Equipa de Ana Leal e Sérgio Figueiredo em tensão! Os bastidores da nova guerra da TVI

A propósito da não exibição de uma reportagem sobre o SNS, a equipa de Ana Leal confirma o clima de tensão que vive com a Direção de Informação da TVI. Sérgio Figueiredo defende-se.

09 Abr 2020 | 21:00
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O caso foi denunciado pela TV 7 Dias e já chegou ao Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas (CDSJ). Ana Leal prometera a exibição de uma reportagem em que iria «revelar falhas graves na resposta do Serviço Nacional de Saúde» (SNS) à pandemia da Covid-19, mas a TVI deixou a cair a investigação. Nessa mesma semana, a equipa da jornalista foi dissolvidaAndré Carvalho Ramos, Cláudia Rosenbusch e Sara Bento foram reintegrados na redação de Informação.

O CDSJ quis esclarecimentos sobre os factos. Numa resposta enviada «em bloco», os quatro profissionais que integravam a equipa do programa Ana Leal, suspenso por tempo indeterminado, confirmam os factos avançados pela TV 7 Dias e defendem que a dissolução da equipa «é também o culminar da tensão» entre os mesmos e o Diretor de Informação da TVI, Sérgio Figueiredo«na sequência de outras reportagens que não foram igualmente emitidas». Entre elas, sabe a TV 7 Dias, está uma investigação em que iriam ser feitas revelações sobre o governo de Angola, cuja transmissão estava prevista para a segunda semana de março.

«A ordem por parte do Diretor de Informação era clara: Não é a hora de apontar o dedo», revelam os quatro jornalistas, sobre a não exibição da reportagem acerca do SNS. Na altura, houve discordância entre ambas as partes. «A equipa manifestou total discordância argumentando que o jornalismo não está de quarentena e que só há uma forma de fazer jornalismo: informar. Esta decisão nada tem a ver com a necessidade de distribuir e reforçar a equipa pela redação, já que todos nós já estávamos a trabalhar exclusivamente no tema Covid 19, mas sob orientações da Coordenadora Ana Leal».

Questionados pela CDSJ, Ana Leal, André Carvalho Ramos, Cláudia Rosenbusch e Sara Bento esclarecem ainda qual era o acompanhamento que a Direção de Informação (DI) da TVI fazia regularmente das reportagens do programa. Um comportamento que, segundo estes, se alterou recentemente. «Durante o tempo em que o programa Ana Leal esteve no ar, Sérgio Figueiredo foi recebendo as propostas da coordenadora Ana Leal, aprovou sempre e um membro da DI via por norma as reportagens quando estavam concluídas, horas antes de serem exibidas. Nos últimos meses, o DI não tomou conhecimento dos temas nem visionou as reportagens antes de serem exibidas. Neste caso, ou seja, no contexto Covid-19, o acompanhamento foi totalmente diferente. A DI quis saber ao pormenor quais os temas, insistiu sempre na ideia de que não era hora de apontar o dedo aos poderes.»

 

A versão dos factos de Sérgio Figueiredo

 

Instado igualmente a reagir à suspensão do programa Ana Leal, o Diretor de Informação da TVI lembra que tanto este formato como o programa com o nome da jornalista Alexandra Borges «foram suspensos antes de o Estado de Emergência ter sido declarado a nível nacional» e os profissionais que integram as suas equipas «integrados na estrutura de redação».

Há, no entanto, a sublinhar um facto: o programa Alexandra Borges voltou a ser transmitido no passado sábado, com uma reportagem sobre a luta contra a pandemia da Covid-19. Por outro lado, o formato Ana Leal continua suspenso, sem data para voltar à antena da TVI.

Sérgio Figueiredo continua negando veementemente as questões de censura, recordando que nem quando existiram pressões cedeu a elas. «Não preciso que me expliquem a importância de preservar até aos nossos limites o jornalismo de investigação, que é normalmente incómodo e que, no caso da TVI e das duas jornalistas que coordenavam equipas próprias, não poupavam nem nada nem ninguém ao exercício de escrutínio. Repito: fizeram-no por meu impulso. E também insisto: no último ano e meio fizeram-no debaixo de todo o tipo de pressões. Quando a Ana Leal, a Alexandra Borges ou o seu diretor mais precisaram de se defender de formas de coação e, aí sim, de censura e ameaças de gente poderosa e até sem escrúpulos, faltou-nos a voz e a atitude daqueles que agora querem proteger o jornalismo de investigação.»

O Diretor de Informação da TVI garante, por isso, que «são falsas e difamatórias» as acusações de censura ao programa de investigação jornalística coordenado por Ana Leal.

 

«Os abutres não deviam matar o resto do jornalismo»

 

A transmissão do trabalho jornalístico sobre o SNS estava prevista para o dia 25 de março, mas tal não se veio a concretizar. «Perante as muitas perguntas que têm sido colocadas por seguidores da página do programa Ana Leal» desde o momento em que se verificou a não exibição da pela, a jornalista escreveu no Facebook: «Não é da minha responsabilidade a não emissão da reportagem que estava anunciada.» A publicação na página do programa acabou por ser eliminada, mantendo-se a mesma mensagem no perfil pessoal da jornalista.

Contactada pela TV 7 Dias, na altura, a TVI recusou tratar-se de censura. «A peça da Ana Leal caiu. Todos os dias caem peças. Às vezes caem umas, outras vezes caem outras»disse fonte oficial da estação.

Uma semana depois do sucedido, a TV 7 Dias contactou a Diretora de Comunicação da Media Capital, Helena Forjaz, no sentido de perceber por que razão o trabalho jornalístico em questão ainda não tinha sido transmitido pelo canal e se havia uma data prevista para tal acontecer.

«Neste momento de incerteza total, a atualidade é a preocupação de quem informa. É essa realidade que dita as opções dos conteúdos da TVI em geral. Por isso, a resposta à sua pergunta é que não temos data para nada. Tudo depende da atualidade», explicou.

Sendo este o assunto que está a dominar a atualidade informativa, nomeadamente a da TVI, uma reportagem sobre as alegadas falhas da resposta do SNS à pandemia da Covid-19 não é atualidade? Não é do interesse da TVI denunciar estas supostas falhas? Em resposta às questões enviadas pela TV 7 Dias, a mesma fonte oficial do canal deu a conhecer a posição da Direção de Informação sobre este tema: «Vivem-se dias impossíveis nas redações. Esta devia ser a hora em que todos os que honram a carteira profissional [de jornalista] que carregam têm de se unir em torno de algo que nos ultrapassa e está a matar muitos dos nossos.»

«Alimentar tricas é mesquinho e profundamente ofensivo para cada um dos profissionais da TVI que tem de sair de suas casas e assegurar a informação de que o país nunca necessitou tanto como agora. Os abutres não deviam matar o resto do jornalismo que andamos todos os dias a lutar para que sobreviva», disse ainda, sem especificar quem são os «abutres» a que se refere.

Contactada pela TV 7 Dias, Ana Leal não quis fazer comentários à não exibição da reportagem.

 

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Texto: Dúlio Silva; Fotografias: Arquivo Impala e reprodução TVI

 

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