Numa altura em que a sua personagem, Afonso, na novela “Terra Brava” assume mais protagonismo, João Jesus já virou a página a este projeto e estreou-se num bem diferente, “A Generala”, uma série da SIC, que pode ser vista no novo canal streaming OPTO.

A TV 7 Dias falou com o ator sobre esta série, onde veste o papel de Artur – o melhor amigo da generala (Soraia Chaves) –, que tem a particularidade de ser gay. “Ser ator/atriz requer exatamente essa disponibilidade de mudar facilmente o ‘chip’”, comenta.

Sobre a sua personagem, João revela que o “teatro é a segunda casa do Artur Mourato. Ele é muito bem-disposto e cheio de vida. Tem várias funções no teatro, é ator, encenador, contrarregra, etc. É uma das personagens que atravessam a vida da generala em Lisboa – diria um dos poucos amigos que fez.”

Numa série onde a personagem principal se disfarça de homem para conseguir ter os mesmos direitos, João Jesus refere que hoje em dia já se “ganhou e evoluiu humanamente” na conquista de direitos iguais. Ainda assim, sente que, atualmente, as ameaças aos nossos direitos estão a crescer. “As políticas intolerantes defendidas pela extrema-direita começam a proliferar por todo o Mundo e isso é um gigante passo atrás”, analisa.

Sobre a homossexualidade na segunda metade do século XX, o intérprete diz que também não foram tempos fáceis. “Viviam escondidos, num submundo, não podiam ser e estar como queriam, e naturalmente isso tinha repercussões na forma como se comportavam, na sua vida social e como mascaravam as suas diferenças numa sociedade intolerante e fechada”, conta, sem querer explicar se vai ser um gay “dentro ou fora do armário”.

Relativamente a “Terra Brava”, João Jesus diz que precisou de algum tempo para se desligar da personagem, num projeto onde se “criou um ambiente muito especial”. Sobre a sua personagem, que neste momento saiu da cadeia por um crime que não cometeu, o ator explica que “o Afonso não mudou radicalmente. A experiência da prisão foi intensa, mas ele ultrapassa o ‘trauma’ assim que volta para casa. Continua a ser o betinho da vila, mas com a experiência de ter passado seis meses na prisão”.

 

Texto: Luís Correia (luis.correia@impala.pt); Fotos: Divulgação SIC

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1761 da TV 7 Dias)