Uma mulher que luta contra um cancro partilha a sua vida com um homem que conhece através do Facebook. Este partilha pormenores íntimos da sua vida. Vivem uma relação íntima, à distância, conectados através das redes sociais. Um dia, ela morre. Mas, afinal, era tudo mentira.
Esta é, em traços largos, a premissa da reportagem A Rede, que a SIC começa a exibir esta terça-feira, 29 de janeiro, no Jornal da Noite. Da autoria de Conceição Lino, a reportagem, dividida em três partes, é contada na primeira pessoa pela vítima desta fraude (o termo é inglês é catfishing).
Em entrevista à TV 7 Dias, Conceição Lino levanta o véu sobre o primeiro episódio de @Rede e explica quais os aspectos mais assustadores desta realidade que afeta milhões em todo o mundo.
Acha que os utilizadores têm a noção real dos potenciais perigos do Facebook?
Há muitas pessoas que usam as redes sociais, em particular o Facebook, sem refletir sobre o uso que dão aos perfis e àquilo que revelam sobre elas. E mesmo que haja ferramentas que dão acesso restrito à informação de cada pessoa, isso não é garantia de que essa mesma informação não vá parar às mãos erradas.
Ponho a questão desta maneira: quantos “amigos” é que cada um tem que são realmente pessoas em quem se pode confiar? Alguma vez pararam para pensar sobre o que da sua vida privada tornaram público e para quem?
Sobre os comentários que fizeram e sobre as consequências que esses comentários podem vir a ter, o que A Rede vem mostrar é que é possível haver alguém do outro lado, invisível, que pode estar a manipular e com más intenções quando as pessoas se sentem seguras.
«Há casos em que nunca se sabe o quê ou quem é que estava, ou está, do outro lado»
Quais foram, para si, os aspectos que mais a impressionaram desta história?
Esta história é impressionante por vários motivos. Começa com um simples pedido de amizade no Facebook e a partir do momento em que ele é aceite está lançada a Rede. Desde logo sublinho a quantidade de acontecimentos ficcionados e também o tempo que dura até ser descoberta.
Há alguém que vai montando um enredo que envolve pessoas reais e personagens inventadas e vai gerindo tudo isto ao longo de 2 anos. Depois, o próprio facto de ter acabado por ser descoberta, porque há inúmeros casos em que nunca se sabe o quê ou quem é que estava, ou está, do outro lado. E neste caso foi possível desmontar um “puzzle”complicado e perceber como é que foi elaborado.
Há uma pedagogia incontornável nesta reportagem. Que mensagem é que gostaria que ficasse?
Parece-me que o mais importante é levar as pessoas a reflectir sobre a vida que mostram aos outros nas redes sociais e até que ponto isso pode virar-se contra elas. Depois, convém sublinhar que neste caso só foram envolvidos diretamente adultos. Portanto, quando nós vemos adultos tão diferentes uns dos outros caírem nesta armadilha, podemos imaginar quão fácil é levar crianças e jovens a acreditar em todo o tipo de mentiras e a serem alvos preferenciais de quem se esconde no mundo virtual.
A Rede é exibida a 29, 30 e 31 de janeiro no Jornal da Noite.
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