«Tonturas, sensação de desmaio e insónias»: Fátima Lopes assume início de esgotamento!

Num longo texto publicado no seu blogue, a apresentadora admitiu ter sido diagnosticada com um princípio de burnout. «Foi também nessa altura que fiz finalmente o luto do meu divórcio», diz.

28 Jun 2020 | 16:50
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Fátima Lopes já precisou de pedir ajuda médica ao ter tido um princípio de burnout. A revelação foi feita pela própria apresentadora, num longo texto com o título «Há dias cinzentos dentro de nós«, publicado no blogue Simply Flow. Nele, a apresentadora conta que acordou triste e introspectiva, a pensar nas «muitas voltas que a vida dá» e com «milhões de pensamentos e emoções pela cabeça». «Sinto que a partida inesperada do meu querido Pedro Lima desencadeou este mar de reflexões.»

A estrela da TVI revela que, depois de acordar triste, sentiu necessidade de parar para refletir na vida das figuras públicas. «Quando hoje me levantei, senti necessidade de me retirar um bocadinho para refletir, para pensar nesta vida que nós, figuras públicas, temos. Pensar naquilo que José Carlos Malato batizou nas suas redes sociais de ditadura da felicidade. A necessidade de mostrarmos sempre coisas felizes e momentos bons, quando a vida mostra a todos os seres humanos, que existe o bom e o menos bom. A noite e o dia. A alegria e a tristeza. E isto é ser apenas pessoa».

 

«Então, Fátima, que cara é essa? Isso não é cara para a fotografia»

 

Fátima Lopes faz questão de frisar que as figuras públicas são pessoas normais e que, por isso, também ficam tristes. «Efetivamente, isto é-nos apresentado como uma exigência! Como se tivéssemos de estar sempre bem. Como se não tivéssemos problemas. Como se a nossa vida fosse obrigatoriamente cor-de-rosa. Como se não tivéssemos dúvidas, angústias, sofrimento. Como se não pudéssemos ter uma depressão, um burnout, uma crise de ansiedade, uma fobia, o que quer que seja. E, na verdade, as figuras públicas podem e têm isso tudo, como qualquer outra pessoa. Talvez até tenham mais pela exigência de se mostrarem sempre bem».

«Quando publicamos alguma coisa nas redes sociais em que mostramos um bocadinho da nossa fragilidade, porque todos temos fragilidades, automaticamente somos chamados à atenção. Já me aconteceu estar numa fotografia com um ar mais pensativo, mais introspectivo ou até mesmo triste e ser-me perguntado: ‘Então, Fátima, que cara é essa? Isso não é cara para a fotografia’. E isso é exigir que percamos o nosso lado humano. É urgente lembrar que nós somos pessoas como quaisquer outras. Logo padecemos das mesmas dores e dos mesmos desafios que qualquer pessoa. A normalidade é uma coisa fantástica. Podermos ser simplesmente normais é realmente qualquer coisa de extraordinário».

 

«Toda a gente tem os seus fantasmas»

 

«Ao olhar para as redes sociais ou para as revistas, é raro vermos uma figura pública fragilizar-se. Essa dificuldade acontece até com os seus pares. Ou seja, entre os atores poucas vezes se sentem à vontade para dizer: ‘eu preciso de ajuda’, ‘eu estou numa fase menos boa’, ou ‘estou aqui com uma situação que me está a angustiar muito’. Entre os apresentadores a mesma coisa. Entre os cantores também. Porque parece que é suposto que quem brilha de uma forma visível aos olhos dos outros tem de ter absolutamente tudo resolvido na sua vida. A verdade é que ninguém tem! Toda a gente tem os seus fantasmas, toda a gente tem as suas fragilidades, toda a gente tem coisas por resolver», explica Fátima Lopes.

«Senti, tal como fez o José Carlos Malato, que é muito importante nós, figuras públicas, humanizarmo-nos, fragilizarmo-nos e, quando for o caso, dizermos ‘eu preciso de ajuda’, ‘eu não estou numa fase boa’».

 

«Tonturas, falta de energia, sensação de desmaio, cabeça oca e insónias»

 

Depois, Fátima Lopes admite que também já teve uma fase em que precisou de ajuda. Foi em 2018, numa altura em que revela ter tido excesso de trabalho e pouco tempo para si. «Eu também já precisei de ajuda numa fase menos boa. Eu própria, no início de 2018, passei por uma situação complicada por excesso de trabalho. Estava a fazer 3 programas, as minhas semanas eram de 7 dias e os meus dias de trabalho ocupavam 14 horas. Passava parte do tempo fora de Portugal, pouco via os meus filhos, não tinha tempo para mim, nem para os meus, nem para fazer nada daquilo que me permitia descomprimir. Quando dei por mim, comecei a sentir uma tristeza profunda, uma falta de energia e uma série de sintomas que foram tudo menos agradáveis: tonturas, falta de energia, sensação de desmaio, cabeça oca, insónias e falta de vontade para tudo. Tive a capacidade de reconhecer que precisava de ajuda e imediatamente procurei o meu médico de família», conta, admitindo, pela primeira vez, ter vivido um princípio de burnout, pelo qual teve de ser medicada.

