“Custa muito”: Daniela Ruah viveu meses de aperto com pai a recuperar de AVC

A COVID-19 dificultou a vida de Daniela Ruah, que esteve afastada da família durante quase dois anos. Agora, está em Portugal, a realizar o telefilme da RTP1 “Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito”.

29 Jun 2021 | 16:20
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Daniela Ruah esteve em Portugal pela última vez em novembro de 2019. A pandemia trocou-lhe as voltas e fez com que a saudade lhe explodisse no peito. Foram meses de aperto e com um travo amargo. No entanto, o tão ansiado reencontro com os seus finalmente aconteceu. A atriz não escondeu a emoção que sentiu.

“Não vinha desde 2019 e custa muito. Os meus pais também não puderam ir. Fiz ‘A Espia’. Voltei quando o meu pai teve um AVC, em 2019, logo no princípio da rodagem de ‘A Espia’. Entretanto, passou por aquilo que se passa com um AVC. Voltei em novembro desse ano, para estar com ele durante a sua recuperação, e só voltei agora, mas já estive com ele e já lhe dei beijinhos e abracinhos”, conta à TV 7 Dias, reforçando o sabor de voltar a casa.

“O sabor da comida, o sabor dos beijinhos dos meus pais, o cheiro da casa deles, ver os meus filhos, que há dois anos só falavam com os meus pais por facetime, a correr para lhes dar um abraço e não estranharem, apesar de não os verem há dois anos, não há nenhuma estranheza, antes pelo contrário, poder ver isso traz-me imensa felicidade”, diz.

 

Daniela Ruah vai ficar “mais umas semaninhas” em Portugal

 

De férias em Portugal, em família, a sua passagem por solo luso não foi apenas em lazer. Daniela Ruah estreou-se como realizadora na ficção nacional, no telefilme da RTP1 “Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito”, da saga “Contado por Mulheres”. E foi no centro histórico de Torres Vedras, por onde andou a rodar esta produção, que decorreu a conversa com a atriz, que antes de regressar ao trabalho, nos Estados Unidos, irá aproveitar a sua estada por cá na companhia dos pais, do marido, David Olsen, e dos dois filhos, Sierra e River.

“Acabei as gravações lá [N.R.: Nos Estados Unidos, onde gravou a 12.ª temporada de ‘NCIS: Los Angeles’], enfiei-me num avião e vim para cá começar a preparar o filme. Só sei que começo a gravar dia 15 de julho, portanto, ainda vou ficar cá mais umas semaninhas. Tenho cá os meus filhos. Estão naquela idade escolar que já não convém faltar e tirá-los da escola mais cedo, e ficaram com o pai nos Estados Unidos. Mas já estão cá e agora vou aproveitá-los aqui com os meus pais.”

 

“Para agarrar esta oportunidade, tinha de ser agora”

 

Porém, este não é o seu primeiro papel como realizadora. Na série “NCIS: Los Angeles”, na qual dá vida à agente Kensi, Daniela Ruah teve recentemente a sua primeira experiência nesta área: “Aprendi muita coisa. Aliás, comecei a aprender muita coisa já como atriz, porque, quando pensei em realizar nos Estados Unidos, tive um miniempurrão de vários amigos. O Diogo Morgado foi um deles, quando gravámos ‘A Espia’. Agora, com os movimentos de empoderamento feminino, há espaço para darmos esse passo, sem termos pessoas a dar-nos para trás, no fundo. Para agarrar esta oportunidade, tinha de ser agora”, tece.

E reitera: “Quando decidi sugerir realizar nos Estados Unidos, pensei em tirar um curso, mas uma das realizadoras que trabalham connosco disse-me: ‘Tu vives dentro de uma escola de cinema, senta-te com o editor, senta-te com os câmaras, com as equipas, vê o que eles fazem e o que é importante’.”

 

“No meio masculino eu sou a outra, num país católico eu sou judia”

 

Sobre o telefilme “Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito”, cujas gravações terminaram no final da última semana, a artista sublinha: “Tive oportunidade de criar as coisas do zero. Aqui, por exemplo, a cultura africana usa muitos padrões na roupa, há cores vivas, e isso não podia chocar com o décor, que não pode ter muitos padrões”, explica, frisando como se sentiu por realizar um filme africano escrito pelo angolano Ondjaki.

“Posso não saber o que é ser uma africana em Portugal, mas sei o que é ser emigrante cá, em Londres e nos Estados Unidos. Nasci lá, cheguei a Portugal com seis anos e voltei para os Estados Unidos com 23, como emigrante, a habituar-me às pistolas e políticas malucas. Tenho noção do que é ser o outro, porque no meio masculino eu sou a outra, como mulher, num país católico eu sou judia, eu sou diferente da cultura. Mas posso inserir-me e assimilá-la. Isto dá-me uma forma de ver e viver a minha vida de uma forma um bocadinho diferente. Eu é que tenho de me adaptar ao sítio onde estou, mas não é por isso que perco a minha identidade.”

 

“Espero continuar a ter um pé na área da realização”

 

E foi pela diferença que este projeto “muito especial” a conquistou. “Isto é um telefilme, é mais curto, mas isso é bom. Nos Estados Unidos, fazemos 42 minutos de episódio. Aqui tenho até 60 minutos. Vou aumentando devagarinho. Se calhar, no próximo projeto, já são 90 minutos”, afirma.

Daniela Ruah confidencia que pretende conciliar a representação com a realização. “É um passo lateral e vou ter sempre um pé em cada uma destas profissões. Na representação de certeza, na parte da realização espero continuar a ter um pé nesta área”, conta, lembrando uma conversa que teve com o marido há uns anos. “O meu marido perguntou-me: ‘Se não estivesses a representar, o que te faria feliz?’. Eu não soube responder. Agora já tenho a resposta: vou realizar.”

 

“NCIS: Los Angeles” não pára

 

Prestes a iniciar a rodagem da 13.ª temporada da série na qual dá vida a Kensi Blye, Daniela Ruah afirma que a pandemia não afetou o trabalho desta produção. “Quando fecharam tudo, só ficou por gravar o último episódio. Quando voltámos a trabalhar nesta 12.ª temporada, já estava tudo estruturalmente no sítio para fazer a coisa mais segura possível. Fizemos testes PCR todos os dias e dividiam o elenco em núcleos.”

 

Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotos: Tito Calado e reprodução redes sociais

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1788 da TV 7 Dias)

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