De volta aos estudos: Carla Andrino divide-se entre a novela e as consultas de psicóloga

Aos 56 anos a atriz não tem mãos a medir com tanto trabalho, brilhando atualmente como Naná em “Sangue Oculto”, mas garante que consegue “ter tempo para tudo!”

04 Fev 2023 | 16:50
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Carla Andrino deu vida a uma personagem com uma grande carga emocional na novela “A Serra”, a atriz voltou ao registo cómico na novela “Sangue Oculto e está encantada com a sua Naná. No entanto, sublinha:Não é fácil. Vou sempre muito feliz para casa, mas chego a casa exausta, porque ela está sempre em altas, quando corre bem, corre bem, quando corre mal, corre mal. Está sempre tudo em “muito”, muito eufórica. Sendo que esta personagem também me dá a liberdade para improvisar, o texto já é grande e eu acrescento, acrescento, mas sempre em altas e chego a casa e digo “Oh, Naná, tu estás a dar-me trabalho”. Mas é bom e foi um grande desafio não fazer nada que já tivesse feito.”

A atriz confessa que no inicio teve receio de se colar a uma das personagem que mais gostou de interpretar, na novela Doce Tentação, por serem registos semelhantes. “Não sabia bem para onde é que a Naná ia, mas sabia desde o princípio que não queria que ela fosse para a Manuela Telles de Brito. O registo da outra mais para baixo e arrastada, esta vai mais para cima, mais rápida. Sabia que não queria ir para ali porque foi uma personagem que gostei muito de fazer, que me marcou e não queria colar-me ali de maneira nenhuma. Não queria fazer outra Manuela Telles de Brito.”

Apesar de ser uma personagem intensa, a atriz não tem dificuldade em “despi-la”. “Eu desligo mal termino a cena. Descalço os sapatos, quem vai para casa é a Carla, vou almoçar já é a Carla, quem vai no meu carro é a Carla, quem liga para o marido a dizer ‘amor, acabou o dia, está tudo bem’, quem vai ao consultório é a Carla. A Naná fica aqui. Não é difícil desligar”, revela.

A sua personagem não passa despercebida junto do público e as abordagens na rua são constantes. “Dizem-me “eu estou a rir-me mas é dos nervos”. É incrível, tem sido uma benção. O Miguel Falabella quando estive na Globo a gravar com ele a gravar “Negócio da China”, ele dizia que não somos nós que escolhemos as personagens, elas é que nos escolhem a nós. E eu tenho pensado ‘que sorte’. Que sorte a Naná me ter escolhido a mim para representá-la. Dou o meu melhor, mas é um bombom. Estou muito exausta, vou cansada para casa, mas com o sentimento de dever comprido.”

Paralelamente com a novela, Carla Andrino desempenha o seu papel de psicóloga e assegura que tem tempo para tudo. “Tenho tempo para dar as minhas consultas e ser avó, ser mãe e ir ao cinema, comprar pipocas. Há tempo para tudo. a minha melhor profissão é fazer a gestão do tempo e não ter tempo que é a minha máxima de vida para perder tempo. Não perco tempo. Há tempo para tudo, o que é importante para mim.” E voltou aos estudo. “Estou neste momento a tirar uma especialização avançada em terapia familiar e de casal. E tirei um 18,5 e um 20. E ainda tive Covid. São on-line, precisamos de estudar. Sai assim nervosa e stressada, mas tirei um 20. Adoro estudar, adoro estar viva.”

Em breve, a sua personagem vai torna-se próxima de Joaquim, interpretado por Carlos Cunha e a atriz não poupa elogios ao colega. “Reencontrar o Carlos foi um bombom. Já nos conhecemos há tantos anos que já nem me lembro. Fizemos uma tournée juntos e sitcoms fizemos umas 500. Conhecemos-nos seguramente há 30 anos, mas não é conhecer, é trabalhar juntos, cenas de cama juntos, é rir juntos, chorar juntos, porque partilhamos”, diz, alegando: “Estar com o Carlos é estar em casa. Às vezes olhamos um para o outro em cena e sabemos exatamente o que é que o outro vai dizer, ou o que não vai dizer, ou que se esqueceu de texto… Estamos juntos. São 30 anos e não é um colega de trabalho. É amigo como a Marina, é muito fácil trabalhar assim.”

Avó babada

A atriz não esconde que a família é o seu pilar e assume-se como “avó babada.” Os netos não vêem a novela por causa do horário mas “sabem que a avó é atriz, faz teatro, aparece na televisão e é muito lindo que um deles, o Manuel, diz que “a minha avó tem duas profissões é atriz e tratadora de pássaros da alma”. Acho isto genial. Gosta de tratar dos animais, depois há o pássaro da alma e diz que a avó é tratadora de pássaros da alma”, conta, adiantando: “É mais importante para eles eu ser a avó deles ou a tratadora dos pássaros da alma do que a atriz. Eles não me vão ver ao teatro, são pequeninos, televisão também não…Se calhar se tivessem 10, 12… estão noutra, o tempo que estou com eles não é para lhes mostrar o trabalho que faço, mas sim a avó que sou.”

Cenas com Júlia Palha: “Fartei-me de chorar!”

Recentemente a atriz gravou uma cena em que a sua personagem assumiu que roubou a filha, personagem de Júlia Palha, na maternidade e deixou marcas. “Foi fortíssimo gravar essas cenas. Eu adoro fazer cenas dramáticas, adoro, adoro. Nesse dia saí esgotada, fartei-me de chorar, porque ela tem este lado, é maluca, sem filtro, mas é a filha dela e na filha dela ninguém toca”, conta, explicando: “Quando a filha percebe que afinal não é filha e eu fico com medo como é que ela pode aceitar ou não o facto de não ser filha, a Naná fica completamente desorientada, genuinamente desorientada. Ela também sente. É um outro lado de Naná, mas depois volta a este lado. Quando dói no sítio certo ela demonstra este lado e sobretudo com a filha, o resto são homens, dinheiro. A filha é aquela gavetinha que diz ‘não mexer’, quem mexe vai buscar o lado mais emocional dela. não se pode tocar.”

Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt); Fotos: DR

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