«O meu médico de medicina geral e familiar recebeu-me e rapidamente diagnosticou um princípio de burnout. Isto aconteceu em janeiro de 2018 e fui medicada, porque precisava mesmo de ajuda química. Foram-me ainda dadas as ferramentas e as indicações necessárias para superar aquela fase que eu estava a viver. Uma fase que nada tinha a ver com infância e/ou adolescência, ou com coisas mal resolvidas nessas fases da minha vida. Não, isso não representava nenhuma dor para mim. Tinha a ver, sim, com excesso de trabalho, com exaustão que acabou por me arrastar para um quadro depressivo.»

Ainda no mesmo texto, Fátima diz que foi também nessa fase que fez o luto pelo divórcio. Recorde-se que a apresentadora se separou de Luís Morais, ao fim de uma relação de 12 anos.

«Foi também nessa altura que fiz finalmente o luto do meu divórcio. Embora fosse um divórcio escolhido pelos dois, não deixava de ser uma decisão dolorosa. Aliás, se não fosse dolorosa, alguma coisa estava mal porque quando as pessoas se casam, casam-se porque têm um projeto em comum, partilham um sentimento muito forte e querem viver determinadas coisas juntas. E se é preciso quebrar esse sonho, é porque esse projecto não vingou. E portanto, há uma série de sentimentos associados, como a tristeza, que são absolutamente normais e que têm de ser vividos.»

«Ter a capacidade de reconhecer que precisamos de ajuda é extremamente importante. Mas a capacidade que tive de reconhecer que precisava de ajuda, de ir ter com o meu médico de medicina geral e familiar, Dr. João Marques de Carvalho, de permanecer com a minha psicóloga, a Dra. Ana Ramires, de ir trabalhar a parte espiritual com a Rute Caldeira, de cumprir à risca tudo o que me indicaram, fez a diferença. O meu médico, por exemplo, disse-me: ‘faça só as coisas que lhe dão prazer, não se obrigue a nada, não esteja com pessoas que para si são tóxicas, não atenda telefonemas de pessoas que sabe que não vão fazer outra coisa senão sugar-lhe energia, cansá-la, aumentar-lhe as preocupações. Escute-se, coloque-se dentro de uma redoma e só deixe entrar aquilo que lhe faz bem e as pessoas que sabe que lhe fazem bem’. E eu levei tudo isto à risca!»

 

«Eu sabia que eu não era aquela. Eu não era uma pessoa triste»

 

«Havia uma coisa que eu tinha bem clara dentro de mim: eu queria sair daquele estado o mais rápido possível, porque eu não era aquela. Eu sabia que eu não era aquela. Eu não era uma pessoa triste. Eu não era uma pessoa deprimida, eu não era uma pessoa com falta de brilho. Não era. Então, se me tinha deixado chegar até ali, também estava na minha mão fazer tudo para sair dali e assim fiz. E acrescentei outra coisa que, às vezes, também não é fácil: pedi ajuda aos que eu amava, aos meus pais, à minha irmã, à minha filha, que já tinha idade para compreender, e aos meus amigos. Expliquei-lhes que eu não estava bem e que precisava da ajuda deles para recuperar. E quando há muito amor à nossa volta, tudo acontece mais depressa. E foi isso que aconteceu.»

 

«Fiquei mais forte, mais capaz, mais conhecedora de mim própria»

 

Fátima Lopes termina o texto com uma palavra amiga para quem esteja a viver uma situação parecida, aconselhando que peçam ajuda: «Nós somos as pessoas mais importantes da nossa vida. Não desistam. Façam de vocês o vosso maior investimento, o vosso maior foco.»

«Eu fiquei mais forte, mais capaz, mais conhecedora de mim própria, mais conhecedora daquilo que me faz feliz. Mas isso não quer dizer que amanhã não possa passar por outra situação que me cause uma tal infelicidade que possa acabar numa depressão. Por isso é que eu sou humana. Por isso é que eu sou normal. E reconhecer isto é libertador. Aconselho todos aqueles que estão a passar por uma situação menos boa, seja ela qual for, que reconheçam a vossa fragilidade, peçam ajuda e, acima de tudo, não desistam. Eu acredito que há sempre alguém capaz de nos ajudar.»

 

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Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala
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