“Hoje chorei muito”: Júlio Isidro devastado com morte da irmã de Maria Rueff

Júlio Isidro prestou uma sentida homenagem a Maria do Céu, irmã de Maria Rueff. O apresentador da RTP1 escreveu um texto carregado de emoção.

26 Mar 2022 | 15:20
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Júlio Isidro está inconsolável com a morte de Maria do Céu, irmã de Maria Rueff e sua grande amiga. O apresentador da RTP dedica-lhe uma homenagem, em tom de desabafo, no dia em que decorreram as cerimónias fúnebres. “Hoje chorei muito”, admitiu o comunicador, de 77 anos.

“Perdi uma amiga de um tempo irrecuperável, porque a morte é irreparável. Com ela, partiram mais alguns passos da minha vida”, lamentou Júlio Isidro, recordando os dias de Natal em que se “sentou à mesa da família Rueff, qual menino Jesus nas palhinhas”.

Leia o desabafo de Júlio Isidro na íntegra:

“Eram as manas da Céu a acenderem a luz de memórias do Júlio, na altura solteirão impenitente, e que na probabilidade de passar um Natal sozinho, se sentou à mesa da família Rueff, qual menino Jesus nas palhinhas. Que noite santa onde o afeto estava nas palavras doces, nas risadas cheias e nas coisas boas que enchiam a mesa.

Com enorme emoção, trocámos gestos de carinho e saí com a Maria. Tinha começado a chover no preciso momento em que caminhava para o velório da Céu, que só pode estar como em si mesma, no Céu. Abraçado à mais nova, a minha querida Maria Rueff, chorámos tanto, com a chuva como cúmplice. É o Céu a chorar connosco, sussurrou-me…

E as memórias acenderam-se com uma luz tão intensa, a ginástica onde a Céu era exímia e eu fazia o possível, os jantares em restaurantes com o nosso grupinho, a febre de sábado de manhã, o Passeio dos Alegres, o concerto dos Police, de onde saímos a cantar ‘Walking On The Moon’, e as idas à praia com gente do nosso coração.

O tempo passou, mesmo muito tempo, mas a Céu nunca era sempre lembrada por mim nos encontros com a mana Maria: ‘Então, como está a mana?’… Que sim, tudo bem, continua a produzir trabalhos na sua área do direito e sempre, sempre a estudar.

De braço dado comigo, a Maria enterneceu-me: ‘Ela gostava muito de ti’. Em soluços balbuciei: ‘E eu também…’. Perdi uma amiga de um tempo irrecuperável, porque a morte é irreparável. Com ela, partiram mais alguns passos da minha vida. O país perdeu uma notável académica que deixou uma relevante obra, contributo de grande importância sobre o direito e a medicina.

Há tantos anos que não a via, mas as saudades são a memória do coração. Está cá tudo guardado para memória futura. Beijinhos às manas, e saudades da dona Julieta que amanhã vai ter companhia na sua terra natal. Um dia voltarei a abraçar a Maria, mas com o sorriso aberto do tempo em que as manas eram quatro”.

 

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: DR

 

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