Guiado pela “estrelinha”: José Condessa recorda morte da avó

À TV 7 Dias, José Condessa recorda uma das maiores referências da sua vida, a avó, fala sobre a passagem pelo Brasil, e das dificuldades de gravar em tempos de pandemia.

03 Abr 2021 | 10:30
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José Condessa podia ter sido futebolista, mas foi a arte de representar que arrebatou o seu coração, muito por culpa do pai, ator amador, que desde cedo o levou para os bastidores dos teatros que pisou. Aos 23 anos,Condessa ama o teatro, mas também o cinema e a televisão.

No último ano deu o salto para o Brasil, onde conquistou a crítica. E foi por lá que, com 22 anos, aprendeu a crescer e a superar a perda daquela que hoje diz ser a sua “estrelinha” da sorte, a avó paterna. “A morte da minha avó [N.R.: novembro de 2018] foi a primeira perda que tive de um familiar mais próximo e de alguém que, felizmente, para mim não era a avó que via uma vez por mês, era alguém com quem vivia todos os dias. Já não digo isto de uma forma triste. Nada ocupa o lugar e o espaço que fica, e felizmente existem as memórias que espero que se continuem a perpetuar e que me fazem crescer, se calhar ela é essa estrelinha que desde que partiu muita coisa aconteceu, não sei ainda bem como”, explica à TV 7 Dias, reforçando: “É das pessoas que mais amava e continuo a amar e é interessante passarem-se dois anos e sentir que está tudo ainda muito presente. A ida para o Brasil, ajudou muito a reconstruir-me.”

E foi no outro lado do Atlântico que abraçou uma das maiores provas de fogo da sua carreira. Deu vida a Juan, em “Salve-se Quem Puder”, novela da Globo. No entanto, a pandemia que continua a assolar o Mundo fez com que não terminasse o seu projeto. “Fui muito feliz no Brasil, fez-me crescer pessoalmente, artisticamente foi maravilhoso, e o trabalho que fiz deixou-me orgulhoso. Se gostava de voltar? Acho que gostamos sempre de voltar ao sítio onde já fomos felizes, se é para já, se daqui a dez anos, não sei. As coisas na minha vida às vezes acontecem sem as planear, e acho que é assim que vai continuar a ser. Não há previsões de nada, agora estou focado em terminar este trabalho [N.R.: David em ‘Bem Me Quer’].”

Ainda sobre o “alarido” em torno da sua saída da Globo, o jovem responde: “É mais fácil apontar o dedo, a uma coisa que não corre tão bem, do que reconhecer o sucesso de alguém, e isso é triste. A forma como acabou foi repentina para toda a gente, houve outros colegas que também não conseguiram conciliar a novela com projetos pessoais, como pessoas que ficaram grávidas.”

Ainda antes de aterrar em solo carioca, a imprensa brasileira já o apelidava de galã, comparando-o a Cauã Reymond. Daí a surgirem rumores de que teria trocado a namorada Bárbara Branco, pela sua mais recente colega de cena, Juliana Paiva não durou muito.

“É uma fofoca”, atira José Condessa, bem-disposto, sublinhando que a sua relação com a Vera de “Bem Me Quer” em nada ficou afetada. “Eu e a Bárbara temos uma relação muito forte que nasce de uma amizade de cinco ou seis anos antes de começarmos a namorar. Sabemos bem com quem estamos e que pessoa temos em casa. Há um oceano no meio, essas dúvidas todas, mas é continuar a pensar que a pessoa, que está no lado de lá, é a mesma. Já sabia que a fofoca brasileira e o sucesso das novelas nasce muito de fazer casais. Mas, aquelas pessoas eram a minha família lá, os meus amigos, tanto a Juliana, como a Nina Frosi, o Murilo Rosa, os meus amigos do futebol, todos esses que não aparecem nas revistas foram a minha família e fizeram com que eu estivesse feliz”, contou, reiterando: “O que tenho que pensar é que fiz bem o meu trabalho e isso foi bem recebido, tenho muitas mensagens que continuo a receber do público brasileiro, muitos deles vêm o ‘Bem Me Quer’ através da internet, o que é muito fixe. São essas pequenas coisas que ficam e as relações pessoais.”

 

José Condessa apanhado pela COVID-19

 

Apesar de todos os cuidados que teve, José Condessa acabou por contrair o vírus da COVID-19, assim como a sua namorada Bárbara Branco, em novembro do último ano. “Foi chato não ter paladar e olfato durante três dias, eu que adoro comer foi muito complicado”, exclamou, reforçando como passou esses dias: “Estarmos fechados em casa às vezes até é uma bênção, porque temos tempo para ver séries, ver filmes para estudar, para eu dormir até às tantas, para a Bárbara deitar-se cedo. Temos uma rotina muito fácil de conciliar. O difícil foi voltar a ganhar o ritmo e voltar ao trabalho, não foi ficarmos fechados e com um ritmo e horários trocados”, teceu.

