“Força! É só mais uma fase”: Rui Pedro Figueiredo revela últimas palavras ditas ao pai

Rui Pedro Figueiredo e Jéssica Antunes vão ser pais, mas ele confessa-nos estar a viver “o maior misto de emoções da vida” após a morte do pai. E revela a última conversa que teve com o seu “ídolo”.

08 Ago 2021 | 18:53
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Rui Pedro Figueiredo e Jéssica Antunes vão ser pais pela primeira vez. Contra a expectativa de muitos, os ex-concorrentes do “Big Brother” estão mais unidos do que nunca e, agora, preparam-se para realizar um “sonho” que sempre tiveram, conta o empresário em entrevista à TV 7 Dias. “A Jéssica é a mulher da minha vida e, portanto, faz todo o sentido darmos este próximo passo. Estou felicíssimo”, confessa-nos.

A jovem acabou de completar 17 semanas de gestação, estando o nascimento do bebé “previsto para janeiro”. Anunciada aos fãs a 25 de julho, a gravidez foi descoberta a 10 de maio. “Não foi premeditada, mas também não foi feito nada para que não acontecesse. Ela fez análises de rotina e vinha lá um valor alterado. Foi perguntar e descobriu que estava grávida. Contou-me no mesmo dia em que soube. Fez-me uma surpresa escrevendo num papel a mensagem ‘A felicidade só é verdadeira quando é partilhada’. Na altura, estava grávida de três semanas”, recorda Rui Pedro Figueiredo.

No mesmo dia, a boa-nova foi partilhada com os respetivos pais dos ex-concorrentes do reality show da TVI: “Decidimos que eles também deviam saber. Fizemos um jantar em nossa casa. Convidámos os pais da Jéssica, que estão mais próximos de nós, e fizemos uma videochamada com os meus pais. Foi um dia de felicidade extrema para todos.”

 

Casal só vai descobrir o sexo do bebé em outubro

 

No segredo dos deuses está ainda o sexo do primeiro fruto deste amor. E assim ficará até ao último trimestre da gravidez. “Vamos saber todos ao mesmo tempo, num chá de bebé. A clínica vai informar alguém que ficará responsável pela gestão da festa e, em outubro, o sexo do bebé vai ser anunciado para todos, inclusivamente para nós”, conta o empresário, assumindo a “curiosidade” que ambos têm por descobrir se vem aí um menino ou uma menina.

“Para mim, há uma vontade maior de ser uma menina, até porque eu tenho uma afilhada e vejo-a como uma filha… A Jéssica também sempre quis uma menina. Mas nós queremos é que venha com saúde”, salvaguarda.

 

“Houve um recuo na doença muito drástico e agressivo”

 

Menos de duas semanas antes do grande anúncio, a 13 de julho, o pior pesadelo de Rui Pedro Figueiredo concretizou-se: a morte do pai. O empresário passa, portanto, pelo “maior misto de emoções da vida”: “É a pior sensação do mundo com a melhor sensação do mundo. É uma coisa díspar… Mais do que nunca, queria que o meu paizinho estivesse a assistir a este processo. Ele assistiu até aos três meses de gravidez. Estava muito ansioso. Estava tão ansioso quanto nós.”

José Figueiredo lutava há cerca de dois anos contra um cancro no estômago, que se tinha alastrado a outras partes do corpo nos últimos tempos. Agora, pela primeira vez, o ex-participante do “Big Brother” conta como tudo aconteceu.

“Houve um recuo na doença muito drástico e agressivo. Nos últimos dois ou três meses, ele perdeu muito peso, vomitava constantemente… Chegou a ser internado de urgência. Entretanto, os médicos chamaram-nos para dizer que a situação era bastante crítica. Felizmente, ele conseguiu recuperar um pouco o peso. Conseguiu ter alta e voltou para casa, mas já com oxigénio, superdebilitado e sem força… Estava entubado e era alimentado através de uma sonda, tal como no hospital. Ele já não conseguia ingerir nada por via oral, porque o cancro já tinha chegado ao esófago. Foi internado outra vez, num estado já muito débil, embora sempre com sanidade mental máxima”, relata.

