Cristiano Ronaldo ajuda crianças da Lousã (exclusivo)

Afonso teve uma vida normal até aos 15 anos e Isa até aos 10 meses. Hoje sofrem de atraso de desenvolvimento e precisam de terapias para ter qualidade de vida. Cristiano Ronaldo associou-se a ambos.

05 Fev 2024 | 18:12
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Cristiano Ronaldo juntou-se a mais uma ação solidária, desta vez para ajudar o Afonso, 19 anos, e a Isa, de sete, naturais da Lousã, que precisam de cuidados diários e de tratamentos avultados que lhes permitam ter alguma qualidade de vida. A iniciativa foi de Pedro Miguel Pedrinho, agente de jogadores futebol na empresa Agent Football JPF Agency, que conseguiu entrar em contacto com o jogador português ao serviço de Al-Nassr, da Arábia Saudita. Ronaldo decidiu doar uma camisola autografada e que está em leilão até dia 6 de fevereiro em que o valor reverte totalmente para as duas causas.

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“Não é fácil chegar ao Ronaldo, apesar de me dar bem com a irmã, Elma, mas eles recebem milhões de pedidos e ela disse-me que não podia fazer nada. Mas eu dou-me muito bem com o Luís Castro, o treinador do Al-Nassr, falei com ele que ficou muito comovido e disse que ia falar com o Cristiano. Falámos em vídeo chamada, expliquei-lhe a situação e ele disse logo que ia dar a camisola assinada. E está a ser leiloada desde 6 de janeiro”, conta Pedro à TV 7 Dias. As duas famílias ficaram “muito emocionadas” quando souberam da ajuda de Ronaldo e voltaram a ver alguma luz ao fundo do túnel.

Famílias ficaram “muito emocionadas”

“Ficámos extasiadas. É uma ação que nos aquece muito o coração. Fiquei super emocionada e agradecida”, conta Ana Travassos, mãe de Afonso, que em 2019, quando tinha 15 anos, sofreu uma paragem cardiorrespiratória na escola, ficando 21 minutos sem respirar. “A partir daí a nossa vida mudou. Falar nisto é complicado. O meu filho esteve morto, mas agarrou-se à vida. Os bombeiros que o assistiram nunca desistiram dele, conseguiram agarrá-lo e o Afonso está cá e contra todas as expectativas médicas, sobreviveu. Mas ficou com uma paralisia cerebral muito grande, 95 por cento. É completamente dependente de nós”, conta, emocionada, a mãe do adolescente. Ana teve de deixar de trabalhar para cuidar do filho. “Tivemos de alterar toda a nossa vida, a nível de infraestruturas, ninguém compra uma casa a pensar que uma pessoa pode ficar em cadeira de rodas, acamada. Tivemos a ajuda da Cooperativa Pedrinhas que nos estendeu a mão a nível da alteração da nossa casa, que conseguiu fazer um quarto adaptado para o Afonso, uma casa de banho. As nossas leis e o Estado não precavêm isto. Não há escolas que o recebam a tempo inteiro e que facilitem o facto de eu poder trabalhar”, desabafa Ana.

As despesas mensais desde então tornaram-se avultadas, devido a todas as necessidades do menino. “A medicação, os cremes, as fraldas, as terapias, que são necessárias. Uma pessoa em paralisia cerebral não tem as capacidades de uma pessoa normal e padece de uma envelhecimento a nível de tónus musculares e, é precisa muita fisioterapia para eles se manterem no seu bem estar. Desde aí que tem sido a nossa bandeira, criar o bem estar do Afonso, isso é o que importa. Ele tem vindo a melhorar à medida que nós também podemos avançar com novos tratamentos”.

 

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Neste momento o objetivo de Ana é levar o filho a uma clínica a Braga para fazer um novo tratamento, pioneiro em Portugal, através de propagação de ondas magnéticas cerebrais, em que 20 sessões são oito mil euros. “E nada é comparticipação pelo Estado. Os poucos subsídios que o Afonso tem direito não contemplam este tipo de coisas. Só criando estas situações de eventos, rifas, patrocínios é que nós conseguimos alcançar alguma coisa. É só um ordenado aqui em casa, o do pai. Mensalmente ronda os 1500 euros, fora outras pequenas coisas e tratamentos que vão aparecendo. Não é fácil sobreviver numa situação destas”, sublinha Ana.

“Ficámos sem chão”

Carla Dias, mãe de Isa, também viu a sua vida mudar quando a filha tinha 10 meses. “Ela nasceu em 2016 e até aos 10 meses foi tudo normal e maravilhoso”, começa por revelar. Foi uma febre alta que denunciou que algo não estava bem. Depois de uma ida ao hospital, Isa parecia ter melhorado, mas Carla estranhou um comportamento na sua menina, quando não se manifestou no momento de comer a papa e a fruta triturada. “Só queria dormir, adormecia imediatamente, já não tinha febre e levámo-la novamente às urgências. Lá teve a primeira crise epilética. Teve uma convulsão, e foi um momento em que ficámos sem chão, ela não respondia à nossa voz, tinha sempre o olhar desviado. Foi para a reanimação e depois repetiu a crise epilética às 6 da manhã, às 11, ao meio dia… Foi para os cuidados intensivos. Tentaram perceber o que estava a originar a encefalopatia epiléptica, foi uma bola de neve, foi sempre piorando, foram aplicando várias técnicas. Como não era nada, tudo se encaixava numa infeção febril de causa inespecífica que em três a 10 dias as crianças entram em estado epilético com muita dificuldade em reverter a situação”, partilha a mãe de Isa, hoje com sete anos.

Ao fim de 52 dias saiu dos cuidados intensivos, com altas doses de medicação. As crises pararam e esteve mais dois meses na enfermaria. “Quando cheguei a casa trazia outra filha, costumo dizer como uma bonequinha de trapos. Não mexe uma perna, um braço, a cabeça, tem sempre o olhar desviado, não nos reconhece. O que ficou desta síndrome foi uma encefalopatia epiléptica e uma atraso de desenvolvimento muito grande”, conta.

Os pais nunca desistiram da menina e com o recurso a terapias intensivas, Isa começou a apresentar algumas melhorias e já conseguia segurar a cabeça, por exemplo. “Traz qualidade vida a ela e a nós. Já a consigo vestir sentada, não a posso deixar sozinha que manda-se para trás. O olhar já não está sempre desviado, já consegue seguir alguns objetos, tudo com as terapias que lhe conseguimos fazer com a ajuda que as pessoas nos dão. As tampinhas, eventos, o Cristiano Ronaldo, fizemos um concerto com André Sardet e o Tiago Nogueira dos Quatro e Meia e juntámos 17 mil euros”, agradece. Os gastos mensais são também muito avultados. “São 40 euros por hora e faz três vezes fisioterapia, duas de terapia ocupacional e de terapia da fala, são sete horas por semana, mais a medicação, fraldas, transporte… O tratamento em Braga é que é mesmo muito caro. Um ciclo são quatro semanas e são 4100 euros. Ela faz ou sete ou oito semanas. Nós conseguimos pagar ou com estes eventos ou com as tampinhas”, termina.

Como ajudar?

Conta solidária Afonso – PT50 0018 0003 4931 2341 0204 1

Conta solidária Isa – PT50 0010 0000 5666 2270 0018 3

Os interessados em ajudar as duas famílias e ficar com a camisola de Cristiano Ronaldo pode fazer uma licitação.

Texto: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com)
Fotos: D.R.
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