Chris Martin: Vocalista dos Coldplay sofre de distúrbio que o pode levar ao suicídio

Médica otorrinolaringologista alerta que distúrbio incómodo que afeta Chris Martin, dos Coldplay, pode mesmo levar ao suicídio.

14 Set 2022 | 9:00
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Os Coldplay são uma das bandas do momento e não apenas em Portugal. Por cá foram anunciados quatro concertos em Coimbra que esgotaram rapidamente e a banda britânica, liderada por Chris Martin, acaba de atuar na edição brasileira do Rock in Rio e o espetáculo é já considerado uma das melhores atuações de sempre do festival que também se realiza em Portugal. Aquilo que é desconhecido de muitos fãs da banda é que o cantor lida há duas décadas com um distúrbio incómodo que pode mesmo resultar em surdez.

O nome da condição que afeta Chris Martin tem o nome de Tinnitus, ainda que seja popularmente conhecida simplesmente como zumbido no ouvido. O artista já faz saber que o problema foi diagnosticado em 2002 e que está relacionado com o facto de ter ouvido música alta durante um longo período de tempo. Esta situação levou mesmo a que o cantor fosse obrigado a usar um aparelho durante os concertos de modo a evitar a perda auditiva permanente.

Tudo isto faz com que se verifique uma maior curiosidade em torno da condição que afeta Chris Martin há duas décadas. Será que o problema tem origem apenas na música alta? A Globo esteve à conversa com a médica otorrinolaringologista Ana Carolina Telles que aborda o tema de forma mais desenvolvida. O Tinnitus é uma ilusão auditiva. Ou seja, uma percepção sonora, sendo que o som não tem origem em nenhuma fonte externa. Os zumbidos podem variar na intensidade, tanto podem aparecer num ouvido como em ambos e podem ser contínuos ou intermitentes. De acordo com a especialista, uma das formas de identificar o problema passa por uma audiometria.

Causas

– Perda auditiva;
– Exposição a ruídos, como música alta com ou sem fones;
– Envelhecimento;
– Alimentação (especialmente cafeína e derivados);
– Medicamentos;
– Excesso de cera;
– Doenças sistémicas, como hipertensão;
– Stress;

Problema comum em músicos

Salienta a especialista que a música alta, ouvida com ou sem fones de ouvido, é um dos principais fatores de perda auditiva por ruídos. Qualquer barulho acima de 85 decibéis pode dar origem a lesões auditivas quando se verifica uma exposição prolongada. Daí que seja um problema bastante comum em músicos. “ Quando há exposição a sons muito altos, é comum que ocorra um trauma acústico, que é quando as células auditivas são danificadas de forma temporária ou permanente. Neste cenário, a exposição a quaisquer ruídos de forte intensidade pode causar perda de audição. Com as lesões e consequentes perdas auditivas, surge o zumbido no ouvido. Embora seja um sintoma comum após a exposição à música alta, o zumbido deve ser observado com atenção, pois pode indicar danos auditivos preocupantes, especialmente quando o zumbido permanece depois de horas ou mesmo dias após a exposição aos sons altos”, explica.

“É relevante lembrar que o zumbido pode afetar atividades da vida diária, bem como atividades mentais superiores, podendo levar ao isolamento social e até mesmo ao suicídio em casos extremos”

Também existem estudos que associam o zumbido no ouvido ao stress. Sendo que está provado que quanto mais elevado for o nível de stress, maior será a duração do zumbido. O que significa que pessoas que sofrem com stress severo também podem lidar com este problema.

Tratamento

Explica a otorrinolaringologista que o tratamento está sempre dependente da origem do problema. Ainda assim pode passar por alterações na alimentação e nos hábitos. Como é o caso de reduzir a exposição a ruídos altos com origem, por exemplo, na televisão e fones de ouvido. Existe também a possibilidade de a solução passar por medicação e cirurgias. “É relevante lembrar que o zumbido pode afetar atividades da vida diária, bem como atividades mentais superiores, podendo levar ao isolamento social e até mesmo ao suicídio em casos extremos. Pacientes com exposição prolongada a ruídos, como músicos, acabam por ter uma maior predisposição a zumbidos de alta intensidade”, conclui.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: DR
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