 

A última conversa de Rui Pedro Figueiredo com o pai

 

“Consciente até ao último dia, embora já não tivesse muita força para falar”, José Figueiredo contou sempre com o apoio dos três filhos. Rui Pedro Figueiredo partilha com a TV 7 Dias o teor daquela que viria a ser a última conversa com o pai.

“Ele faleceu numa terça-feira. No domingo e na segunda, já não conseguimos falar, porque ele já estava numa situação muito difícil e os médicos não conseguiam sequer passar-lhe o telemóvel. Falámos pela última vez no sábado. Disse-lhe: ‘Pai, força! É só mais uma fase. ‘Bora. Já vens para casa…’. Ele já não conseguia dizer grande coisa, porque se cansava muito…”, lembra Rui Pedro Figueiredo, “longe de imaginar” que não voltaria a falar com o pai.

 

“Ver um pai a degradar-se todos os dias é terrível”

 

“Alimentei sempre uma esperança. Racionalmente, tinha a certeza médica de que a partida dele era o que iria acontecer, mas nunca me consegui mentalizar… Os médicos chamaram-nos, a mim e aos meus irmãos, e eu inclusivamente falei com uma psiquiatra. Ela disse-nos que estava ali para nos ajudar. Eu disse-lhe: ‘Doutora, ajude-me. Eu aceito a sua ajuda. Se tiver um método ou uma técnica para eu me mentalizar que o meu pai vai falecer, diga-me. Eu não sei qual é… Não consigo’. Não há nada que suprima a dor da morte da pessoa que mais amamos, de um ídolo, de uma referência. Foi ele que me ensinou tudo o que eu sei. Consegui deixar de ser egoísta? Não consegui… Eu queria que ele estivesse cá…”, lamenta o ex-concorrente do “Big Brother”.

Rui Pedro Figueiredo recorda com dor o “muito sacrifício e sofrimento” pelo qual o pai passou, sobretudo nos últimos meses. “Uma coisa assustadora!”, classifica, acrescentando de seguida: “Para todos e, essencialmente, para ele, era um massacre. Ele sofria muito e nós sentíamos a dor dele. Ver um pai a degradar-se todos os dias é terrível… Sem vontade de sorrir, sem vontade de falar… Doía muito ouvi-lo e vê-lo daquela forma…”

 

O momento em que recebeu “a pior notícia de sempre”

 

O trágico desfecho acabou por dar-se na manhã de 13 de julho. “Fui eu o primeiro a receber a notícia. Ligaram-me às 07h46. Eu ainda estava na cama e recebi uma chamada do hospital. Do outro lado, ouvi: ‘Sou médico do IPO de Coimbra e tenho uma notícia infeliz para lhe contar’. Não consegui ouvir mais. Passei o telemóvel à Jéssica e ela falou com ele”, conta, com a voz embargada.

“É muito duro. É a pior coisa do mundo. Neste momento, qualquer notícia que eu receba nunca será pior do que aquela. Aquela foi a pior de sempre. Pior nunca mais vou receber”, crê o ex-participante do “Big Brother”.

Acreditando também que a gravidez de Jéssica Antunes simboliza “uma força maior para ajudar a ultrapassar” a morte do pai, Rui Pedro Figueiredo admite que a dor de perder o progenitor não abrandou com a passagem dos dias. Pelo contrário, faz questão de salientar. “Pessoas que passaram pelo mesmo diziam-me que o pior não seria agora mas depois. É verdade. É cada vez mais difícil. É surreal, indescritível. A dor, a saudade e as memórias vão aumentando. Tudo isso mexe muito”, remata.

 

Texto: Dúlio Silva (dulio.silva@worldimpalanet.com); Fotos: Sérgio Pombo, JUST WEDDINGS

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1794 da TV 7 Dias)

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