Entrevista a ex-segurança amigo de famosos condenado por homicídio [vídeo]

Lembra-se dos casos Passerelle e Máfia da Noite? Paulo Baptista saiu agora da prisão e faz revelações inéditas. Conta como fugiu do país, quem o ajudou e quanto pagou pelos documentos falsos.

01 Jan 2020 | 20:50
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(artigo originalmente publicado em novembro de 2019)

 

Em 2009, o caso Passerelle deu que falar com vários indivíduos acusados de estarem ligados a uma rede de casas de striptease, onde foram detetados indícios de fraude fiscal. No mesmo ano, o país foi confrontado com outro processo, Máfia da Noite, que levou à barra do tribunal 14 pessoas, acusadas de extorquir dinheiro a proprietários de estabelecimentos de diversão noturna em Lisboa em troca de serviços de segurança. Paulo Baptista, que muitos conheciam na época pela sua ligação a famosos – como Alexandre Frota, Maya e Cinha Jardim – foi condenado em ambos.

Convicto da sua inocência no segundo processo, o ex-segurança resolveu fugir. Arranjou documentos falsos e andou pela Europa, até se estabelecer em Ibiza, onde viveu durante dois anos. Era conhecido por Joe e fazia uma vida normal, mas um dia – por acidente, segundo garante – matou um homem e fugiu novamente.

Desta vez, a fuga durou apenas três meses, porque resolveu entregar-se à polícia. Foi levado para Espanha e esteve preso preventivamente durante dois anos e meio. Após este período, foi extraditado para Portugal, onde cumpriu uma pena de sete anos e três meses, num cúmulo jurídico dos dois processos em Portugal e o de Espanha.

Agora, em liberdade condicional desde 19 de outubro, Paulo Baptista recorda numa entrevista exclusiva os dias em que andou fugido, o seu envolvimento nos crimes pelos quais foi condenado e ainda revela os planos que tem para o futuro.

 

As infrações que cometeu na cadeia

 

Apesar de ter cumprido dois terços da pena, a sua saída também esteve envolvida em polémica, pois a juíza do Tribunal de Execução de Penas decidiu colocá-lo em liberdade contra o parecer técnico da cadeia, que se opôs à sua libertação. Tudo por causa de três infrações registadas durante o tempo em que esteve preso.

«Foram infrações simples. A primeira foi em 2016, numa rusga feita às celas todas e apanharam-me um cabo de USB que, normalmente é para carregar os telemóveis, mas que no meu caso era de carregar um radiozinho que eu tinha, tipo Ipod, e que eu usava para correr», começou por explicar.

«A chefia sabia disso. Levei uma infração simples, que foi oito dias sem poder usufruir do meu dinheiro para comprar coisas no bar. A segunda foi por causa de uns plastrons, um material que fazemos para treinar e para dar socos e pontapés. Então fizeram mais uma rusga, entraram no bar, viram os plastrons e levaram. A última foi por causa de duas garrafinhas de água com gás, com tinta cinzenta, que eu tinha lá para pintar a minha parede, que estava a descascar. Eles disseram que eu não podia ter tinta, mas isso foi só uma participação escrita», acrescentou.

 

«Fui obrigado a sair do país»

 

Apesar destas irregularidades, Paulo acabou por sair da cadeia e a primeira coisa que fez foi ir a Fátima: «Sou católico à minha maneira desde miúdo», afirmou, sublinhando que o seu grande apoio foi sempre a namorada, Tatiana, com quem assumiu uma relação em 2008 e com quem vai dar o nó em breve: «Muito proximamente irei casar».

Hoje em dia, olha para trás com alguma mágoa, porque continua a afirmar a sua inocência no caso Máfia da Noite: «Eu fui obrigado a sair do meu país. O meu próprio país expulsou-me ao condenarem-me nesse processo».

 

Texto: Carla Ventura; Fotografias: Arquivo Impala e D.R.
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