Mamadou Ba, dirigente da associação SOS Racismo, criticou duramente Manuel Luís Goucha na sequência da entrevista que este fez a Suzana Garcia. Nesta quarta-feira, o apresentador reencontrou a advogada, com quem se cruzara no extinto matutino “Você na TV!”, era ela comentadora de assuntos criminais, para uma entrevista marcada pela candidatura pelo PSD à Câmara Municipal da Amadora.
Nas redes sociais, Mamadou Ba arrasou Manuel Luís Goucha por ter dado palco a Suzana Garcia. E recordou a entrevista de Mário Machado, fundador e líder de movimentos nacionalistas, neonazis e de extrema-direita, à estrela da TVI no antigo programa das manhãs do canal de Queluz de Baixo.
“Depois do criminoso nazi Mário Machado, o nosso Goucha voltou ao detergente OMO para nos apresentar a racista Suzana Garcia, bem lavadinha. O nosso Goucha tornou-se na expressão mais acabada do conceito do homonacionalismo. Lembram-se o quanto se derreteu quando o nazi e homófobo, Mário Machado, lhe garantiu que não queria fazer mal aos homossexuais? Enfim, faltou pouco hoje para vê-lo a lavar-se com as lágrimas de crocodilo que a candidata do PSD verteu cinicamente em horário nobre, numa clara acção de campanha eleitoral. Tudo isto, não fosse grave, seria uma pobre comédia“, pode ler-se numa publicação feita na rede social Facebook.
Depois do criminoso nazi, Mário Machado, o nosso Goucha voltou ao detergente OMO para nos apresentar a racista, Suzana…
Publicado por Mamadou Ba em Quarta-feira, 28 de abril de 2021
Mamadou Ba foi, mais do que uma vez, citado por Suzana Garcia na entrevista concedida no programa “Goucha”. O anfitrião das tardes da TVI chegou mesmo a confrontar a convidada pelo “ódio” que esta alegadamente manifesta ter sobre o dirigente da associação SOS Racismo.
“Não gosto de pessoas oportunistas e que são responsáveis por uma grande clivagem na nossa sociedade. A existência daquele tipo de discurso, de uma left-wing presunçosa que nunca fez nada pelo povo, só cria clivagens na sociedade. O meu discurso é o antídoto, eu sou a expressão do povo. As pessoas pensam como eu penso, não têm é a oportunidade de ter voz. Eu sou essa voz”, disse a candidata pelo PSD à autarquia da Amadora.
Na mesma conversa, a advogada disse esperar “mesmo que o Bloco de Esquerda seja exterminado”, uma vontade que estendeu ao partido CHEGA!. “Para mim as extremas são todas asquerosas e são o resultado da falência dos políticos falarem ao eleitorado”, justificou.
Na sequência destas afirmações, Fabian Figueiredo, deputado do Bloco de Esquerda, pediu a Rui Rio que este demitisse Suzana Garcia. “A candidata escolhida pelo Rui Rio à Câmara Municipal da Amadora desejou hoje o extermínio do Bloco de Esquerda. O líder do PSD tem a obrigação de responder pela violência e discurso de ódio que está a introduzir na campanha autárquica. Só há uma coisa a fazer: demitir Suzana Garcia!”, escreveu o bloquista, no Twitter.
A candiata escolhida pelo @RuiRioPSD à CM da Amadora desejou hoje o extermínio do @BlocoDeEsquerda. O líder do PSD tem a obrigação de responder pela violência e discurso de ódio que está a introduzir na campanha autárquica. Só há uma coisa a fazer: demitir Suzana Garcia!
— Fabian Figueiredo (@ffigueiredo14) April 28, 2021
Por sua vez, a concelhia do PSD da Amadora pronunciou-se sobre as declarações de Fabian Figueiredo, considerando que este fez “interpretações desonestas” às declarações de Suzana Garcia em “Goucha”.
“Com efeito, ao referir-se aos extremismos políticos, condenando-os, Suzana Garcia pugnou pelo fim do Chega e do Bloco de Esquerda, expressões partidárias de dois espetros políticos extremados e polarizadores na democracia portuguesa. Qualquer pessoa percebe que o que a candidata Suzana Garcia quer dizer é que deseja que o BE tenha uma pesada derrota eleitoral nas próximas eleições. Qualquer outra interpretação (ainda por cima com recurso à extração de frases truncadas) constitui um exercício intelectual e politicamente desonesto“, atacou, em comunicado, o PSD/Amadora.