“Eu não vou a todas”: Toy diz que trabalha muito mas que tem critérios

Depois das 44 músicas que compôs para “Amor Amor”, da SIC, o cantor aceitou fazer mais 10 para um novo projeto do canal. À TV 7 Dias, o cantor conta que trabalha muito mas que só faz o que quer.

21 Mar 2022 | 8:10
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O projeto de Toy ainda está no segredo dos deuses mas a TV 7 Dias apurou que a SIC se prepara para juntar personagens de várias novelas, a maioria delas ligada à música, para realizar uma série. Neste projeto, que ainda não tem nome nem data de estreia, certeza só a de que será Toy a escrever os temas musicais. Depois de ter feito as 44 canções que constituem a banda sonora da novela “Amor Amor”, ainda em exibição, o canal encomendou-lhe mais 10 temas para este próximo projeto. 

A TV 7 Dias falou com o cantor no final do concerto que deu no passado dia 4 de março, durante o Festival do Cogumelo 2022, da Parreira, na Chamusca, que nos confirmou ter aceitado este novo convite. Sem poder alongar-se sobre o tema, Toy esclarece que a série “não tem nada a ver com o Amor Amor. Não é a terceira temporada do Amor Amor, se é isso que querem saber. Não é. Não posso dizer mais”, lamenta acrescentando que “44 estão feitas. Faltam mais 10. Aliás, uma das 10 já está feita”. Ainda assim, os tempos que se avizinham não vão ser fáceis, com concertos e série à mistura. “Estava a dizer à minha mulher outro dia que agora vai continuar este tipo de situações, mais os concertos. Vai ser complicadinho”, conta. 

Com a pandemia a dar sinais de estar mais fraca o cantor está a voltar em força à estrada e depois de um período mais conturbado a agenda voltou a estar bem preenchida. “Tenho mais de 50 concertos marcados até ao fim do ano e já tenho coisas para 2023 também. Vou cantar à República Dominicana, em Espanha, França, Suíça”, anuncia. O que é preciso é que a pandemia não regrida e que as pessoas se mentalizem que têm de fazer a sua parte. “Temos de ter cuidado… temos de ser asseados. A grande maioria destas doenças contagiosas tem muitas vezes a ver com a higiene de cada um. O álcool não faz mal nenhum, nem que seja ingerido”, brinca, convicto de que “mais cedo ou mais tarde podemos todos apanhar, mas o vírus agora está muito fraquinho e as pessoas já estão todas vacinadas. Agora já se pode dizer que isto é uma gripezinha”.

Tempos difíceis

À medida que muitos artistas retomam a sua vida profissional, vão-se sabendo também muitas das dificuldades por que passaram nos últimos dois anos. Toy não se queixa mas assume que teve de se reorganizar e fazer coisas que nunca tinha feito. “Quando a pandemia começou procurei sobreviver de mil e uma formas. Fui comentar para um programa que eu nunca tinha visto, fui fazer músicas para novelas, fiz o concurso I Love Portugal, fiz um concurso que vai estrear para a RTP. Participei mais vezes nos programas de domingo na TVI. Tive inclusivamente uma exclusividade no Somos Portugal, que era O Cantinho do Toy, que durou pouco tempo, porque começaram a aparecer concertos e aquilo tinha que ser sempre”, prossegue. 

Destes novos desafios, o que lhe ocupou a maior fatia do trabalho foi compor para a novela de onde saiu uma grande amizade. “Hoje, eu e o Ricardo Pereira somos como manos, porque foi um trabalho intenso. Estivemos muito tempo juntos”, lembra, assumindo que não foi fácil meter o ator que deu vida a Romeu Santiago, a cantar. “Era a mesma coisa que me porem a mim agora a andar a cavalo. Sou capaz de andar em cima de um cavalo mas até aprender a dominar um animal daqueles leva tempo”, exemplifica. Sobre Ricardo Pereira, não tem dúvidas de que o ator se saiu bem. “O Ricardo não cai do cavalo. Cantar é uma coisa inata, ou sabes ou não sabes. Ninguém aprende a cantar, pode é corrigir algumas coisas”, diz. Para mostrar que o marido de Francisca Pereira se saiu bem recorda o dia em que foram cantar os dois a um programa da SIC. “Uma vez fomos ao Casa Feliz e com a guitarra e não ficou assim tão mal. Por este mundo fora há muita gente a cantar que se não o fizesse também não fazia falta nenhuma, mas isso gostos não se discutem. Eu próprio há cantores que gosto muito e não são grandes cantores. Eu gosto de ouvir um Rui Reininho em palco. Não acho que ele seja um grande cantor, mas acho que é um animal de palco”, resume.

“Nunca entraria” no “Big Brother”

Durante a pandemia, Toy aventurou-se ainda como comentador do Big Brother, uma experiência que gostou muito e que o obrigou a ver um programa que até aí não seguia. Pouco dado a polémicas, não se furtou a comentar o que quer que fosse mas impôs limites: “Há uma coisa que eu faço que é: nunca falar mal. Tenho filhos, tenho uma neta e portanto podemos fazer uma crítica construtiva uma coisa que nos parece mal feita. Tento ser o mais assertivo possível”, revela. Comentar é uma coisa, participar é outra e, por isso, o compositor assume que nunca seria concorrente deste reality show. “Nunca entraria. Eu fiz a Casa do Toy, a câmara andava atrás de mim, mas eu fazia a minha vida, com a minha família. Agora ir para uma prisão? Não, não faço. Nem à tropa fui”, atira. Fica desta forma provado que, ao contrário do que já se disse, o cantor não aceita fazer tudo. “Aí não entrava mas não critico quem entra. E não, eu não vou a todas. Já disse que não, aprendi com o tempo a dizer que não, nomeadamente a uma rádio nacional, que uma vez me pediu autorização para uma canção e eu disse: ‘não dou’. Eles disseram que pagavam e eu disse: ‘quantas vezes passaram uma música ou um disco na vossa rádio? Nunca. Portanto agora que precisam eu não quero’. Eu sei dizer que não”, responde. 

À beira de fazer 60 anos e a cantar desde os cinco, Toy sente-se reconhecido e o público é o único juiz a quem reconhece competência. “Ao longo dos tempos nós somos pirosos, nacional-cançonetistas, popularuchos, não fazemos coisas de qualidade, vamos ouvindo muita coisa. Não é o meu caso nem de muitos, que somos injustamente crucificados como pessoas de fraca qualidade musical. Desde que o público goste. O público é o único que paga para julgar e os que pagam para julgar é porque julgam bem”, conclui. 

Texto: Luís Correia (luis.correia@impala.pt); Fotos: Arquivo Impala e Divulgação

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