Adeus, Portimão. Olá, Telavive! Conan Osíris parte no final de abril para Israel, altura em que arrancam os ensaios para as semifinais da Eurovisão 2019. Mas, até lá, o caminho a percorrer ainda é longo.
Após a final do Festival da Canção, este sábado, 2 de março, Gonçalo Madaíl, diretor criativo do certame, explicou à TV 7 Dias todos os passos que se seguem… até a comitiva lusa aterrar em Israel.
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«Para já, vamos enviar já esta [versão da música]. O Festival da Canção é dos últimos a realizar-se e não há tempo para fazer uma produção, um videoclipe», começa por explicar Gonçalo Madaíl. O vídeo da atuação de Conan Osíris já foi partilhado nas plataformas da Eurovisão mas a versão mais cuidada irá ser ultimada pela RTP e estará online dentro de «duas semanas».
O próximo passo é começar a pensar no cenário em que Tiago Miranda e João Reis Moreira vão atuar. E vai haver reunião já no final desta semana que agora começa. «O que temos de começar a fazer já é a debater referências para o staging. Iluminação, o cenário gráfico, adereços, se for o caso. No fundo, vamos trabalhar nisso com o Conan e perceber como pode ser feito o staging», detalha Gonçalo Madaíl.
As fotografias oficiais que serão divulgadas pela Eurovisão serão «levadas em mão» por Carla Bogalho para a reunião de chefes de delegação, que acontece na próxima sexta-feira, 8 de março. «Temos dois ou três dias para trabalhar rápido, para dar à equipa do lado de lá o primeiro trabalho de stand», explica Gonçalo Madaíl.
Trocado por miúdos, isto significa que, nas próximas duas semanas, a organização da Eurovisão já terá idealizado um duplo de Conan Osíris que, antes da chegada das comitivas, fará as vezes do cantor português no palco de Telavive, para serem testadas posições em palco, iluminação, planos de câmara e outros pormenores. Essas «simulações» são depois enviadas para a RTP que, juntamente com o artista, planeia ajustes e mudanças mesmo antes de sair de Portugal.
Portugal atua na primeira semifinal da Eurovisão, a 14 de maio, juntamente com Bielorrússia, Chipre, Finlândia, Hungria, Montenegro, Polónia, Sérvia, Austrália, Bélgica, Estónia, Geórgia, Grécia, Islândia e San Marino.
Segurança em Israel? «Não me parece que sejamos um país de risco»
A última vez que Israel recebeu o Festival Eurovisão da Canção aconteceu em 1999, após a vitória de Dana International. 20 anos depois, as tensões políticas naquela região (que ainda se debate com a questão palestiniana) continuam acesas, o que levanta preocupações de segurança.
Gonçalo Madaíl começa por dizer que, a nível local, já existiram conversas com «as instâncias de Israel em Portugal». O responsável da RTP, que foi diretor criativo da Eurovisão 2018, acrescenta que acredita que Israel vai «tomar medidas de precaução».
«Não vale a pena escamotear isso, sabemos bem o estado das coisas. Há medidas de segurança. Nós também as tivemos cá e tivemos comitivas com segurança redobrada porque as nossas autoridades nos indicaram. Havia países que precisam de níveis de segurança mais personalizados e nós também estamos a fazer esse trabalho com israel. Não acho é que Portugal, dentro dos países que vão, tenha um nível de segurança especializado lá. Não me parece que sejamos um país de risco», assegura o responsável da RTP.
E se Portugal ganhar?
Menos de 24 horas depois da vitória de Conan Osíris, Portugal ocupa a oitava posição nas bolsas de apostas à vitória da Eurovisão, tendo subido vários lugares desde as semifinais. Apesar de a perspectiva de voltar a vencer o certame ser apenas uma possibilidade longínqua, Gonçalo Madaíl assegura que, apesar de a RTP já ter sido anfitriã em 2018, não descartará 2020.
«Há sempre a possibilidade de abdicar mas eu também posso dizer, como o nosso presidente já disse. Se nós tivéssemos outra vez esse incrível milagre, vamos agarrá-lo de frente. Não vamos abdicar. Acho que é claro para nós todos. É um desafio enorme para todos e, acima de tudo, é um desafio criativo, de saber o que fazer a seguir. Mas uma coisa é clara: a RTP agarrará essa oportunidade se ela surgir», afiança Gonçalo Madaíl.
Ao longo da história dos 63 anos da Eurovisão, apenas cinco países abdicaram de ser anfitriões do certame, maioritariamente por razões financeiras.
Portugal venceu a Eurovisão em 2017, com Amar Pelos Dois de Salvador Sobral, depois de cinco décadas de participações sem nunca chegar sequer ao top 5.
Texto: Raquel Costa | Fotos: RTP, Zito Colaço e Arquivo Impala