No café, Manuel (Vítor Norte) encontra Peixoto (Vítor Emanuel) e desabafa com ele. “O que se passa é que eu inventei que tenho uma namorada”, revela. O amigo questiona: “Inventou para si ou inventou para os outros? É que se inventou para si, não há problema nenhum. É até uma coisa bastante saudável, na medida em que, enfim, estimula a imaginação. Eu quando era um infante assim a puxar para o ranhoso tive várias namoradas imaginárias. Levava-as até a passear. O que era ótimo porque nos espetáculos só pagava um bilhete, e nos jantares só pagava uma refeição.”
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Manuel diz-lhe que isso é normal nele, pois tem problemas. E o amigo assume: “E tenho. Não nego. Tenho noção do meu quadro no chamado nível clínico. Agora, pior é quando inventamos que temos uma namorada para enganar os outros. E é o pior porquê? Porque temos a fama mas não temos o proveito. E, mais cedo ou mais tarde, as pessoas vão querer ver a dita namorada. Ora, como ela, nomeadamente não existe, constitui-se, portanto, o chamado problema.” Manuel fica calado e o empreiteiro questiona: “O que é que lhe passou pela cabeça para inventar, enfim, uma situação de relacionamento namorístico que, portanto, e bem vistas as coisas, não existe?” O ex-taxista hesita, mas acaba por confessar: “Para fazer ciúmes à dona Corcovada.” Peixoto fica admirado e comenta: “Amigo, peço-lhe encarecidamente que não se ofenda nem interprete mal esta minha exclamação de espanto. É só que eu não fazia ideia de que existia da sua parte um, digamos, interesse, no sentido e na direção da ilustre benemérita desta aldeia…” Preocupado, o ex-taxista pede: “E tu também não sabes de nada, estás a ouvir? Olha que isto não pode sair daqui!Bom. Tu vê lá. Mas o problema agora é que a coisa está a apertar. Porque toda a gente começa a chatear-me a cabeça para eu dizer quem é, afinal, a minha namorada. E acontece o quê? Acontece que eu não posso dizer.. porque ela não existe!”
Peixoto diz que há uma solução para o problema dele e que se Manel quer que acreditem na história da namorada, tem de espalhar o boato por toda a gente e para ser credível, tem de inventar um nome, idade, profissão, etc. Peixoto sugere que comecem pela idade e diz que pode ter 60 anos, mas Manel preferia que fosse mais nova. O empreiteiro insiste que a namorada inventada de Manuel deve ser credível e por isso acha que 60 anos é uma boa idade. Este acha que tinha capacidade para arranjar uma mais nova, mas segue o conselho de Peixoto. Continuam a inventar as restantes características da namorada imaginária e divertem-se com isso. Os dois pensam agora num nome para a namorada imaginária de Manel. Peixoto acha que deve ser um nome marcante e Manel sugere que se chame Laidinha de Adelaide.
Pouco depois, Manel põe o seu plano em marcha para espalhar o boato de que tem uma namorada. Manel pede uma água a Fátima (Marta Andrino) e diz que está com pressa. Ela pergunta-lhe a razão e ele afirma: “ É lazer. Vou ter com a minha namorada.” A empregada do café fica admirada e ele diz que ela faz 60 anos e pergunta a Fátima o que lhe deve oferecer. Fátima ficou espantada com a novidade e pergunta como é que Manel arranjou namorada. Indignado este questiona: “Como é que eu arranjei namorada? O que é que queres dizer com isso? Porque é que eu não havia de arranjar uma namorada? Olhem que esta!…” Ela pede-lhe que não leve a mal, mas ele afirma: “Olha, mas levo! A lata! Como é que eu arranjei namorada!… Tem paciência! Sabes que mais? Deixa estar que eu não quero as tuas recomendações para nada!” Manel fica ofendido e vai embora.
Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt) Fotos: Divulgação TVI
