Bruno Nogueira chegou a ser assaltado todos os dias: «Era uma coisa bastante educada»

A presença de Bruno Nogueira no Alta Definição ficou marcada por várias revelações, ou não fossem poucas as entrevistas que o humorista dá. Até uma declaração de amor a Beatriz Batarda houve.

09 Dez 2019 | 8:20
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A infância, a adolescência conturbada, as idas à piscina da casa de José Cid e o amor que nutre por Beatriz Batarda. Foram muitos os temas abordados na rara entrevista que o comediante Bruno Nogueira, nome incontornável do humor em Portugal, concedeu a Daniel Oliveira para o programa da SIC Alta Definição.

Comecemos pelos primeiros anos da sua vida. Bruno Nogueira admitiu que não deu muito trabalho na infância, mas que devia ter levado «uma lambada» em alguns momentos chave da infância. «Nunca fui um estroina, sempre fui mimado, sempre fui um filho muito desejado. A minha mãe fez tratamentos porque achava que já não conseguia engravidar e, depois, nasci eu. A minha irmã queria muito ter um irmão», disse a Daniel Oliveira.

E acrescentou: «Tenho muito boas memórias da infância. Depois de se ser pai, há duas coisas que acontecem: passas a ser pai e passas também da posição de filho dos teus pais para protetor dos deles. Começa-se a perceber uma série de coisas. Não se está só naquela postura arrogante de ‘deem-me amor’. Passa-se a ser protetor, a cuidar dos seus e a perceber que eles também precisam porque estão numa idade que precisam».

Foi nesta altura de adolescência que o humorista frequentava a piscina da casa de José Cid. O cantor tem casa em Mogadouro e desde sempre abriu as portas da sua moradia para que os habitantes daquela vila pudessem desfrutar da piscina. Bruno Nogueira foi um deles. «Fui lá algumas vezes», contou, sem adiantar mais pormenores.

 

«Já sabia que ia ser assaltado, não valia a pena estar a complicar a vida aos ladrões»

 

A conversa prosseguiu com recordações da adolescência. O humorista confessou que não gosta de sair à noite e muito menos de frequentar discotecas. Fazer presenças para ele é algo que não faz sentido, até porque não é esse o seu objetivo de vida.

Bruno explicou que sempre foi um nerd na escola e que era assaltado todos os dias desde o momento em que frequentou uma escola de Alfragide. «Eu era basicamente um nerd, não tinha qualquer tipo de habilitação social para ser outra coisa. Eu até gostava de ser, mas não era, era um ‘bananas’, tinha a sorte de usar o humor e os tipos mais populares da escola acharem piada.. Mas não era, de todo, um tipo popular. Tinha uma incapacidade social e profunda timidez», admitiu.

«Lembro-me de, numa escola em que eu andava em Alfragide, levar todos os dias um euro para ser assaltado. Já sabia que ia ser, não valia a pena estar a complicar a vida aos ladrões. Era uma coisa bastante educada, não era uma coisa violenta. Eram as regras do jogo, ou então andava à pancada. E eu não tinha cabedal para isso», completou.

Bruno fez ainda questão de frisar que não sofreu de bulling por ser alto e magro, mas que ele próprio se questionava de como conseguia andar de pé. «Eu era ainda mais magro [do que sou hoje] e não há uma explicação para o meu corpo estar suportado em duas canas-da-índia», brincou. «Farto-me de comer, só que tenho um metabolismo muito acelerado.»

 

A rara declaração de amor à mulher

 

Bruno Nogueira, de 37 anos, mantém há vários anos uma relação com Beatriz Batarda, de 45. Juntos, têm uma filha, Luísa, nascida há cinco anos. Do relacionamento anterior com o falecido pianista e compositor Bernardo Sasseti, a reconhecida atriz é mãe de Maria, de 13 anos, e Leonor, de 15, que o comediante trata, naturalmente, como suas filhas.

Na entrevista a Daniel Oliveira, emitida este sábado, 7 de dezembro, pela SIC, o humorista realçou a importância que a família tem na sua vida e sublinhou a preocupação que sente pelo futuro das três menores.

«Só uma filha é que calha a ser de sangue, mas, na realidade, tenho três filhas. As três sofrem com as alegrias e os desalentos meus e da Beatriz. Preocupa-me se tiverem uma vida mais facilitada pelo mediatismo dos pais. Não gostava nada que elas não passassem pelo que têm de passar só porque há o escudo do mediatismo. Por outro lado, também não acho justo que elas tenham de levar com ricochetes que são direcionadas aos crescidos», sublinhou.

O humorista defendeu também que a maior herança que pode deixar às meninas são as memórias e a educação, «mais do que carros, casas e dinheiro», e declarou-se à mulher.

«O talento da Beatriz é sexy. Além de tudo, tira o melhor daquilo que sou. Ela tem uma inteligência emocional acima da minha. Tem a paciência necessária para pessoas estouvadas como eu. Nós conseguimos estar os dois cada um chateado com uma coisa e ela, socialmente, está impecável, que é uma coisa que me deixa doente. Sou muito mais primitivo nesse caso», afirmou.

 

A nega para Floribella: «Não sou bom a falar com árvores»

 

Pormenor curioso revelado nesta entrevista foi o convite que Bruno Nogueira recebeu e declinou para integrar o elenco da conhecida série infantojuvenil da SIC Floribella, na sequência do mediatismo que alcançou com a sua participação no programa de stand-up comedy Levanta-te e Ri, transmitido há 15 anos pela mesma estação.

A revelação envolvendo a ficção protagonizada, então, por Luciana Abreu e Diogo Amaral foi feita, claro, com muito humor à mistura. «Fui convidado para fazer a Floribella. Recusei. Não sou bom a falar com árvores. Eu é que estava mal, não era o convite, eu é que estava mal», vincou.

«Houve vários convites na altura do Levanta-te e Ri. Há uma coisa que os diretores de programas fazem: querem capitalizar tanto uma pessoa que acabam por estragá-la. Ou seja, as pessoas gostam dessa pessoa, então vão pô-la em tudo. Mas esquecem-se de que gostam dessa pessoa a fazer aquilo e noutra coisa qualquer», justificou.

 

Texto: Ana Lúcia Sousa com Dúlio Silva; Fotografias: reprodução redes sociais
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