Conceição Queiroz expõe “ataques racistas”: “Devias ser violada. Andas na coca”

Conceição Queiroz revelou nas redes sociais alguns dos “ataques racistas” de que é alvo. “Todos os dias lido frontalmente com uma história imunda”, diz a jornalista da TVI, dando exemplos.

09 Jan 2021 | 8:50
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Conceição Queiroz expôs os vários “ataques racistas” de que é alvo num longo desabafo partilhado nas redes sociais. Segundo a jornalista da TVI, os comentários discriminatórios são “diários”. “Todos os dias lido frontalmente com uma história imunda”, afiança, numa mensagem partilhada esta quinta-feira.

Na missiva, a pivô começa por relatar o teor de algumas mensagens que recebe. “Dizem de tudo. Que me prostituí para chegar onde estou (Mulher africana é burra. Tem de dormir com alguém para subir na vida), que não entendem como me dão trabalho que é só para brancos, ordenam que me vá embora, ligam para o meu local de trabalho a pedir que seja afastada (atendi uma dessas chamadas), dizem ‘sua preta, tiras o lugar aos portugueses’, ‘devias ser violada’, ‘tens essa boa disposição irritante, andas na coca’…”, revela.

 

Conceição Queiroz: “Peço aos agressores que continuem a atacar-me”

 

Apesar dos ataques que lhe são diretamente dirigidos, Conceição Queiroz assume que a sua “preocupação” está em quem sofre da mesmo tipo de descriminação, mas “não se defende”.

“Mas isso sou eu, com espírito aguerrido e os antepassados a protegerem. Enfrento-os. A minha preocupação são os outros (igualmente destratados) sem a estrutura que me acompanha. É por isso que não deixo de lutar. Em plena pandemia, desejarem-nos a morte. É patológico, mas também maquiavélico. Peço aos agressores que continuem a atacar-me, mas abandonem quem (ainda) não se defende e fica com cicatrizes para o resto da vida. Há quem esteja a comprimidos e em depressão por causa desta clara forma de terrorismo”, explica.

Em jeito de remate, o rosto da informação da estação de Queluz de Baixo pede à “comunidade” que invista “na formação”. “Não baixem a cabeça, não aceitem o desrespeito. Não sejam violentos, mas afirmativos”, declara a jornalista, que aproveita a mensagem para agradecer ainda “aos brancos” que não defendem o racismo. “Não se esqueçam do vosso valor. Não se esqueçam também que não desisto de nós!”, conclui.

 

 

Texto: Alexandre Oliveira Vaz; Fotos: Arquivo Impala
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