Laura Galvão sobre AGRESSOR: «Amava-o e vou continuar a amar»

Laura Galvão revelou detalhadamente os episódios de violência de que foi alvo. Apesar de tudo, a ex-moranguita continua a amar o agressor.

02 Jan 2019 | 22:25
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Laura Galvão fez revelações surpreendentes – e chocantes – no Você na TV!, da TVI, desta quinta-feira. Em conversa com Manuel Luís Goucha e Maria Cerqueira Gomes, a ex-moranguita recordou o período que saiu de casa para ir viver com o homem que amava e que acabou por a agredir. Tinha na altura 13 anos. Hoje, aos 30, assume tê-lo perdoado e continuar a amá-lo.

«Eu amava-a. Continuo a amar e vou continuar. Perdoei. Perdoei quando fui mãe», disse Laura, referindo-se sempre ao então companheiro como «a pessoa» e nunca revelando a sua identidade. «Porquê?», quis saber o apresentador. «Para a proteger. Porque sei que ela sofreu imenso na vida. Há sempre uma razão para as pessoas serem como são», justificou.

Durante dois anos à mercê desse homem, a atriz «tinha várias rotinas» e «todo um caderno de exigências», o que a obrigou a crescer «depressa demais». «Eu sei rebocar uma parede, fazer um chão… Claro que não queria fazê-lo. Preferia brincar. Não tinha tempo para brincar. Aos 13 já não brincava», lembrou.

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«Escondi-me e esperei»

A violência psicológica a que foi sujeita fez que com todas os telefonemas para a mãe e os irmãos fossem feitas em «alta voz». Na escola, «era vigiada pela Guarda Nacional Republicana [GNR] e pela própria pessoa». «Ela tinha conhecimentos e todo um controlo sobre mim».

Até aos 15 anos, Laura não conseguiu escapar. Tentou uma vez, sem sucesso. «Recorri aos vizinhos, que não me ajudaram. Todo o controlo que havia sobre mim dobrou. Um dia, consegui o contacto de uma tia minha, que fala com a minha mãe. Combinámos um ponto de encontro e uma hora estratégica e eu consegui fugir. A aldeia está rodeada por um pinhal. Escondi-me e esperei que o carro da minha mãe passasse. Foi assim…», admite.

Para trás, ficaram duas tentativas de suicídio, feitas «de forma consciente». «Hoje, olhando para isso, foram mais chamadas de atenção para que aquela pessoa me desse mais amor, que era o que faltava», assume.

 

«Eu não me dava valor»

A vida mudou. As marcas, essas, ficaram. A mãe levou a filha a vários médicos, mas Laura não conseguiu «superar» o trauma. A Escola de Teatro de Cascais [ETC], onde se inscreveu para concluir o 12º ano de escolaridade, acabou por revelar a sua vocação. E por ser a sua salvação. «[Até então] Eu não me dava valor», afirma a atriz, que entre os 13 e os 15 anos ouviu dizer frequentemente: «não vales nada». «É no teatro, com o [encenador e diretor da ETC] Carlos Avilez, que consigo arrumar estas caixinhas todas», diz, em lágrimas.

«Desculpa estarmos a mexer nisto tudo, Laura. Mas pode ser pedagógico para quem está a passar pelo mesmo», pede Manuel Luís Goucha. «Eu recebo mensagens de meninas que estão a passar por situações idênticas e não consigo olhar para essas mensagens e não fazer nada. Elas podem contar comigo», manifesta.

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«Já tive oportunidade de lhe dizer o mal que me fez»

Laura foi mãe aos 26 anos, fruto da sua relação com Diogo Andrade. A filha tem três anos e «é tratada com todo o amor», a peça que lhe faltou. Desde que nasceu Índia, como se chama a menina, que a atriz deixou «de se dar» com o homem que a agrediu. «Não quero a minha filha a conviver com esse tipo de pessoa. Eu não consigo ser feliz se tiver contacto. Eu sei que essa pessoa me ama, muito, mas de uma maneira muito estranha», revela ainda.

Antes, teve oportunidade de conversar com o seu agressor e de lhe dizer «o mal que fez». «Ele não entende. Não falei abertamente porque tinha medo», esclarece.

«Então ele precisa de ajuda?», quer saber o apresentador, antes de terminar a conversa. «Precisa. Não está consciente do mal que fez», responde Laura Galvão.

 

Texto: Ana Filipe Silveira, Fotos: reprodução redes sociais
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