Concorrente do “Big Brother” choca o país: Impedido de dar sangue por ser homossexual

Bruno Gomes d’Almeida é um dos concorrentes da nova edição do “Big Brother”, da TVI, que se estreou na noite deste domingo. O rosto do jovem, de 32 anos, não é totalmente desconhecido do público.

14 Set 2021 | 8:10
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Bruno Gomes d’Almeida é um dos concorrentes da nova edição do “Big Brother”, da TVI, que se estreou na noite deste domingo, 12 de setembro. No entanto, o rosto do jovem, de 32 anos, não é totalmente desconhecido do público.

Em janeiro deste ano, o arquiteto tornou público um episódio indelicado que viveu no Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST). Apesar do medo que tem por agulhas, decidiu que estava na altura de dar sangue – até porque é dador universal (tipo O) e a escassez de sangue nos hospitais tem aumentado.

Após quatro horas de espera, o jovem foi impedido de o fazer… por ser homossexual. Bruno pediu explicações, tendo-lhe sido dito, inicialmente, que tinha de estar em abstinência sexual durante 12 meses para poder dar sangue. Intrigado, exigiu um esclarecimento dos responsáveis daquela unidade, que se justificaram com “procedimentos internos”. O agora concorrente do reality show da estação de Queluz de Baixo não se contentou com o que acabara de ouvir e decidiu denunciar a situação preconceituosa. Um mês depois, fruto de muito debates políticos e da criação de um grupo de trabalho para redefinir a norma ambígua vigente, o jovem voltou ao IPST e conseguiu concluir, com sucesso, a tarefa.

Bruno Gomes d’Ameida conta, ao pormenor, o que lhe foi dito

Contada a história, vamos agora aos pormenores. Na primeira (e dura) ida ao IPST, Bruno Gomes d’Almeida dirigiu-se àquele Instituto com duas amigas, uma vez que tinha sido anunciado que as reservas de sangue durariam, no máximo, entre quatro a sete dias.

Quando lá chegaram, deparou-se com uma longa fila de pessoas, tendo sido depois encaminhado para o pavilhão do Infarmed. Lá, foi-lhe dado, como é normal, um questionário. Um técnico de saúde encarregou-se depois de confirmar as informações reveladas pelo jovem. Às perguntas “teve parceiras trabalhadoras do sexo?” ou “teve várias parceiras nos últimos anos?”, Bruno retificou “não são parceiras, são parceiros”. Friamente, o profissional de saúde atirou: “Homens que fazem sexo com homens não podem dar sangue”. Esta era a norma em Portugal até há alguns anos. Confrontado com a recusa, o arquiteto insistiu para que lhe fossem dadas explicações. “Procedimentos internos”, foi a resposta.

A apresentação de Bruno d’Almeida no Big Brother

Bruno Almeida tem 32 anos e é natural de Castelo Branco, mas vive em Lisboa. Cresceu entre Paris [França] e Castelo Branco e estas duas realidades tão distintas vincaram a sua personalidade. Assume ser ativista e o seu ativismo pelos direitos humanos já o levou à Assembleia da República, onde discursou que se achava um privilegiado por ser homem, branco e com estudos, e também uma voz ativa da causa LGBT.

Considera-se muito inteligente. Estudou na Noruega e viveu na Indonésia. Diz que até hoje nunca ninguém entrou numa discussão com ele e saiu por cima, “quero ver se é no Big Brother que isso vai acontecer…duvido”.

Texto: Ivan Silva; Fotos: redes sociais

 

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