“É uma coisa muito mental”: António Camelier sofre com distúrbio obsessivo

Na infância, António Camelier sofreu de uma perturbação que lhe provocava vários tiques. Hoje, é obsessivo-compulsivo mas tem “controlo total” sobre si.

22 Mai 2021 | 22:20
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“Sem forçar, sem fingir, sem máscaras”, foi desta forma que António Camelier deu a conhecer outras facetas da sua vida no Alta Definição. O ator, de 33 anos, que integra o elenco de A Serra, começou por revelar a Daniel Oliveira que poucos meses antes de ter abraçado o desafio de participar no programa a Máscara, foi operado a uma hérnia discal.

Na altura em que começou a ter alguns sintomas de que algo não estava bem, como dores na zona da coxa e dormência, estava a protagonizar o musical infantil O Peter Pan no Gelo, em Matosinhos. Depois de fazer exames, o médico aconselhou-o a ser operado o quanto antes. “Ainda fiz 60 espetáculos”, conta o ator que acabou por ser sujeito a uma intervençõ cirurgica, dias depois de terminar este projeto.”Depois foi todo um processo de recuperação moroso. Até hoje. Ainda tenho o pé dormente e certas posições causam-me algum desconforto. Ficam sempre sequelas para o resto da vida. Já aceitei isso”.

António Camelier: “Fiquei completamente paralisado”

No entanto, esta não foi a pior dor da sua vida. Durante a conversa com o diretor-geral de Entretenimento da Impresa, o ator recordou o momento que, com 10 anos, que teve de ser levado para o hospital de urgência. Camelier contou então que, dois anos antes deste episódio, foi-lhe diagnosticado Síndrome de Tourette – perturbação neurológica crónica que se traduz na presença de determinados tiques. “Aquilo foi galopando”, conta, explicando que embora tivesse consciência dos tiques, não tinha controlo sobre os mesmos.

Algo que lhe provocava angústia. “Não só para mim, mas essencialmente, à minha mãe, a pessoa que mais sofria com isto. Ela levou-me a psicólogos, psiquiatras, neurologistas, pai de santo, bruxas, foram tempos muito difíceis para mim”, admite. Na altura, António Camelier jogava futebol e, num dia em que estava mais nervoso, o médico aconselhou a mãe a aumentar a dose do calmante. “Dormi bem e no outro dia não fui jogar. Depois do almoço, comecei a ficar com o corpo rijo, até que fiquei completamente paralisado. Fui para o hospital ao colo do meu pai e tive de ficar 24 horas em observação, pois tinha a tensão a 20”.

A partir desse dia, o ator ‘mudou o chip’. “Disse à minha mãe que nunca mais tomava um único comprimido. Fui tendo cada vez mais autocontrolo e hoje em dia tenho aquilo que se chama de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)”, revela. Esta uma perturbação mental caracterizada por obsessões e compulsões manifesta-se em diversos rituais do dia-a-dia. “Quando me sento, faço-o três ou quatro vezes, tenho obsessão por números pares, deito-me sempre duas vezes ou desligo as luzes sempre duas ou três vezes”, conta, ao mesmo tempo que adianta que as pessoas não se dão conta desta sua condição. “Este tipo de problema é uma coisa muito mental”.

Em miúdo, Camelier, houve quem lhe desse a alcunha de “tiques”, mas o ator sempre conseguiu contornar a crueldade de algumas crianças. No entanto, sentia o olhar dos outros colados a si, em determinadas situações. “O segredo, se é que há um, é não desvalorizar a situação, mas não dar tanta importância”.

Esta condição trouxe-lhe mais resiliência para lidar com as adversidades. “Hoje acho que sou melhor pessoa, porque ultrapassei muitos obstáculos na vida”. Nesta jornada, a mãe teve um papel preponderante. “É uma guerreira. Caminhou comigo lado a lado  e hoje temos uma relação muito especial”, afirma o To Zé de A Serra que em miúdo queria ser “jogador da bola” e gosta de ter o seu próprio espaço.

Ator declara-se à namorada

António Camelier namora com a bailarina Vanda Gameiro, quem define como uma ‘supermulher’. “É uma pessoa cheia de força, cheia de garra”, diz da mulher que conheceu durante um evento e se tornou sua companheira de vida. “Ela trouxe-me serenidade, é uma pessoa que me percebe e com quem consigo conversar sobre tudo. Ajudamo-nos muito um ao outro”.

Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos Reprodução SIC  e redes sociais
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