Conceição Queiroz usou as redes sociais para falar sobre o crime que, este fim-de-semana, deixou o País em choque. A morte do ator Bruno Candé, 39 anos, no passado sábado, 25 de julho, em Loures, com quatro tiros disparados à queima-roupa por um idoso de 76 anos, apanhou todos de surpresa e as alegadas motivações racistas têm sido tema de discussão.
Por essa razão, a pivô da TVI resolveu deixar o seu parecer através de um vídeo que partilhou no Instagram, referindo a morte de George Floyd, norte-americano negro morto por estrangulamento por um polícia branco, em maio deste ano. O sentimento de revolta correu o mundo e, por cá, fazem-se comparações que Conceição Queiroz considera sem nexo.
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«Eu acho que não faz muito sentido continuarem a fazer comparações entre aquilo que são os impactos nos Estados Unidos, da morte do George Floyd, e aquilo que são os impactos em Portugal quando acontecem situações do género. Até porque a morte do George Floyd não teve impacto só nos Estados Unidos. O mundo inteiro viu aquelas imagens, o mundo inteiro mobilizou-se, o mundo inteiro sensibilizou-se. Eu tenho amigos no Ganda, no Quénia, que viram aqueles oito minutos e quarenta e seis segundos, aquela morte lenta», começou por dizer.
«Não perguntem por que não se vê o mesmo em Portugal. A resposta é simples: porque nós não temos o mesmo caráter de luta. Não vamos ver nunca, eu não acredito. Eu sou patologicamente otimista, como alguém diz. Não acredito que se veja algum dia em Portugal aquele caráter de luta, aquela mobilização que se viu nos Estados Unidos, aquela revolta. Sim, porque é revoltante. Não vamos tapar o sol com a peneira.
Isso não se vai ver nunca em Portugal. E não vamos também tentar comparar e dizer que se sofreu mais quando desapareceu George Floyd, sendo um americano que nada nos diz. Isso não é verdade. Ele diz-nos tudo! Uma morte é uma morte. A perda de uma vida, onde quer que ela seja, é uma dor tremenda. Eu tenho o coração dilacerado», referiu.
Conceição Queiroz pediu que se respeitassem as opiniões e formas de agir diversas uns dos outros, não criticam o outro.
«Eu estou a chegar do local do crime. Eu não conseguia dormir, fiz questão de ir lá e ver de perto, sentir aquela atmosfera. Eu mandei mensagens à família do Candé, inclusivamente. Então não escrevam nas redes sociais a dizer que quem não publicou nada significa que não sinta. Isso não é verdade. Vocês nada sabem das lutas dos outros, o que outros fazem nos bastidores, não é justo. Foram várias as pessoas que se queixaram de terem sido acusadas de não terem posto nada nas redes sociais. As redes sociais não são o novo tribunal do século XXI», esclareceu.
A pivô da TVI aproveitou ainda para, em jeito de despedida, referir «a concentração em memória das vítimas que desapareceram do racismo e de qualquer forma de preconceito», que acontecerá esta sexta-feira, 31 de julho, pelas 18 horas, no Largo de São Domingos, em Lisboa.
Texto: Marisa Simões; Fotos: DR