5 perguntas a João Reis: «Estou longe de ser perfeito e de ser um exemplo a seguir»

João Reis prepara-se para assumir o papel de mediador dos nove episódios da nova série documental da RTP1. A temática? A tão preocupante sustentabilidade global.

18 Fev 2020 | 8:30
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Que futuro estamos a construir e em que estamos a transformar o nosso planeta? A série Planeta A vai tentar dar resposta a esta questão. Resultante de um protocolo assinado pela RTP e a Fundação Calouste Gulbenkian, esta produção documental vai focar-se nas problemáticas urgentes e emergentes da sustentabilidade global. Com uma particularidade: sempre na ótica de Portugal.

A mediar os nove episódios, cada um com 50 minutos e idealizados sempre numa base científica, estará João Reis, que se estreia, assim, neste género televisivo. Em entrevista à TV 7 Dias, o ator e agora narrador fala sobre a tão diabolizada sustentabilidade do planeta Terra, mas a uma escala menor e pessoa.

Foca-se, portanto no dia-a-dia. No seu e no dos seus filhos – dois da anterior relação com a atriz Joana Seixas e dois do atual casamento com a apresentadora Catarina Furtado. A conversa termina a falar de Greta Thunberg, o rosto que, desde o ano passado, mais espelha estas preocupações numa dimensão global.

Produzida pela Até ao Fim do Mundo e com Jorge Pelicano como coordenador de realização, Planeta A ainda não conhece uma data de estreia.

 

TV 7 Dias – Como encarou o convite? É uma estreia nesta função, certo?

João Reis – Sim, completamente. É uma estreia absoluta. Encarei o convite com muito agrado e como um enorme desafio, como não podia deixar de ser. É um outro registo do ponto de vista da comunicação mas em que obviamente me vou sustentar a partir da minha experiência como ator, na tentativa de criar empatia e fazer a ponte entre os vários interlocutores.

Fez parte ativa da produção desta série documental?

Sim, tive algumas conversas com a equipa responsável pelo projeto, de forma a poder tirar partido da minha função como mediador. De certa forma, isso corresponde à necessidade de ir ao encontro das pessoas e dos temas abordados, de um modo simples, humano, acessível e com o objetivo de pôr as pessoas a pensar sobre as matérias em análise. Vamos tentar mostrar o que está mal e o que pode e deve ser mudado, com exemplos práticos e com testemunhos, mas sem nenhuma espécie de imposição ou julgamento moral.

Esta série documental foca-se numa problemática cada vez mais presente no quotidiano dos portugueses. Esse crescendo também foi acontecendo consigo?

São temas que estão obviamente na ordem do dia porque deles depende a sustentabilidade do planeta e do nosso futuro. Tudo o que é abordado na série documental tem cruzamentos e consequências de natureza diversa. As alterações climáticas, por razões que iremos perceber, têm implicações a nível político, económico, ecológico, social e comportamental. É como um enorme puzzle que se vai construindo ou reconstruindo por força da ação do homem e, consequentemente, da natureza. O meu comportamento sempre foi, de certa forma, regado por algumas regras que tento aplicar no dia-a-dia. Algumas são mais demoradas e difíceis mas tenho a certeza de que, depois desta série, estarei muito melhor preparado.

Tem a preocupação de passar esses ensinamentos aos seus filhos?

Como pai, tento passar-lhes valores e conhecimentos que os deixem pelo menos a pensar e a reagir às adversidades do mundo e do ser humano. Mas estou longe de ser perfeito e de ser sequer um exemplo a seguir. Dou o meu melhor, mas há uma procura que tem de ser deles.

Muito recentemente, Greta Thunberg ajudou a isso.

A Greta Thunberg teve um enorme impacto nas gerações mais novas e isso deve ser aproveitado. Custa-me, por isso, entender os críticos em relação aos efeitos de contaminação provocados pelas suas ações e palavras. Os jovens, com a quantidade de informação que hoje têm ao seu dispor, tendem a navegar pela superfície das coisas e a dispersar-se frequentemente. É, por isso, necessário investir forte na educação e na sensibilização mesmo que para tal isso implique muitas vezes um espírito de militância e sacrifício.

 

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Texto: Dúlio Silva; Fotografias: Pedro Pina/RTP e Arquivo Impala
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