passaram desde que Diogo Fialho foi brutalmente agredido. Agora, o ator quebra o silêncio e recorda o momento traumático.

01 Jul 2019 | 18:00
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Onze meses depois de ter sido brutalmente agredido, Diogo Fialho esteve no programa Júlia, da SIC, esta segunda-feira, 1 de julho, e, pela primeira vez, falou sobre o trágico dia. O ator, de 27 anos, foi agredido em plena baixa lisboeta no dia 1 de agosto de 2018 e, até há data, ainda não foram encontrados os responsáveis pelo ataque.

Sobre o momento em que o incidente se deu, Diogo Fialho afirma que dois homens, que seguiam atrás de si, estavam constantemente a assobiar antes de o atacarem. Apesar de ter apenas uns «flashes» do sucedido, Diogo Fialho recorda:

«Fiquei sentado nas escadas do elevador de Santa Justa e alguém disse ao funcionário de um hostel que tinha um rapaz ensanguentado lá em baixo. Ele chegou lá, perguntou-me o nome e levou-me para o hostel. No hostel eu não estava consciente, também não estava inconsciente, estava num estado de choque. Mas aí percebi logo que não estava bem e que a única solução era chamar o INEM.»

Desde que deu entrada no hospital «com a cara desfeita», Diogo Fialho esteve quatro horas sentado numa cadeira de rodas. «Estive umas quatro horas sentado numa cadeira de rodas a encher o balde [de sangue]. Durante esse tempo todo enchi um balde de sangue», conta.

Tiago Fialho, irmão mais velho do ator, tem sido um grande apoio e ajuda a preencher as lacunas na memória de Diogo.

«Vi o meu irmão neste estado. A cara dele estava o dobro. Estava torta a cara e do lado esquerdo tinha um alto enorme, irreconhecível», revela. «A cara do meu irmão estava de tal maneira que o auxiliar não conseguia fazer a barba ao meu irmão. Eu vi que ele estava aflito e disse: ‘Traga-me as coisas, que eu faço-lhe a barba’. Enquanto ia fazendo, as lágrimas escorriam-me pela cara», recorda.

A operação de Diogo Fialho durou cerca de sete horas.

 

«É uma revolta todos os dias»

Onze meses depois do acontecimento, ainda não foram responsabilizados os autores da agressão. Na altura do acidente, Tiago Fialho dirigiu-se de imediato à esquadra para apresentar queixa, mas tal não foi possível.

«Disseram-me que tinha de ser o próprio a fazer a queixa», afirma o irmão de Diogo.

A queixa foi então apresentada dois, três dias depois. «Ninguém me perguntou nada. Eu fiz  a queixa e disseram: ‘agora para prestar declarações tem de esperar que o chamem’», conta Diogo Fialho, afirmando que «até hoje» ninguém o chamou.

Do acontecimento traumático, Diogo Fialho afirma que fisicamente «ficou uma cicatriz e um maxilar de titânio.» 

Tranquilo e positivo, o ator de 27 anos não se mostra indignado. «Nos primeiros meses eu chorava por atos bondosos. Ficava mais sensível. Recebi tanto carinho», recorda. E acrescenta: «Em relação à polícia, eu não tinha muitas forças e as que tinha, queria colocá-las noutro sítio. Não gosto de me sentir nervoso».

O mesmo não se aplica a Tiago Fialho que afirma: «É uma revolta todos os dias. Foi uma agressão gratuita e não se fez nada. Pode acontecer mais vezes, a mais pessoas.»

A equipa de produção do programa de Júlia Pinheiro entrou em contato com o Ministério Público e revelou a Diogo e Tiago Fialho que a resposta determina que «o inquérito conheceu despacho de arquivamento».

A reação foi de surpresa e Tiago Fialho promete não desistir de procurar justiça. «Quando aceitei vir foi para que não seja esquecido o que aconteceu ao meu irmão. O meu irmão é um paz de alma», termina.

Diogo Fialho participou em produções televisivas como Bem-Vindo a Beirais, da RTP1, e Mar Salgado, da SIC.

 

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Texto: Sílvia Abreu| Fotos: Redes Sociais
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