EXCLUSIVO: RTP «perfeitamente PREPARADA para voltar a organizar a Eurovisão»

A TV 7 Dias esteve à conversa com o cérebro do Festival da Canção 2019, que termina este sábado à noite, em Portimão, com a eleição do representante de Portugal na Eurovisão.

02 Mar 2019 | 9:50
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«O Festival da Canção está vivo e aceso». Quem o diz é Gonçalo Madaíl, o diretor criativo do histórico certame de música organizado pela RTP e que esteve, precisamente, na organização da edição de 2017 do concurso, ganha por Salvador Sobral, e no Festival Eurovisão da Canção do ano seguinte, o primeiro em solo português.

A estreia do nosso país na preparação do evento internacional mereceu destaque por parte da União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla inglesa), organismo responsável pela Eurovisão, que o reconheceu como «o melhor de sempre». Há um ano, Gonçalo Madaíl esteve em todas as etapas do certame. Agora, o responsável da RTP assegura, numa conversa exclusiva com a TV 7 Dias, que a televisão pública está pronta para assumir novamente o comando da organização.

Para que isso aconteça, Portugal terá de se sagrar vencedor da Eurovisão pela segunda vez, no próximo mês de maio, em Israel. O representante é eleito este sábado à noite, na final da 53.ª edição do Festival da Canção. Ou na «grande final», como prefere dizer o diretor criativo do concurso.

 

 

Como correram as duas semifinais do Festival da Canção 2019?
Acho que correram lindamente. Não houve problemas e correu tudo muito bem, o que nos deixa, obviamente, muito orgulhosos. Logicamente que o ‘know how’ que fomos adquirindo nos últimos anos e a experiência que tivemos com a Eurovisão foram muito importantes, não só para a auto-estima, mas para a consistência profissional. As pessoas estão muito seguras do que estão a fazer depois dos desafios que tiveram. Acho que teremos uma grande final.

O leque de concorrentes na edição deste ano foi muito diversificado.
Foi e tenho de deixar uma palavra de muito apreço e de muita felicidade pelos artistas e pelo retrato que tivemos, por muito que as pessoas tenham controvérsias e achem chocante este ou aquele artista. Acho que isso é a prova de que o Festival da Canção está vivo e aceso. E convenhamos que, ao longo das décadas, sempre houve muitas surpresas artísticas e coisas consideradas fora da caixa, quase heresias musicais e artísticas. Isso faz parte do domínio das artes. É um objeto subjetivo e, portanto, é natural que haja esse tipo de controvérsia entre as pessoas.

 

«Temos intenção de manter a descentralização do Festival da Canção»

 

Há um ano, a RTP prometia continuar a descentralizar o Festival da Canção. Depois de Guimarães, a escolha recaiu agora sobre Portimão. Porquê esta cidade?
Portimão foi uma autarquia que demonstrou automaticamente uma total disponibilidade. E também gostámos da ideia de ir de Guimarães a Portimão. Dá uma ideia de Portugal de lés a lés. Não estamos empenhados numa região específica, mas na descentralização em si. Isso é maravilhoso.

Os artistas foram a Portimão gravar os postcards [postais ilustrados].
E isso deixa-me particularmente emocionado. Acho que isso é muito simbólico para a comunidade algarvia, para a comunidade de Portimão, porque lhes estamos a mostrar que não estamos meramente a levar um espetáculo, a levar camiões cheios de logística. Estamos a levar os artistas lá, eles estão a conviver lá. Experimentaram a região e essa descentralização e essa proximidade a que a RTP está obrigada, no bom sentido, são o mais importante para mim.

 

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A descentralização é para manter?
Esperamos que sim e temos intenção de a manter, sem dúvida alguma. Não queremos desmontar esta narrativa.

Para o ano poderá ser novamente no Norte do país?
Não temos neste momento qualquer ideia, com toda a honestidade. Isto são processos que funcionam por fases. Agora é a fase da grande final, depois a fase da Eurovisão e, mal regressemos de Israel, lá para meados de maio, junho, começaremos a trabalhar nisso.

 

«As classes mais letradas estiveram com o Festival da Canção»

 

A RTP alterou o dia de exibição do Festival da Canção de domingo para sábado, uma mudança que poderia levar a que mais pessoas o vissem. Mas tal não aconteceu.
Em média, os números do ano anterior mantiveram-se mais ou menos [veja aqui as audiências da primeira semifinal e aqui as da segunda]. Deixo aqui uma nota de muito apreço para nós: liderámos na classe A/B, o que significa que, pelo menos, aquilo que se considera nas medições, as classes mais letradas estiveram com o Festival da Canção. Isso para mim é uma nota de regozijo, até quase pessoal. A mim deixa-me particularmente feliz a ideia de uma audiência, mais do que quantificada, qualificada.

 

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Mas, com a mudança do dia, a RTP esperava aumentar as audiências.
A RTP tem a obrigação de esperar tudo e de trabalhar para todo o país. Mas a verdade, e temos de ser conscientes disso, é que vivemos em pleno 2019 e há uma oferta tremenda do mundo privado televisivo em Portugal. Prefiro acreditar que a percentagem que a RTP tem é uma percentagem qualificada. Isto é uma oportunidade ótima para a RTP se distinguir, em vez de estar à luta. E é preciso perceber que as audiências hoje em dia não se esgotam na noite, esgotam-se depois no consumo em diferido ao longo da semana. E é aí que se vê. Há um regresso enorme ao longo da semana ao festival. Portanto, diria que as audiências deste festival ainda são uma história por contar.

 

«RTP está perfeitamente preparada para voltar a organizar a Eurovisão»

 

Quanto à prestação de Portugal na Eurovisão, as expectativas estão altas para a RTP?
Acho que há uma pressão. Uma pressão positiva, devo dizer. As pessoas gostaram de ganhar, foi histórico. Sabe bem vencer, não é? Mas eu, tal como no dia em que estava sentado ao lado do Salvador [Sobral, em 2017, na final da Eurovisão, em Kiev, Ucrânia], mantenho as minhas expectativas em baixo, por uma questão emocional, porque me faz mal à saúde [risos].

Mas a RTP está preparada para a possibilidade de, em 2020, voltar a organizar a Eurovisão?
Acho que a RTP já demonstrou que é capaz disso e que está perfeitamente preparada para o desafio. Aliás, até é duplamente desafiante. Agora o que seria? Qual seria o mote? Qual seria a ideia? Seria um desafio maravilhoso.

 

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Texto: Dúlio Silva | Fotografias: arquivo Impala e Divulgação RTP
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