Droga, álcool, ameaças e pancada: João Baptista em maus lençóis por causa da “ex”

Ator está a ser acusado de ter agredido física e psicologicamente Dina Kelly durante e após o namoro. A empresária conta que não apresentou queixa mais cedo por acreditar que podia mudar.

22 Mai 2022 | 11:50
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Foi em lágrimas e perante a ausência de João Baptista da sala de audiências que a ex-namorada relatou os alegados episódios de violência vividos durante o namoro com o ator e mesmo após a separação. O arranque do processo de violência doméstica no qual o vilão Tó Calhau da telenovela Por Ti é arguido decorreu no passado dia 5 de maio no Tribunal de Loures. O ator optou por se remeter ao silêncio e teve de abandonar a sala na altura em que Dina Kelly foi chamada a depor.

De acordo com a esteticista, os dois iniciaram uma relação em abril de 2017, que se prolongou até meados de 2018. No início do namoro, a jovem morava em Leiria. Quando João ia ter com a namorada, na maioria das vezes saía à noite e “chegava bastante alterado” e quando a empresária saía para trabalhar “ele ficava em casa a usar drogas”, contou em sede de justiça. Por ter uma filha, Dina chegou a pedir-lhe para não consumir estupefacientes na sua residência, o que acabou por dar origem ao início das agressões. “Pedi-lhe várias vezes e ele insultava-me sempre, chamava-me put%, dizia que não estava a fazer mal a ninguém”, contou, referindo que estas agressões verbais começaram nos primeiros três meses de namoro.

Durante o seu depoimento, Dina revelou ainda que, em setembro de 2017, João foi para sua casa, mas, como já era hábito, foi sair à noite. “Quando voltou de manhã ele viu que eu estava online no Facebook, mas eu estava a dormir. Ele pediu-me o telemóvel e agarrou-me para me tentar forçar a dar-lhe o telemóvel. A minha filha ouviu e conseguiu evitar”, recordou a empresária, revelando ainda que nesse dia lhe disse que tinha de voltar para Lisboa, para sua casa. João foi embora, mas “no decorrer desse dia esteve sempre a mandar mensagens e a ligar, a insistir muito para falar”. Dina acabou por aceitar e foi ter a casa de um amigo em comum, em Lisboa, que a alertou para o facto de o ator estar “bastante alterado”. No entanto, os dois falaram sobre a relação, mas a conversa acabou por descambar. “Eu disse que me ia embora e quando me levanto ele agarrou-me à força. Eu pedi para ele me largar e, quando me tentei virar, ele deu-me um estalo no rosto e caí. Nesse momento, ele debruçou-se para cima de mim a pedir desculpas”, disse Dina em lágrimas. A esteticista contou ainda, a respeito deste episódio, que quando pediu para ir embora começou a gritar. “Acho que os vizinhos ouviram e chamaram a polícia” e, quando as autoridades chegaram, João chamou-a à parte “e disse para não fazer queixa porque estava a começar um trabalho e se aquilo se soubesse ele perdia o trabalho”.

Na sequência desta agressão, Dina ficou “roxa num olho e na boca. Na altura não regressei a minha casa porque a minha filha ia perceber. Não fiquei em casa de uma amiga pelo mesmo motivo. (…) Acabei por ficar em casa dele”. Apesar de ter sido alegadamente agredida, os dois continuaram a namorar pois “ele pediu desculpa e disse que não voltaria a acontecer. (…) Reatámos dentro da normalidade, que perdurou por pouco tempo”.

Nos meses que se seguiram, outros episódios aconteceram, Dina era acusada de andar com uns e com outros, era insultada de diversas formas, mas a gota de água aconteceu em junho de 2018, numas férias em Maiorca. O ator quis viajar com a namorada para que a relação voltasse ao normal, mas correu mal logo de início. “No primeiro dia levei logo com um copo de caipirinha na cara. Estávamos num bar a falar da relação e eu disse que mais valia sermos amigos e quando voltássemos para Portugal íamos cada um para o seu lado. Ele disse que eu não valia nada e atirou-me com o líquido à cara”, refere. Nestas mesmas férias, os dois voltaram a discutir e, no calor do momento, “ele pegou numa cadeira e jogou-a contra o teto e fez um buraco. Eu fugi para o WC a correr, encostei-me à porta para ele não abrir e ele começou a bater com força e a chamar-me mongolóide, que não valia nada. Só consegui parar a situação quando foram lá umas pessoas do hotel porque o barulho era muito. Nessa noite fiz a minha mala e dormi na receção”. E aqui foi o fim do namoro… mas os contactos continuaram, ao ponto de ter deixado de fazer o fecho do seu espaço de estética, em Loures, por ter receio que João estivesse à sua espera no parque de estacionamento. Até porque já tinha sido ameaçada: “Ele chegou a dizer-me que eu sabia do que é que ele era capaz e que sabia as pessoas que ele conhecia, que são pessoas relacionadas com o tráfico”.

Mais tarde, em setembro de 2018, “ele teve um episódio em Lisboa em que ele foi agredido na rua. Ele ligou-me a dizer que lhe tinham batido, que quase o tinham matado e que tinha sido por minha causa, por ter acabado com ele e por andar muito nervoso. Fui ter com ele ao hospital e, em vez de me tratar como deve ser, começou a dizer que a culpa era minha”. No entanto, João acabou por ir recuperar para casa de Dina, mas uma nova discussão, em que o ator a questionou se tinha medo que ele a matasse “com uma facada” durante a noite, acabou por dar coragem à empresária para apresentar queixa.

No psicólogo há quatro anos

Desde que terminou a relação que Dina está a ser acompanhada por um psicólogo, uma iniciativa do seu advogado, José Paulo Pinho que garante que “ainda hoje não está bem. Vocês estiveram presentes e viram que ela não está bem”, disse à porta do Tribunal de Loures. Na realidade, a esteticista revelou que se sentiu “a pior pessoa do mundo por não ter tido coragem de ter acabado logo que me bateu a primeira vez. Ele dizia que ia mudar, que eu era a mulher da vida dele e eu acreditei”, disse, em lágrimas.
Segundo o causídico, com esta ação, Dina “pede justiça, não pediu indemnização. Ela não está aqui pelo dinheiro. Ela só quer justiça para que não aconteça isto a outra mulher. (…) A Dina só teve receio do que lhe pudesse acontecer e fez uma queixa para que isto não acontecesse à próxima, mas pelos vistos já aconteceu. (…) Isto é só mais uma vítima a querer justiça”, conclui.

Textos: Carla Ventura (carla.ventura@impala.pt); Fotos: Nuno Moreira (artigo originalmente publicado na edição nº 1835 da TV 7 Dias)

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