César Mourão está de regresso à estrada para gravar novos episódio de Terra Nossa, SIC. Um programa que está no ar há seis anos e que conta com mais de 100 episódios. “As pessoas ainda veem o programa com o mesmo entusiasmo”, começa por dizer o apresentador, revelando qual é o segredo. “Eu tenho um lado muito natural, muito verdadeiro, o que faz com que as pessoas também sejam muito naturais e verdadeiras. Aquilo acaba por ser quase um reality show na rua. Gosto de editar muito pouco o programa, de pensar muito pouco, gosto de fazer com naturalidade e as pessoas acabam por se sentir tão à vontade que são naturais também”, afirma. O humorista conta ainda como é feita a escolha das terras onde é feito cada programa. “Não há nenhuma regra. Juntamo-nos num almoço e vamos mandando para o ar nomes, um porque tem lá uma prima… Depois há uma equipa que vai fazer a repérage, que vai ver alguma coisa mais específica. Por exemplo, o senhor que borda os vestidos de alta costura, isso é giro entrar. Mas isso é 50% do programa. Os outros 50 são na rua, no improviso”, partilha, entusiasmado.
César Mourão conta que se prepara para o programa, mas não quer saber com antecedência quem vai entrevistar e a sua história. E há um motivo. “Só na altura em que vou falar com a pessoa e bato à porta é que me dizem chama-se x e faz y. E entro por ali a dentro. A maior parte das coisas mesmo boas acontecem por acaso. Adoro o improviso. Não vejo muito humor na televisão nem outros programas para depois não ficar a pensar nessas ideias e surgir, sem querer, um plágio. Prefiro ser honesto e verdadeiro. Também não vejo os programas que vão para o ar. Brinco com a naturalidade. Continuo com o mesmo entusiasmo do primeiro dia.” A nova edição conta também com programas internacionais. César assume que é um privilegiado por estar há tantos anos no ar com o Terra Nossa, mas garante que ele não é o protagonista do formato. “Não é falsa modéstia, mas eu não me considero o apresentador daquele programa. Posso ter uma maneira de o conduzir, mas o Terra Nossa vive das pessoas. O protagonismo é dividido entre mim e o povo português. Não é um programa cultural, é um programa que é passado dentro de uma cidade, mas não visa mostrar a cidade. O objetivo é mostrar as pessoas que ali vivem e o quotidiano.”
Aos 45 anos, e no decorrer da conversa, o humorista assume que considera estar no auge da sua carreira quando lhe perguntamos se não pensa em abrandar o ritmo de trabalho, uma vez que faz várias projetos ao mesmo tempo. “Talvez este seja o meu momento. Aprendi uma coisa com o Herman José. Ele disse-me: ‘quando tinha os meus 40 anos e estava no meu auge, a gravidade foi que não percebi que estava no meu auge’. E eu fiquei atento a essas palavras. E acho que este é o meu auge, portanto estou a desfrutar dele. Tenho noção que esta é a altura e este talvez seja o pico na minha carreira. Quer dizer que daqui para a frente é sempre a descer”, ri-se completando: “Mas Deus queira que não seja.”
Texto: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com);
Fotos: Nuno Moreira e Reprodução SIC