Recuando no tempo, o ator confidenciou que foi mais penoso passar pelo isolamento quando chegou do Brasil:  “O mais difícil foi não estar com as pessoas que mais gosto, os meus pais, a Bárbara. Não sair, passear e matar saudades depois de ter estado tanto tempo fora.”

 

Representar em tempos de pandemia

 

Após a passagem por solo brasileiro, José Condessa regressou a território nacional para dar vida ao seu primeiro protagonista numa novela nacional, David, em “Bem Me Quer”. Radiante com o desafio que tem abraçado nos últimos meses, onde contracena ao lado da namorada Bárbara Branco, que dá vida à vilã, Vera, o artista revela que é muitas vezes questionado sobre se tem ciúmes de ver a beijar David Carreira.

“Somos profissionais, não é uma coisa que mexa connosco e que nos atrofie pessoalmente, isso nunca aconteceu entre nós. Nós conhecemos-nos há muito tempo antes de namorarmos, já ela conheceu outras namoradas minhas e eu outros namorados dela, por isso não é sequer por aí. Há uma relação de amizade e de confiança. Sabemos que aquele é o nosso trabalho”, revelou.

E em casa aproveitam para estudar o texto da novela juntos? “Às vezes quando temos aqueles dias com muitas cenas, ajudamos-nos um ao outro em casa. Como não é uma peça de teatro, nem um filme, onde está tudo cronologicamente correto, aqui antes de estudarmos tentamos perceber se já acabei com a Maria Rita, se já beijei, essas pequenas magias, esse é um trabalho que fazemos em casa e ajudamos-nos principalmente a passar o texto, e uma ou outra cena mais complicada. Mas temos rotinas diferentes. Eu adoro ir vendo as coisas dia-a-dia, a Bárbara gosta de preparar a semana com alguma antecedência, são formas diferentes de trabalhar, mas igualmente produtivas.”

Sobre o facto de trabalhar em tempos pandémicos conta: “É um mundo novo. O fazer testes, o uso da máscara são rotinas difíceis e que muitas vezes interferem no nosso trabalho. Estar a bater texto, ou a ensaiar, de máscara faz com que na ação seja tudo novo, nós vemos os olhos, mas não vemos a boca, a forma de reagir e a expressão da outra pessoa. Se já era difícil no ritmo de novela ter que ir atrás de uma cena, então aqui é um desafio maior, porque só na altura da ação é que vais saber como o teu colega vai reagir.”

Popular e querido entre o público, afiança que tem recebido inúmeras mensagens dos seus seguidores através das redes sociais, sendo atualmente a única maneira para interagir com os seus admiradores. “Todos os dias recebo muitas mensagens e vou respondendo a muitas pessoas, às vezes guardo algumas mensagens de Instagram que enviam. Há páginas maravilhosas que fazem brincadeiras e memes. Pega nas cenas icónicas e faz coisas  muito engraçadas e é muito fixe sentir esse apoio do público.”

Sobre projetos futuros, já se encontra a preparar o próximo espetáculo inspirado na tragédia de William Shakespeare, “Hamlet”, onde irá dar vida ao protagonista. No que toca à televisão confidencia que espera um dia desempenhar um papel que o desafie fisicamente. “Sinto que preciso cada vez mais  de um desafio de construção. Gostava de construir algum personagem que me desafie em termos de construção de corpo, ou com alguma deficiência motora em que eu possa  mergulhar no personagem”, rematou.

 

José Condessa elogia David Carreira: “Profissionalismo gigante”

 

À TV 7 Dias, José Condessa enaltece o profissionalismo de David Carreira, e o carinho com que a equipa de “Bem Me Quer” o recebeu nas rodagens, após a morte da irmã, Sara Carreira, vítima de um acidente de automóvel a cinco de dezembro do último ano.

“O David foi exemplar e de um profissionalismo gigante. Teve presente nunca nos tentou preocupar com nada, recebeu o nosso carinho, de coração aberto e o grupo acolheu-o com o carinho, como qualquer um que passa uma fase mais complicada. É inimaginável saber o que ele sentiu. Ele está a trabalhar e consegue ser exemplar, no sentido em que nada falhou, é extraordinário, e de uma força… foi maravilhoso mesmo.”

 

Textos: Telma Santos (tema.santos@impala.pt); Fotos: Arquivo Impala e reprodução redes sociais

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1776 da TV 7 Dias)

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