EXCLUSIVO! Fernando Mendes revela ordenado chorudo e confessa assédio da CMTV

De pedra e cal na RTP, o apresentador d’O Preço Certo confessa finalmente qual o salário que aufere. E fala abertamente do encontro com Felipa Garnel… e da conversa com um diretor da CMTV.

31 Dez 2019 | 19:30
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Dezasseis anos depois de se ter estreado à frente d’O Preço Certo, o balanço é positivo, pois Fernando Mendes solidificou-se como rei do horário das 19 horas, resistindo às apostas da concorrência e até a Cristina Ferreira. O seu estatuto levou-o a ser cobiçado pelos outros canais e, com o final do contrato com a RTP a aproximar-se, voltou a ser convidado para mudar de ares.

«Este programa merecia um estudo, pois estar há tantos anos no ar e ter as audiências que tem é extraordinário. Claro que todos nós gostamos de ganhar, mas, para mim, não é importante… Mas é engraçado ver que os outros canais, além de me convidarem, entram em guerra por aquele horário… É um horário importante para as televisões. Acaba por representar um arranque para os telejornais e, depois, para o que vem a seguir», afirma, em entrevista à TV 7 Dias.

E continua: «Gosto de ganhar, mas se ganharem os outros não me chateia. Sou dos primeiros a ligar a dar os parabéns. Um dos meus sonhos era trazer essa gente de outros canais ao meu programa, assim como eu vou aos outros e faço-o com todo o gosto. Provavelmente, há canais que não acharão muita piada, mas o convite fica no ar.»

Com o contrato com a RTP a chegar ao fim no final de 2019, foi assediado, mas a decisão final acabou por ser simples: «A TVI estava interessada. A Felipa [N.R.: Garnel] ligou-me para almoçarmos. Estive com ela uma vez no casamento da filha do Fernando Póvoas e outras vezes com o Nicolau Breyner, mas já tinha sido sondado umas quatro ou cinco vezes pela TVI. Eu não sou pessoa de fugir às entrevistas. Digo logo: ‘Vamos lá falar.’ Fizeram-me uma proposta e nem chegámos a falar de dinheiro.»

«Eu, em televisão, só quero fazer O Preço Certo. E julgo que até chegaram a falar com a produtora para ver se existia interesse em levar o programa para lá. Pensei que, eticamente, não seria muito bonito fazer O Preço Certo noutro canal. Também havia uns zunzuns da SIC, que também gostariam… Um dia até encontrei um diretor da CMTV, que me disse: ‘Um dia virá trabalhar connosco.’ A TVI, se queria alguém para aquele horário, seria natural que me quisesse. Mas pensei bem e não seria bom da minha parte sair. Estou no sítio onde gosto, onde não chateio e não me chateiam», considera.

Quanto aos valores que foram veiculados, de que com esta renovação de contrato ficaria a receber cerca de 20 mil euros, o apresentador não desmente: «Sim, é verdade. Sei que nos outros lados me ofereceriam muito mais. O dinheiro é bom, mas não é tudo. A Cristina e o Goucha são muito bons, mas gosto de estar no meu cantinho, sossegado e sem grandes alaridos. Continuo com os meus amigos de sempre, gosto de jantar com os técnicos, com os cameramen, etc. Gravo três vezes por semana, o que me dá a liberdade de andar pelo País com uma peça de teatro.»

 

Pavor de andar de avião

 

E, com isto, tem tempo suficiente para o equilíbrio que deseja ter. «Para ser sincero, também não existe muito mais coisas que queira fazer. Fazer férias para um destino exótico nunca foi um sonho. Nunca gostei muito de andar de avião. Não é que nunca tenha ido, mas tenho um medo enorme. Depois, tenho um país tão bonito e amigos do Algarve, Minho, Trás-os-Montes. O meu conceito é mais ‘vá para fora cá dentro’. E, atualmente, sou bem mais caseiro do que era antigamente. Antes, chegava às três ou quatro da manhã, agora gosto de estar em casa cedo e ver o jornal da meia-noite», explica.

Através da televisão, tem contacto com a triste realidade que se vive pelo País: «Vejo que existe muita desgraça. Pessoas a viverem mal. Tenho ajudado muito, mas também ninguém tem nada que saber quem ajudo. Gostaria de ajudar mais, mas, com a quantidade de cartas que recebo, não posso ir a todas.»

Alguém que anda por Portugal e toma o pulso à nação contacta com casos muitos tristes e preocupantes, como destaca: «É o meu país e a maioria dessas pessoas são o meu público e tenho que ter esse respeito. Apesar de hoje as crianças também verem, a maioria são reformados e desempregados. Aquilo que lhes posso dar, dou e boa disposição é garantida…»

Ver a terceira idade tão negligenciada dá-lhe um aperto no coração. «Têm um carinho extremo comigo. Eu sou abordado na rua e estão velhotas a chorar e a agradecer por aquele bocadinho, e metem-me também a chorar, e dizem-me que já não podem viver sem aquilo. O programa acaba por ser como que um antibiótico para muita gente. Já me aconteceu dizerem-me que já podem morrer porque me conheceram. Nunca tive aquele ar de vedeta, não quer dizer que uma vez ou outra não seja tão simpático, mas tento fazer esse percurso de ajudar a sentirem-se bem.»

Com a ecologia na ordem do dia, essa é igualmente uma questão que o preocupa bastante: “Realmente, preocupam-se com o clima e não parecem perceber como isto está. As pessoas pensam muito no consumismo e as que mandam no Mundo só têm na ideia o dinheiro e o poder. Deveriam ter começado a pensar nestas alterações há muito tempo. Preocupa-me o futuro dos meus netos, mas ainda tenho esperança que a tecnologia desenvolva o suficiente para lidar com isto… Preocupo-me, não tanto por mim, que tenho 56, mas eles são bebés.»

Atualmente, o apresentador vive na companhia do filho. «Tem sido uma experiência gira viver com o meu filho de 27 anos. Estamos a viver debaixo do mesmo teto há sete anos. Quem manda lá em casa sou eu, e não sei se ele quer que eu diga isto, pois tenho medo de aviões, mas ele está a tirar um curso de aviação. Além de bom filho, é também uma ótima companhia.»

 

Livre para amar e o telefonema de Marcelo

 

A atravessar um dos melhores momentos a nível profissional, quisemos saber se Fernando Mendes sente falta de uma paixão na sua vida. «Namoricos sempre tive, como toda a gente, mas neste momento quero estar sossegadinho. Se calhar, daqui a um ano pensarei nisso… Eu, quando era miúdo, apaixonava-me com muita facilidade. Hoje, não é tão fácil como isso. Chorei tanto, sofri tanto que, neste momento, estar sossegado é porreiro, mas não coloco isso de parte.»

O telefonema em direto de Marcelo Rebelo de Sousa para Cristina Ferreira no dia em que esta iniciou o seu programa na SIC mereceu muitas discussões e debates, mas falar com o Presidente da República não é algo inédito para o apresentador. «Mandei uma mensagem de parabéns a felicitá-lo pelo seu aniversário e, nem passados sete segundos, liga-me de volta a agradecer a mensagem. Claro que me sinto orgulhoso. Gosto muito dele e foi uma das coisas boas para o País, ter um Presidente como ele. É o nosso querido Presidente.»

 

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Texto: Eduardo César Sobral; Fotografias: Nuno Moreira; Agradecimentos: Restaurante Solar dos Nunes

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1710 da TV 7 Dias)

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