Judite Sousa foi convidada de Daniel Oliveira no “Alta Definição” deste sábado, 11 de fevereiro, aquando do lançamento do seu livro, “Pedaços de Vida“. Numa entrevista cheia de emoções, a jornalista falou do falecimento do filho, André Sousa Bessa, em 2014, e da sua carreira.
Naquele que diz ser o “livro mais difícil que escreveu até hoje”, Judite Sousa admite que quer partilhar o seu lado da história com todos aqueles que o leiam. “Um dia tinha de partilhar com os portugueses as coisas que eu vi, senti, o que eu penso sobre a vida, o mundo, a felicidade… Tinha que comunicar sentimentos e emoções. Tinha que voltar a falar do meu filho, e com este livro eu encerro o capítulo da morte do meu filho.” Judite Sousa admite também que não voltará a partilhar nada do filho nas suas redes sociais.
Jornalista, desde os 18 anos, quando começou a carreira como repórter da RTP, Judite admite que a sua âncora, depois da morte do filho, foi o trabalho, porém confessa que já esteve muito perto da morte nestes oito anos e que aceitou que só não morreu porque ainda não chegou o seu momento. “Porque algo me diz que ainda não chegou o momento de eu capitular perante a vida“.
Judite Sousa desaba em lágrimas ao falar do filho
Judite Sousa fala de um episódio que se passou em 2019, enquanto apresentava o “Jornal das Oito”, na TVI. Quando foi noticiada a história de uma criança com uma doença rara, que precisava de um medicamente que só existia nos Estados Unidos da América e não era comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde.
“Estava no estúdio um convidado que ia falar sobre este tema. O convidado normalmente senta-se ao lado do pivô uns minutos antes”, começa por contar. “Senta-se ao meu lado um senhor, enquanto está uma reportagem no ar, e ele diz-me ‘A senhora não me conhece. Eu era o Presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia da Horta quando o seu filho lá esteve, em 2014“, declara.
Com lágrimas, a antiga pivô da CNN revela que lhe foi dito isso momentos antes de ir novamente para ao ar. “Em 2019 entrevistei, sem saber, o Presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia da Horta que assinou o comunicado para a imprensa dizendo que o meu filho estava em morte cerebral. E ele disse-me em estúdio, ‘Oh Judite, e sabe porque é que eu o fiz? Porque os seus colegas não nos davam descanso, os telefones não paravam de tocar, precisavam do comunicado para ser os primeiros a dar a notícia'”, confessa emocionada.
Assombrada pelo sentimento de culpa
A jornalista conta que pensou várias vezes que tinha culpa da morte do filho. “Se eu nessa sexta-feira tivesse um jantar tão importante que levasse o meu filho a dizer ‘Eu não vou para a festa com os meus amigos, vou ao jantar da minha mãe’, ele não tinha morrido. E se?”
Judite Sousa, emocionada, diz que a dor fica cada vez maior e que sofre cada vez mais. “Eu sofro mais hoje do que sofri há oito anos. (…) Os meus amigos dizem-me ‘Parece que estás cada vez pior‘. Porque eu agora estou naquela fase em que vejo os amigos do meu filho com os seus filhos, e eu nunca irei ser avó. Há medida que o tempo passa há sempre um elemento novo que agrava as memórias, e que introduz elementos novos de vivências.”
Questionada sobre o que vê quando olha para o futuro, Judite Sousa admite a Daniel Oliveira que não pensa no futuro. “Não vejo nada, porque eu eliminei a palavra futuro da minha vida. Para mim não existe futuro, para mim só existe presente.”
Desde a morte do filho, a jornalista escreveu cinco livros e criou uma bolsa de estudo para que, pelo menos, um jovem por ano consiga tirar o mestrado de Finanças. Judite Sousa admite que foi graças ao amor que sente pelo filho que foi possível fazer isto.
Ver esta publicação no Instagram
Texto: Joana Dantas Rebelo; Fotos: Redes Sociais
