Custódia Gallego RECORDA morte do filho: «O Universo ROUBOU-LHE A VIDA»

Custódia Gallego perdeu o filho Baltazar após dois anos e meio de luta contra um cancro. A atriz revela que se agarrou ao trabalho para superar a dor.

21 Mar 2019 | 7:50
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O teatro foi a salvação de Custódia Gallego após a morte do filho, Baltazar, de 31 anos, que faleceu a 25 de agosto do ano passado depois de dois anos e meio a lutar contra um cancro. Em entrevista a Júlia Pinheiro, esta tarde na SIC, a atriz conta que estreou uma peça de teatro nove dias depois do maior drama da sua vida porque «viver a ficção era melhor do que a realidade».

«Ainda bem que fui [trabalhar]. Eu não consigo dizer que não a compromissos, não sou capaz. Tinha-me comprometido com o João Mota para fazer aquela peça de teatro a partir de 3 de setembro […] não saberia dizer que não e, digo-te, ainda bem porque ter um foco, estar focada… o exercício físico e o trabalho são os únicos momentos em que consigo, por razões diferentes, estar focada e o mundo a volta não estar cheio de buracos», diz. «Foi uma peça muito complicada, mas ainda bem que era aquela peça, aquela ficção era muito melhor do que a minha realidade, era fixe todas as noites ir para ali viver outra coisa.» 

Depois, Custódia Gallego explica, pela primeira vez, como morreu o filho. Baltazar foi fazer «um tratamento normal» contra a doença e não acordou. Morreu dias depois.

«A dúvida é dos piores sentimentos do mundo»

 

Ao longo dos dois anos e meio de doença, o mais difícil para Custódia foi lidar com a dúvida. Ficaria o filho totalmente recuperado ou com alguma sequela?  «Como outra doença qualquer com o estigma de um cancro, mesmo que saibamos que a ciência está evoluída, é uma situação de dúvida. Durante dois anos e meio o sentimento de dúvida persistia e a dúvida é dos piores sentimentos do mundo. Deixam-te inerte, é o pior que há», desabafa.

«Ele teve uma boa vida»

 

Após a morte de Baltazar e para superar a dor, Custódia Gallego agarrou-se à ideia de que o filho foi feliz e aproveitou a vida ao lado da mãe. «Claro que não o tenho fisicamente, mas para o mal e para o bem, nos dois anos e meio de tratamento […] eu tive o privilégio, que não é possível a todas as mães, de ter uma relação com um filho adulto que não teria em outras circunstâncias, porque um filho adulto é independente», diz. «Houve tempo para falar, aprofundarmos uma relação que não teríamos aprofundado. Eu sei a quantidade de pessoa que agora já não tenho, mas ele foi isto tudo, portanto eu tenho bué de coisas», afirma, recordando uma frase da companheira do filho que a marcará para sempre. «Ele teve uma boa vida, ele fez tudo o que quis, ele foi feliz, teve sempre ajuda, nunca lhe faltou nada e isto garante-me que o pouco tempo que ele viveu, viveu bem e quem sabe o que seria a seguir. É assim que eu me descansei hoje, quem sabe o que seria a seguir».

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A atriz conta que ninguém estava à espera do dramático desfecho, porque a expetativa era que Baltazar superasse mais um tratamento contra a doença. «Para mim foi evidente, ao longo deste tempo todo, que a expetativa não era aquela […] fez um tratamento e depois adormeceu, os médicos puseram-no a dormir porque era preciso e foram cinco dias à espera que coiso. E o universo tirou-lhe a possibilidade de viver.»

«O Universo roubou-lhe a vida»

 

«Não existe fisicamente, doí como o caraças porque eu queria que ele vivesse, porque eu sei que ele tinha bué projetos à espera, concertos… o universo roubou-lhe a vida, isso não sei se alguma vez vou deixar de sentir porque é uma verdade absoluta para mim», lamenta.

Texto: Redação Win – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala
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