Uma atriz do elenco do filme Dirty Dancing 2: Noites de Havana disse, em depoimento, que Harvey Weinstein se masturbou no seu rosto enquanto a assistente esperava do lado de fora de um quarto de hotel. A mulher, identificada no tribunal apenas como “Ashley M.”, tremia e soluçava enquanto testemunhava como o antigo produtor de Hollywood a escolheu e exigiu que ela lhe desse uma “massagem nua”. A mulher, que também é bailarina, disse que tinha 22 anos quando trabalhou e foi selecionada para o filme, produzido pela antiga produtora de Weinstein, Miramax.

Disse ainda que Weinstein se aproximou dela quando estava prestes a filmar uma cena de dança a levou-a para uma conversa privada. “Ele disse que seria apenas uma massagem nua… e para não me preocupar com isso”, explicou, em lágrimas. “Ele disse: ‘Olha para a Gwyneth Paltrow e vê o que isso fez pela carreira dela’”, afirmou. A atriz diz ter rejeitado o assédio e ter ficado aliviada quando a produção interrompeu as gravações para jantar porque pensou que seria capaz de evitar mais contacto com Weinstein.

No testemunho, feito no Tribunal Superior de Los Angeles, disse que contou o que aconteceu a outro produtor e a um coreógrafo, mas nada fizeram. Quando voltou do jantar, Weinstein estava à sua espera, junto com a assistente, Bonnie Hung. Disse que Weinstein se tornou “muito agressivo” e disse-lhe para entrar na limusine com a outra funcionária. “Dei-lhe (Hung) um olhar do género ‘ajude-me, por favor’”, acrescentou. “Olhou-me nos olhos e disse: ‘Não se preocupe. Estarei contigo o tempo todo. Ele só quer falar sobre projetos’”.

“Ejaculou-se nos meus seios e no meu rosto”

Ashley M. disse que, embora assustada, entrou na limusine com Weinstein porque tinha certeza de que Hung estaria presente. Após a curta viagem de 10 a 15 minutos, a limusine parou num hotel. “Estava preocupada, mas senti-me confortada por Bonnie estar lá… mas estava-me questionar o que estava a acontecer”, disse ela. Entraram no hotel com Weinstein e foi aí que Ashley M. percebeu que não estava a ir para uma sala de reuniões, mas sim para uma sala privada.

“Harvey abriu (a porta) e entrou. Eu entrei depois. Bonnie fechou a porta atrás de nós”, prosseguiu. De acordo com a atriz, com as portas fechadas, Weinstein ficou ainda mais agressivo e empurrou-a para a cama. Tirou-lhe a blusa e o sutiã e também se despiu. “Ele disse: ‘Não é como se estivéssemos a fazer sexo… é um abraço nu’”, disse a atriz. “Estava cheia de medo. Não sabia o que fazer. Eu disse ‘pare’. Sabia que ele era muito grande e Bonnie provavelmente estava lá fora. Não sabia o que fazer”, continuou.

Com um porte físico de bailarina, Ashley teve os movimentos limitados pelo tamanho e peso de Weinstein. Disse que não conseguia ver a genitália de Weinstein, mas que o viu a fazer um movimento enquanto se masturbava. “Disse: ‘Tudo bem, não é como se estivéssemos a fazer sexo’”, disse Ashley M.. “Ejaculou-se em mim… nos meus seios e um pouco no meu rosto”. Em choque, limpou-se e vestiu-se. Afirmou que se lembra de se sentir “agradecida” por não ter sido violada.

Harvey Wesintein declarou-se inocente

Quando abriu a porta do hotel, Hung estava do lado de fora com uma pasta na mão e evitou olhá-la nos olhos. Os três voltaram para a limusine, que os levou de volta para o set do filme. Ashley M. disse que ligou imediatamente à mãe e depois para o noivo, mas estava demasiado constrangida para revelar mais detalhes. Como em muitos casos de assédio e violência sexual, a atriz não apresentou queixa. “Senti que, na época, estávamos todos com medo de perder oportunidades”. “Ninguém me ajudou no jantar. Por que me ajudariam agora?” lamentou.

Apesar de não responder pelo alegado crime que cometeu contra Ashley, o tribunal aceita testemunhos que possam confirmar o padrão de comportamento de Weinstein. O antigo produtor, declarou-se inocente de 11 acusações de violação e agressão sexual envolvendo quatro mulheres, incluindo Jennifer Siebel Newsom, esposa do governador Gavin Newsom. Outras três mulheres testemunharão como Ashley, mas com as identidades serão mantidas em sigilo. Weinstein cumpre atualmente uma sentença de 23 anos de prisão após uma condenação em Nova Iorque.

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