Este domingo, 25 de novembro, Portugal diz adeus a Pesadelo na Cozinha. No último episódio do programa, Ljubomir Stanisic vai até ao Café Central, em Portalegre.
A TV 7 Dias esteve na cidade alentejana e descobriu que Domingas, uma mulher que tem a vida marcada pelo cancro, sofreu nas mãos do chef que não teve dó nem piedade da mãe do proprietário.
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Portalegre foi a última paragem desta temporada de Pesadelo na Cozinha e, no Café Central, Ljubomir não vai deixar saudades. Por outro lado, foi o restaurante que mais mudanças sofreu mas, no entanto, há algo que se mantém e é comum a quase todos os dez episódios: o ódio pelo chef.
O negócio é de Diogo, um jovem de 25 anos, mas é a mãe, Domingas, quem mantém a casa de pé. Foi a própria que se inscreveu para que o jugoslavo a pudesse ajudar a equilibrar as contas do estabelecimento. «Nos primeiros dois/três anos, funcionávamos mesmo muito bem, isto era restaurante e bar e fazíamos muitas noites de eventos», começa por contar a matriarca à TV 7 Dias.
«A partir daí começámos a entrar em decadência total. Estamos abertos há cinco anos e a verdade é que deixámos de conseguir suportar as despesas. O que eu queria com este programa era que me ajudassem a perceber o que estava mal e sobretudo aprender com o chef», sublinha.
Acusada de mimar o filho
Um dos maiores problemas do Café Central, apontado por Stanisic durante o programa, foi a ausência do proprietário. A equipa da TV 7 Dias esteve em Portalegre, ao que parece, nada mudou.
«Eu tive um restaurante quase 14 anos e tive mesmo muito sucesso. Mas por causa dos meus problemas de saúde, tive de me afastar da hotelaria», desabafa a mãe do jovem. «Decidi abrir isto para o Diogo porque ele não queria estudar, não queria seguir qualquer tipo de área e quando ele tinha 20 anos, eu peguei no dinheiro todo que tinha numa conta poupança e abri este negócio para ele», revela a responsável pela cozinha do espaço. «Nos primeiros meses ficou entusiasmado, depois desinteressou-se completamente», confessa, cabisbaixa.
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Deixou o emprego que tinha para se dedicar a ajudar o filho no negócio e, durante as gravações do programa foi ferozmente criticada por Ljubomir. «Perguntou-me imensas vezes que raio de pessoa é que eu era para montar um restaurante a um miúdo de 20 anos. Disse-me que mimava muito o menino», conta a cozinheira. «Ele atacou-me mesmo muito, deu-me muito na cabeça e até podia ter razão em algumas das coisas que dizia, mas a forma como ele fala não é correta», atira, incomodada.
«O Diogo continua na vida dele. Acho que está um bocado mais interessado. Já vem mais vezes cá…», justifica Domingas. «Acho que se o chef ajudou alguém a nível de personalidade, foi o Diogo. Penso que conseguiu que ele visse as coisas de uma forma diferente. Mas pronto umas vezes vem, outras não vem, andamos sempre assim», afirma.
«Foi horrível, nem consigo descrever»
O sorriso rasgado de Domingas é constante durante a conversa no entanto, quando o assunto é Ljubomir, a mãe de Diogo admite à TV 7 Dias que a semana de gravações foi de muitas lágrimas e stress. «Eu congelei com o chef, fiquei estupefacta. Não conseguia sequer reagir. Ele falava para mim e eu ficava tão nervosa…Entrei mesmo num estado…foi horrível, nem consigo descrever», conta com um riso nervoso.
«Eu não estou habituada a lidar com asneiras, o meu filho nunca ouviu uma asneira em casa, nem as mais básicas! Não é assim que eu funciono! Eu ouvi tanta asneira, tanta asneira que eu nem sequer conseguia ter um raciocínio, estava paralisada», revela a cozinheira.
«A produção esteve cá um tempo antes e estava um ótimo ambiente, estávamos todos bem-dispostos, na brincadeira. Assim que o chef chegou, ficou tudo diferente», realça. “Eu nem conseguia responder-lhe, parecia uma estátua, só chorava! O Diogo é filho único e o facto de ele o atacar ainda me magoou mais. Para uma mãe é muito complicado!».
Domingas venceu dois cancros
Venceu a batalha contra dois cancros e admite à TV 7 Dias que, em momento algum da sua vida se sentiu como na semana de gravações. «Eu estava completamente bloqueada. Em 47 anos isto nunca me tinha acontecido. E acredite que já passei por situações muito complicadas, nomeadamente a nível de doença e nunca me tinha acontecido tal coisa. Quando ele se dirigia a mim eu tremia», confidencia Domingas, que admite estar receosa por ver as imagens na televisão.
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«Gostava de ter aprendido mais se não tivesse entrado naquele estado degradante. Não sei que imagens é que eles captaram, mas estou com medo porque passou-se tanta coisa…», diz. «Sinceramente vai ser um choque porque eu, com os nervos e a ansiedade, não me lembro de metade do que se passou, simplesmente apaguei da minha memória. Por isso quando vir vai ser um choque!», salienta, revelando: «O Ljubomir disse que foi dos piores programas que ele fez e eu notei isso no olhar dele. Achei que foi muito difícil trabalharmos juntos, não percebo bem porquê», lamenta Domingas.
«Acho que as coisas ficaram piores quando ele disse para eu fechar imediatamente o restaurante e eu respondi-lhe que não podia fechar porque tinha marcações e precisava de faturar. E ele saiu porta fora, furioso. Eu até achei que ele me ia poupar mais a mim, mas não», acrescenta.
Cozinheiro despediu-se depois do programa
Quem também não gostou do comportamento do chef foi o antigo cozinheiro do Café Central, que se despediu depois de o programa ser gravado. «Não aguentou a pressão e foi embora. Como eles implementaram novas regras e eu achei que as devíamos seguir, ele não gostou. Estava habituado a trabalhar de uma determinada maneira, não aceitou a nova forma de trabalho e houve um dia, ao jantar que ele disse que ia embora. E ficou todo chateado», revela a mãe de Diogo que, sem o cozinheiro e com a pouca ajuda do filho, ficou sobrecarregada de trabalho.
«Agora sou eu e a Vitorina que estamos na cozinha. Para mim é mais complicado porque estou aqui 14 ou 16 horas por dia. Antes eu fazia os almoços e o cozinheiro fazia os jantares. Agora tenho de fazer horário continuo», confessa.
No entanto nem tudo foi mau na participação do programa. «Logo na primeira semana notei que temos mais clientes. Já consegui pagar algumas coisas e já estamos a equilibrar as contas, nesse aspeto foi muito vantajoso», conta a responsável da cozinha do Café Central.
«Eles trocaram a disposição do espaço, deitaram abaixo uma parede. Está mais amplo e mais apelativo. E mais luminoso. Os candeeiros são novos e dão um ar moderno. E depois foi toda a parte de pintura. Basearam-se no José Régio e puseram os poemas dele nas paredes. Gostei muito dessas mudanças», afiança Domingas, que fez questão de fazer uma nova ementa com pratos alentejanos sugeridos pelo chef.
«Ele é um tubarão na cozinha, disso não há dúvidas mas podia não ser assim…Eu era uma admiradora incondicional dele sou muito sincera. Gostava imenso dos programas dele mas pronto, quando o conheci foi diferente», remata.
Texto: Maria Inês Gomes Fotos: Paula Alveno