“Ela não é a minha mãe”: Mafalda Bessa relata desesespero com Alzheimer da progenitora

Mafalda Bessa esteve esta manhã nos “Dois às 10”, da TVI, e fez revelações impressionantes sobre a mãe, que sofre de Alzheimer. “Ela agora tem uns seis/sete meses. É igual aos bebés”, desvenda.

29 Mar 2021 | 16:00
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Mafalda Bessa esteve esta segunda-feira, 29 de março, no “Dois às 10”, na TVI, e partilhou algo que, até então, era desconhecido para o grande público.

A viúva de Nicolau Breyner deu a conhecer a Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz que a mãe está com Alzheimer e que nem sempre foi fácil lidar com a progenitora.

“Ao princípio não se percebe bem o que se está a passar. Acho que tentamos arranjar várias desculpas, só que na verdade, elas ficam tão diferentes… Ela ficou tão diferente, porque nós sempre tivemos ‘embirração’ uma com a outra”, diz. Era, ao fim e ao cabo, uma relação de “mãe e filha”. “Mas ali não era só comigo, era com as amigas, as pessoas que ela adorava, com quem era tão querida e bondosa. Começou a tornar-se mesmo má (…) já não era ela”, revela.

Não tenho nada dela… nada”

Essa forma de agir “foi o primeiro sinal, porque foi muito intenso”, continua. Mafalda Bessa conta que a mãe “sempre foi muito generosa” e que tinha “coisas lindíssimas”. “Ela emprestava-me ou dava-me, mas tirou-me tudo. Não tenho nada dela… nada”, garante, referindo-se, por exemplo, às joias.

O aceitar a doença foi o grande problema da mãe de Mafalda. “Ela não quis aceitar que estava doente Começou a ficar hipocondríaca. Queria ter uma coisa grave que pudesse dizer a toda a gente. Se o médico dizia que ela não tinha nada, ela ficava doente”, revela.

“A pior coisa que eu podia fazer era pôr a minha mãe no lar

Até que as palavras demência e Alzheimer entraram na vida da família e a viúva de Nicolau Breyner sofreu na pele muitas dúvidas. “A pior coisa que eu podia fazer era pôr a minha mãe no lar. Era o abandono, era desistir dela”, diz. Porque, na verdade, Mafalda assume. “Não tenho capacidade para tratar de uma pessoa assim. É muito cansativo e as várias fases são muito cansativas”, diz.

E acrescenta: “Ao fim do dia eu estava com uma raiva (…) Não tinha dinheiro para ter alguém a tomar conta dela em casa. E tive conversas com amigas e família. Ajudaram-me a aceitar que eu tinha de procurar alguém”, revela. Foi aí que a decisão chegou: pôr a mãe num lar.

“No fundo é aceitar a velhice, independenemte da doença ou não… o aceitar a velhice dos nossos pais é complicado para toda a gente. A velhice traz dependência. Se é mau para nós, é pior para eles”, garante, dizendo também que se sente “a envelhecer”. “E não gosto”, anuncia.

Ela agora tem uns seis/sete meses

“No fundo, hoje em dia, tenho uma mãe muito querida. É um doce, um pintainho, um bebé. Ela agora tem uns seis/sete meses. É igual aos bebés. As cuidadoras do lar são muito engraçadas. No fundo é uma creche, mas fisicamente são difreentes, mas são bebés”, desvenda.

E continua a dizer como está a mãe neste momento. “Ela não é a minha mãe. Nem de aparência.  A minha mãe foi, durante muitos anos, muito bonita, muito cuidada, tanto que a última palavra que ela reconhecia e sorria, era ‘que linda’ ou ‘está tão bonita’… E foi linda durante muitos anos. Agora a degradação é quase mensal. Todos os meses é quase outra pessoa. Não é a minha mãe. É uma velhinha que está em transformação e por quem tenho uma ternura imensa, porque é muito querida”, enaltece.

“Tenho uma relação ótima com ela. O que eu tenho aprendido com as cuidadoras, naquele sitio que eu achava sítio de abandono, não é nada! Se de facto temos a sorte de encontrar pessoas como eu encontrei, a partir daí é uma tranquilidade, uma paz… sei que ela está bem. Aquela senhora tem uma família. Ela reconhece mais as vozes delas do que a minha”, continua.

“Sou a primeira a dizer para [os filhos] não irem [ver a avó]”

Mafalda Bessa desvenda também que os filhos “deixaram de ir” ver a avó. “E eu sou a primeira a dizer para não irem”, realça. A mãe de Tiago Teotónio Pereira diz que não carece “gastar tempo para visitar uma pessoa que já não conhecem”.

Mafalda vai ser avó pela primeira vez, e está muito feliz com esta fase da vida. “Ele [o Tiago]  é muito querido. E a Rita [Patrocínio] também é muito querida”, finaliza.

Texto: Andreia Costinha de Miranda; Fotos: Reprodução TVI
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