Chama-se Luca Trapanese, é italiano e há muito que o seu nome corre mundo. A história que se segue não é nova, mas tem tanto de inspiradora que é muito provável que se possa ter cruzado com a mesma recentemente nas redes sociais. Isto porque ainda hoje a jornada de Luca Trapanese é partilhada nas redes sociais por muitas pessoas. Até porque falamos de um gay solteiro que decidiu adotar uma menina deficiente que já tinha sido rejeitada por 20 famílias.
Leia ainda: Fisioterapeuta choca ao dançar com recém-nascido no bolso da bata
“Gay solteiro adota criança com síndrome de Down rejeitada por 20 famílias” é o título com que a história de Luca Trapanese costuma ser partilhada. E é apenas o resumo de uma aventura que levou o italiano a escrever um livro sobre a sua jornada enquanto pai de uma menina com deficiência. Mas a verdade é que há mais para descobrir sobre o homem que se tornou um fenómeno nas redes sociais.
Luca Trapanese deixa seminário ao apaixonar-se
A verdade é que Luca Trapanese passou boa parte da vida a cuidar de pessoas com deficiência. Em conversa com a BBC, o italiano recorda que viu o melhor amigo morrer de cancro com apenas 14 anos. E que logo ficou “com uma profunda consciência do que significava viver com uma doença”. Foi então que decidiu começar “a trabalhar como voluntário numa igreja em Nápoles para ajudar pessoas gravemente doentes e crianças com deficiência”, explica.
Aos 25 anos decide tornar-se padre católico. Só que após dois anos no seminário perdeu-se de amores por outro homem. “Deixar o seminário não foi uma decisão difícil para mim”, conta. “Os meus amigos e familiares apoiaram-me muito e entenderam totalmente minha escolha”, acrescenta. E foi ao lado do companheiro que fundou uma instituição de caridade para ajudar pessoas com deficiência.
“Disseram-me que só me dariam uma criança com uma doença, uma deficiência grave ou com problemas de comportamento”
Luca Trapanese conta ainda que as conversas com o companheiro passavam também pelo desejo de adotar uma criança que fosse portadora de deficiência. Só que a relação chegou ao fim após 11 anos de namoro. Ainda assim, o desejo de ser pai permaneceu bem presente na vida do italiano. Que encontrou problemas legais em Itália, pois é muito complicado para um solteiro conseguir adotar uma criança. “Disseram-me que só me dariam uma criança com uma doença, uma deficiência grave ou com problemas de comportamento”, desabafa.
“Quando a segurei nos meus braços pela primeira vez, fiquei cheio de alegria”
Foi então que, em julho de 2017, o telefone tocou. Luca Trapanese ficou a saber da existência de Alba, uma menina de 30 dias com síndrome de Down. Que tinha sido abandonada pela mãe biológica e rejeitada por 20 famílias. “Quando a segurei nos meus braços pela primeira vez, fiquei cheio de alegria”, conta. “Eu senti que ela era minha filha imediatamente”, realça.
Desde então que pai e filha são um fenómeno nas redes sociais. Só no Instagram, Luca Trapanese conta com 594 mil seguidores. E é por lá que partilha vários momentos da vida ao lado de Alba, que hoje já tem seis anos. Na conversa com a BBC, o italiano revela que, apesar de ser pioneiro, nunca quis ser visto como um modelo. “Acho que a minha história e a de Alba destroem muitos estereótipos sobre paternidade, religião e família. Mas não queria que fosse assim. Isto nada mais é do que a nossa história de vida”, termina.
Texto: Bruno Seruca Fotos: Reprodução Instagram