Dina Aguiar assume preocupação com o pai e deixa mensagem: «Estamos todos de passagem»

A jornalista da RTP mantém-se em antena e assim continuará a menos que haja «algum problema». Sempre à frente do programa Portugal em Direto, que foi obrigado a ser reajustado devida à pandemia.

06 Abr 2020 | 17:30
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Serenidade marca o estado de espírito de Dina Aguiar, de 67 anos, durante a pandemia da Covid-19. Agarrada à fé, a jornalista da RTP não esconde, contudo, a preocupação com «toda a população mais frágil», nomeadamente o pai, que mantém, ainda assim, a sua autonomia aos 92 anos.

À frente de Portugal em Direto, que a RTP1 transmite nas tardes de segunda a sexta-feira, Dina Aguiar revela, em entrevista à TV 7 Dias, que mudanças o programa sofreu devido ao surto do novo coronavírus e explica a mudança de despedida aos espectadores. «Isolados, mas juntos, vamos vencer este obstáculo. Se continuasse com a mesma frase, seria como se estivesse alheada do mundo», justifica.

 

TV 7 Dias – Como tem lidado com esta nova fase?

Dina Aguiar – Tenho lidado com a situação com alguma preocupação, por causa dos outros, sobretudo, e respeitando todas as medidas de contingência. A minha maior preocupação é o meu pai, que tem 92 anos. Ele vive sozinho, ainda está ativo e autónomo. Mas está bem, felizmente… Estou preocupada também com toda a população mais frágil, mas sem medo. Serena.

Considera essencial continuar em antena numa altura como esta para levar a cabo a sua missão como jornalista?

Acho que é fundamental, tal como os médicos, enfermeiros, bombeiros, INEM e Governo, os jornalistas estarem também na linha da frente, porque são essenciais para informar corretamente. É preciso, mais do que nunca, informar bem, denunciar e refletir sobre o momento e sobre a verdade dos factos. Porque estamos em casa, porque estamos todos ameaçados por um inimigo invisível, porque estamos mais preocupados e, por isso, mais interessados na informação. E, nestas alturas, as pessoas precisam de uma boa informação e precisam mais do que nunca dos jornalistas e pivôs em quem confiam e que sempre fizeram parte do seu quotidiano para combater e contrapor tanta informação falsa, as tais ‘fake news’, que circulam nas redes sociais. Neste momento, mais do que nunca, as pessoas, para a sua sanidade mental, têm de seguir as fontes que consideram fidedignas, seguras. O jornalismo existe para servir e isto é verdade hoje mais do que nunca. Servimos quem nos vê com rigor. O nosso trabalho, hoje, é fundamental para ajudar as pessoas a suportar este momento de isolamento e entender melhor o que há a fazer.

O Portugal em Direto foi obrigado a ser reajustado com esta pandemia?

Teve de se reajustar, sim… Nada acontece no país além de situações decorrentes do novo coronavírus. Por isso até houve programas suspensos, nomeadamente os culturais e os desportivos. O país praticamente fechou, por isso, tivemos de fazer ajustamentos.

Não foi ponderada a suspensão do programa?

Não, nunca foi ponderado suspender o programa, porque este é um programa de serviço publico e mais do que nunca somos obrigados a cumprir a nossa missão de informar com o rigor que o momento exige. Ainda mais agora, que as pessoas precisam de nós. A equipa foi, de facto, reduzida mas em termos editoriais criaram-se rubricas que compensam a ausência da reportagem, como o caso da entrevista.

Como se mantém a essência de um programa com um pendor regional com estas transformações que foram obrigados a fazer?

De uma forma geral e no contexto da Covid-19, vamos selecionando as notícias ligadas à pandemia mas sempre que possível na perspetiva regional, como por exemplo o problema com a produção do leite ou da fruta. Nos centros regionais, os nossos colegas continuam a fazer o seu trabalho, embora com contenção também. Introduzimos também convidados num bloco de dez a 15 minutos de entrevista, em que procuramos responder a questões colocadas pelos espectadores, via email, relacionadas com a Covid-19, o que de alguma forma é diferenciador.

E sempre com a Dina Aguiar à frente do programa.

O estado de emergência está a condicionar o quotidiano de todos nós e, por precaução, a redação foi dividida e está reduzida aos serviços mínimos para garantir o funcionamento dos principais jornais da RTP1, RTP2 e RTP3. Há muita gente em teletrabalho e equipas que se vão substituindo. Este é um tempo de muito desgaste e muito stress. Mas, no meu caso, estarei sempre a trabalhar e só se houver algum problema serei substituída. Eu e a Filipa Costa, que coordena atualmente o programa. Penso que é muito importante que o espectador tenha deste lado alguém em quem pode confiar, que conhece há anos. Isto é válido para todos os jornalistas e pivôs de todas as estações que nesta altura continuam a estar na antena.

Mudou a frase com que se despede dos espectadores [N.R.: até à semana passada, Dina Aguiar fechava o Portugal em Direto com a seguinte mensagem: ‘Agarre sempre o lado mais positivo da sua vida para que tudo lhe possa parecer mais fácil. Até amanhã, se Deus quiser’]. Porque sentiu essa necessidade?

Foi uma mudança natural. É obvio que a frase que dizia não deixou de ser verdade para mim, nem de fazer sentido, porque é importante que nos mantenhamos positivos e com esperança para nos libertarmos do medo e da ansiedade que a situação está a criar, tanto a nível emocional como económico. É preciso ativar a esperança dentro de nós para que, juntos, consigamos vencer. Temos de transformar a incerteza em esperança, porque é a esperança que nos torna mais fortes e seguros. E é essa energia que eu quero transmitir a quem nos segue no Portugal em Direto. Isolados, mas juntos, vamos vencer este obstáculo. Se continuasse com a mesma frase, seria como se estivesse alheada do mundo. Por isso, vou criando frases com mensagens positivas mas adequadas ao momento. Agora é: ‘Tome boa conta de si, porque assim estará a tomar boa conta de todos’. Amanhã pode ser outra…

Sendo uma mulher de fé, é a ela que se agarra num momento como este?

Sou uma mulher de fé. Acredito em Deus e no poder da vida. A Covid-19 está obrigar a um despertar coletivo e a um despertar de consciências. Um despertar que nem toda a gente vai atingir ou entender. Pela minha parte, estou em paz, mesmo neste momento difícil para o país e o mundo, porque trabalho para ligar o meu verdadeiro ‘eu’ à minha verdadeira essência, que procuro alinhar sempre com o poder do Universo. Hoje e sempre. Eu confio na vida porque confio em mim seja qual for a situação. Estamos todos de passagem aqui. O mais importante é estarmos vivos…

 

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Texto: Dúlio Silva; Fotografias: Arquivo Impala

 

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