“Fiquei 15 dias só chorar deitada”: Kelly Medeiros chora ao falar do filho com autismo

Kelly Medeiros estava grávida do segundo filho quando descobriu que Lucca sofria de autismo. A ex-concorrente de “A Quinta” desaba em lágrimas ao falar do desespero com as crises da criança.

13 Abr 2022 | 19:30
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Kelly Medeiros esteve esta quarta-feira, dia 13 de abril, no programa “Manhãs CM” para comentar a atualidade do mundo dos famosos. A ex-concorrente de “A Quinta” comoveu-se ao falar da mais recente polémica com Cristiano Ronaldo, em que o jogador de futebol atirou o telemóvel de uma criança com autismo ao chão após um jogo.

Ronaldo já pediu desculpas, porém a mãe da criança em questão veio a público dizer que o menino se recusa a encontrar-se com o craque português.

“Ele vai levar aquele trauma para o resto da vida”

Para Kelly, que é mãe de uma criança autista com quase quatro anos, este comportamento é completamente natural, dada a condição de saúde. “Vai doer sempre, eu coloquei-me no lugar da mãe. A criança autista, ou o autista adulto, ele é muito intenso em todas as situações“, começou por dizer.

“O autista leva muito à letra, não sabem perceber uma ironia, é 100 por cento verdadeiro, não tem filtro (…) Ele vai levar aquele trauma para o resto da vida dele, criança autista é assim”, afirmou.

No programa da CMTV, a ex-concorrente do “Big Brother Brasil 12”, acabou por falar da sua experiência pessoal com o filho mais velho, Lucca, que tem autismo. Ao início, a brasileira confessou que demorou a aceitar a diferença do filho: “Fiquei um bom tempo, no mínimo 15 dias, em que só chorava. Fiquei deitada num sofá, estava grávida de Romeu, estava no meio de uma pandemia. Uma mãe quer sempre que o filho venha perfeito, em todos os sentidos, não que o meu filho não seja perfeito”.

“O meu filho é a coisa mais linda que possam imaginar. É super, hiper, inteligente. é super carinhoso”, referiu, acrescentando que demorou cerca de um ano até trazer este assunto “à tona”. Antes de falar publicamente sobre o assunto, Kelly preferiu informar-se sobre o assunto e preparar-se psicologicamente. “Eu fiquei mal durante um tempo, mais com a reação do mundo com o meu filho do que com a condição dele”, disse.

O pior foram as mensagens que recebeu nas redes sociais, que classificou como “insensíveis”: “As pessoas não respeitam. Diziam-me para ir ao médico, que o meu filho tinha algum problema”.

“Infelizmente há pessoas que preferem não ver”

Kelly falou, ainda, do sofrimento de uma mãe ao ver os comportamentos dos filhos com autismo e ao receber comentários negativos feitos pela sociedade: “As mães em casa devem sofrer muito com isso. Já estão a passar pela situação adversa da sua vida em relação a um filho, que é tudo para a gente, e depois têm de receber esse tipo de comentários. Infelizmente há pessoas que preferem não ver”.

A brasileira deixou um conselho para todas as mães que passem pelo mesmo: “Não esperem amanhã: têm de abraçar e cuidar, é a condição dos vossos filhos, é uma condição apenas”. Desde que foi diagnosticado, com apenas um ano e três meses de idade, Lucca já teve uma grande evolução. Apesar do autismo ter sido detectado muito cedo, o que para muitos médicos poderia não dar uma certeza sobre esta condição, Kelly desabafou que sempre soube que algo se passava com o filho e procurou ajuda junto de vários pediatras: “Quando somos mães, a gente sente”.

“É difícil uma mulher do meu tamanho segurá-lo”,

A comentadora convidada da CMTV relatou as crises que Lucca tem devido à sua condição e não conteve a lágrimas. “Saía fora dele e ele é enorme (para a idade). É difícil uma mulher do meu tamanho segurá-lo”, desabafou, dizendo que o filho começava constantemente a “bater” nele próprio, uma vez que “não tem noção do perigo” e “não sente muita dor”.

“A pupila dele dilatava quase o olho dele inteiro, saía completamente fora dele”, relembrou. Lucca não fala, diz apenas algumas palavras que não o permitem manter uma conversa, algo que, segundo a progenitora, o deixa “frustrado” por “não se conseguir expressar”.

“A gente que é mãe fica desesperada, a tentar adivinhar, porque ele acaba por se aleijar (…) Quando está em crise, não se pode abraçar, tem de se respeitar e apenas proteger para não se magoar”, rematou.

Texto: Inês Borges; Fotos: DR

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