Filipa Nascimento recorda passado marcado pela fome, morte e separação dos pais

Filipa Nascimento abriu o coração para, em entrevista a Daniel Oliveira, falar sobre o passado que a marca pela fome, a morte e a separação dos pais, quando ainda era adolescente.

09 Jan 2021 | 20:10
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Filipa Nascimento foi a convidada do “Alta Definição”, da SIC, deste sábado, dia 9 de janeiro. A atriz, de 25 anos, faz parte do elenco de “Amor Amor”, a nova novela da estação de Paço de Arcos e, em conversa com Daniel Oliveira, falou sobre este projeto que estreou na passada segunda-feira, dia 4, e ainda recordou as dificuldades financeiras que viveu na infância e na adolescência.

Filipa confidenciou que foi muito difícil chegar onde está. Contudo, nunca baixou os braços para atingir o seu sonho.

“Foi difícil chegar lá. Aos 14 anos entrei no mundo da moda. Gostei mas não era aquilo que eu queria. Mais ou menos aos 20/ 21 anos decidi que já chegava e comecei a fazer castings. Agora fiquei”, começou por dizer. E recordou: “Desde que me lembro, gostava muito de representar. Punha-me em frente ao espelho e inventava. Eu própria não sabia o que isso significava e quando cresci, apercebi-me que a representação era o caminho certo”.

Com 12 anos, Filipa viu os pais separarem-se. “Eu queria que eles se separassem. Eu e o meu irmão assistíamos às coisas. Sabíamos que o melhor para todos era cada um seguir o seu caminho. Esse foi um momento feliz”.

E desde então, tudo mudou. “Fiquei com a minha mãe. Nessa altura, o meu irmão foi para a faculdade. (…) [A minha mãe] começou a ganhar menos dinheiro. Algumas dívidas, que não eram da parte dela, apareceram e ela não tinha para pagar. Fomos vivendo gradualmente com menos condições financeiras”. E frisou: “Via, por exemplo, a minha mãe a deixar de comer para eu comer (…)”. Situações que fizeram com que Filipa fosse obrigada a crescer mais rápido. Contudo, a jovem atriz, agradece tudo aquilo que lhe aconteceu.

“Não tinha tempo para pensar em bonecas. Às vezes ia brincar com os meus amigos porque se passava muita coisa em casa”.

Já na adolescência e quando foi para a faculdade, Filipa continuou com o mesmo problema a nível financeiro. Apesar de ganhar “alguns trocos” na moda, houve alturas que chegou a não ter dinheiro para comprar pão.

“Faltou para tudo: para a comida, para a roupa, para tudo… os bens essenciais acabávamos sempre por consegui porque a minha mãe era e é muito organizada”.

“Aconteceu-me muito não ter dinheiro sequer para ir comprar o pão, mas também não pedia, porque sabia que a minha mãe não podia dar. Se eu lhe dissesse que precisava, sabia que a minha mãe ia ficar preocupada.”

Por não ter dinheiro, a atriz acabava por inventar desculpas para faltar a festas e jantares. “Eu nunca sai à noite na faculdade. Fui a um jantar de curso. De resto, estava sempre preocupada naquilo que eu ia dizer aos meus colegas para não ir. Aquela vergonha que as crianças têm: ‘Não vou dizer que não tenho dinheiro. Não quero ser vista como esse tipo de pessoa’. Então inventava desculpas para não ir”.

Filipa confessou ainda que não queria nem preocupar a mãe nem o irmão e, por isso, não contava nada.

Mais tarde, e ainda na faculdade voltou a passar por um momento de grande tristeza: a morte da avó. “[Aconteceu] um ano depois de ir para a faculdade. Eu não estava à espera. Sabia que ela não era completamente saudável mas houve muitas coisas que ela escondeu para não nos preocupar. E quando recebi um telefonema a dizer que ela tinha falecido em casa, foi uma angústia muito grande. Um dos piores dias da minha vida. Queria vê-la uma última vez e não me deixaram. Durante muito tempo senti-me culpada [pela morte dela]. Por estar longe”.

E recordou: “Não me deixaram vê-la. Acharam que era uma imagem muito forte e quiseram decidir isso por mim”.

Texto: Márcia Alves; Fotos: Reprodução Instagram

 

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